Paraíba

JORNALISMO INVESTIGATIVO

Artigo | Por que precisamos saber quem é Glenn Greenwald?

Jornalista atuou no The Guardian e venceu o Prêmio Pullitzer, em 2014, sobre os escândalos de espionagem dos EUA

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Reprodução
Reprodução - Jornalista americano Glenn Greenwald.

Você certamente tem acompanhado o desenrolar das conversas vazadas com os membros da Lava Jato.

Se não está, deveria.

Só recapitulando, no dia 9/06, num domingo como outro qualquer, o site The InterceptBR divulgou trechos de conversas feitas pelo aplicativo de mensagens Telegram entre membros da Lava Jato, incluindo o então juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol.

Desde então, o Brasil ferve. Na última quarta-feira (19/06), o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, prestou “esclarecimentos” na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. As aspas são propositais. Moro apenas repetiu o mantra: “Eu não me recordo daquelas mensagens. Mas pode ter havido. Eu não lembro, mas pode ser que eu tenha escrito. Mas foram adulteradas. Só que não tem nada de ilícito nas mensagens que eu não sei se escrevi”. Patético.

Só que ele falou mais. Mais mentiras. Numa dessas, afirmou não ter interferido na composição da bancada que iria interrogar o presidente Lula. Só que não foi bem o que aconteceu. Moro sugeriu, e foi prontamente atendido, substituir a procuradora Laura Tessler. Esse novo trecho, divulgado na noite de quinta-feira (20/06) pelo The InterceptBR, comprovam que Moro mentiu no Senado.

O trabalho que o site vem realizando já entrou para a história do jornalismo investigativo do país. Mas não é a primeira vez que o Glenn Greenwald faz história.

Um dos três fundadores do The Intercept, Greenwald já atuou no The Guardian e colaborou com a reportagem que venceu o Prêmio Pullitzer em 2014, sobre os escândalos da Agência de Segurança Nacional – EUA, vazados por Edward Snowden. Essa foi a primeira vitória do tradicional Guardian no prêmio que é considerado o mais importante do mundo na área jornalística. Pela mesma reportagem, Greenwald foi o primeiro estrangeiro a vencer o Prêmio Esso de Excelência em Reportagens Investigativas no Brasil.

Foi após a divulgação da NSA que surgiu o The Intercept, o mesmo possui uma edição internacional e uma edição brasileira – que surgiu durante o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff. Greenwald se divide entre os Estados Unidos e o Brasil, onde é casado com o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ). Além de jornalista, é advogado constitucionalista e autor de quatro livros entre os mais vendidos do New York Times na seção de política e direito.

Para Greenwald, o #VazaJato abala as estruturas do judiciário brasileiro. “O arquivo fornecido por nossa fonte sobre o Brasil é um dos maiores da história do jornalismo. Ele contém segredos explosivos em chats, áudios, vídeos, fotos e documentos sobre Deltan Dallagnol e Sérgio Moro e muitas facções poderosas. Nossas reportagens acabaram de começar”, publicou em seu Twitter.

E chega a ser vergonhoso o tratamento que Glenn, um dos jornalistas mais respeitados do mundo, vem recebendo de certos setores da mídia e do telespectador Homer Simpson: como se ele fosse um apresentador de TV policialesco de província, sem credibilidade, sem conteúdo e sem capacidade cognitiva.

O mais interessante e impressionante dessa história toda, é que um jornalista norte-americano e gay pode ser a ruína de um presidente declaradamente homofóbico e ao mesmo tempo, ferrenho admirador dos Estados Unidos.

*Jornalista e colaborada do BdF - PB

Edição: Heloisa de Sousa