O Brasil é, atualmente, o campeão mundial no uso de agrotóxicos. O governo de Jair Bolsonaro trabalha diligentemente para acelerar a liberação de mais pesticidas sobre os alimentos brasileiros. Uma alternativa primordial contra este absurdo são as feiras agroecológicas, que levam alimentos sem veneno para os lares paraibanos. Oriundos da Reforma Agrária, os assentados produzem alimentos orgânicos e comercializam em feiras próprias espalhadas na capital e em algumas cidades do estado. Veja horários e locais das feiras no final da matéria.
A ideia da produção e comercialização dos alimentos agroecológicos partiu da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que desde 1997 desenvolve estratégias para enfrentar os problemas de escoamento dos produtos da agricultura familiar, advindas dessas áreas de assentamento. Inicialmente, A CPT agiu junto aos agricultores da região de Sapé; depois, estendeu-se para outras regiões do estado. Segundo Luiz Damásio, o Luizinho do assentamento Padre Gino, coordenador da CPT, o principal problema que identificavam era a dependência de atravessadores na hora da venda. “A gente produzia e não tinha onde vender; vendia para os atravessadores e eles levavam 50%. Aí a gente se organizou e decidimos montar um espaço onde a gente pudesse comercializar os nossos produtos. Depois de seis feiras nós paramos e descobrimos que nosso maior problema não era a comercialização, mas sim a produção. A nossa produção não tinha diversificação; nós só tínhamos três, quatro produtos. Uma feira não sobrevive assim. Ela precisa de uma diversificação para que os consumidores venham e realizem seu desejo de compra”, relata Luizinho.Feira da UFPB - Foto: Thais Peregrino
Na Paraíba já são mais de 50 feiras agroecológicas que comercializam verduras e legumes, e até algumas criações como galinha e bode, com a prática de agricultura sustentável, socioambiental e saudável, tanto para quem consome, como para quem produz. Uma Rede Paraibana de Agroecologia, de articulação permanente, foi criada para continuar a expansão da agroecologia no estado.
“A boa qualidade dos produtos satisfaz muito os clientes. Também, depois que passei a produzir orgânico, é cem por cento de saúde na minha casa”, enfatiza Dona Cida que comercializa seus produtos na Feira da Ecovárzea, todas as sextas-feiras, na Universidade Federal da Paraíba. Esta é a feira agroecológica mais antiga de João Pessoa e conta com freguesia certa todas as sextas-feiras de manhã na UFPB.
Muitos agricultores da reforma agrária, assim como D. Cida, têm provado que é possível garantir renda e saúde através das experiências de produção sem veneno. “Nesta feira eu consigo muito mais do que um salário mínimo. Aqui não vendo apenas produtos, vendo saúde para a minha família e para os fregueses’’, garante seu Zizo, agricultor do Assentamento Padre Gino e integrante da feira da UFPB.D. Cida - Feira da Ecovárzea - UFPB. Foto: Thais Peregrino
Feiras espalhadas pela Paraíba
A partir da experiência dos agricultores da Ecovárzea, outras áreas de assentamento se organizaram e montaram suas Associações e Cooperativas. Novas Feiras foram criadas em João Pessoa como a Feira da Ecosul, que funciona todos os sábados de manhã no bairro do Bessa. Na capital, existem cerca de seis feiras orgânicas atualmente. Há, também, nas cidades de Remígio, Cajazeiras, Campina Grande, dentre outras. Os feirantes se organizam em circuitos e feiras regionais por todo o estado.
Paulo Adissi, professor aposentado da UFPB e pesquisador sobre o uso de agrotóxicos na agricultura, fala dos riscos: “Boa parte dos agrotóxicos foram desenvolvidos para matar gente, depois adaptados para matar insetos. Isso faz com que os riscos dos agrotóxicos estejam sempre presentes nos seus usos, afetando trabalhadores, meio ambiente e consumidores”. Ele comenta ainda que, no Brasil, as pesquisas, fiscalizações e monitoramento do uso de venenos na agricultura são bastante insuficientes. “As indústrias de agrotóxico se defendem colocando prescrições quase impossíveis de serem feitas pelos pequenos produtores, que não têm as condições de fazer as dosagens que as indústrias propõem. Todos os anos morrem pessoas com identificação de contaminação por agrotóxico, outros ficam inválidos, e muitos morrem sem saber que foi por conta de agrotóxico. Quando têm câncer, não se consegue provar que foi por terem respirado agrotóxico, ou porque se ingeriu um alimento cheio de agrotóxicos”, explica o pesquisador.
Só na última segunda-feira (24), o Ministério da Agricultura, liberou mais de 42 defensivos agrícolas, totalizando 211 agrotóxicos despejados no mercado. Dos 42 aprovados esta semana, 23 são considerados altamente ou muito perigosos para o meio ambiente e 18 são extremamente tóxicos para a saúde humana.
Confira os dias e locais das principais feiras agroecológicas no estado da Paraíba.
João Pessoa
Feira Agroecológica Ecovárzea. UFPB, todas as sextas-feiras, das 4h às 12h.
Feira Agroecológica Ecosul. Avenida Argemiro de Figueiredo, Bairro do Bessa, todos os sábados, das 5h às 9h. - Estacionamento da Igreja Católica SuperboxBrasil.
Feira Agroecológica. próximo ao Shopping Sebrae, Bairro dos Estados, todas as quartas-feiras, das 13h às 17h.
Feira Equilíbrio do Ser. Rua Sérgio Guerra, Bairro dos Bancários, quinzenal, das 5h as 12h. Porém, mês de julho acontecerá nos seguintes dias: 03, 10, 17, 24, 31.
Feira do Restaurante Oca. Avenida Almirante Barroso, 303, Centro, todas as terças-feiras, das 7h às 14h.
Feira do Restaurante Marioca, todas as quartas-feiras das 7h às 11h . (B. Altiplano)
Feira Ponto de Cem Réis - Quinzenal - nas terças a partir das 11h - julho dias: 02, 09, 16, 23, 30
Feira Varadouro, em frente ao Banco do Brasil, às quartas-feiras, a partir das 8h da manhã
Campina Grande
No Museu do Algodão. Bairro do Catolé, todas as sextas-feiras, das 4h às 9h.
Remígio
No centro da cidade, todas as sextas-feiras, das 5h às 11h.
Cajazeiras
Praça Cristiano Cartaxo, todas as sextas-feiras de manhã.
Lagoa Seca
No Mercado do Produtor, todas as sextas-feiras, das 5h às 11h.
Edição: Cida Alves