No início desse ano de 2019, 20 de janeiro, fui entrevistar um dos componentes do projeto O Nordeste é o Topo, Adrezão GDS, que iria se apresentar num evento de rap que ia rolar no Quintal 40, localizada na avenida Cabo Branco, número 3440. Uma casa grande e bonita que ia de uma ponta a outra do quarteirão. Nesta casa funcionava o estúdio de Paulo Carneiro, mais conhecido como Paulo Bala, que iria se apresentar, neste dia, com o grupo Poeta Dizem.
Terminei a entrevista e fiquei dando um tempo na casa e conhecendo a galera. De repente, chega um coroa de calção surfista e mergulha na piscina bem de boa. Andrezão me diz: esse daí é o Paulo Bala.
O cara era respeitado por toda galera que estava lá, alguns conhecidos em comum, como o Grupo Menestreis MC’s e o produtor cultural Pitota. Fiquei intrigado comigo mesmo: poxa vida, como é que eu não conheço esse cara?
Fiquei para o show, vi as apresentações, me despedi da galera e fui embora de carona. Mas fiquei com aquilo: Como é que eu não conhecia o Paulo Bala?
Trocando um ideia com Wagner Spagnul ele me disse: Poxa vida, eu conheço o Paulo das antigas, ele era do surf, trampava com pranchas. Caramba, faz um tempão que eu não o vejo.
Os meses se passaram e neste São João, fui para o show de Cabruêra e Os Fulanos, no Ponto de Cem Réis, dia 24 de junho. O Paulo estava lá. Vi-o passando rapidamente, mas não deu para falar com ele. Perdi a chance de me despedir!
Nesta sexta feira, dia 05, por volta das 23h, o surfista, músico e produtor cultural faleceu. Segundo informações, Paulo estava em seu estúdio trabalhando, quando passou mal e não resistiu a uma parada cardiorespiratória.
Peter Fé, do Menestréis MC’s, relata que “bem antes de conhecer ele na música rap, ele já tinha um grupo de rap rock chamado Esquadrão 38 (a gente está na mira), onde os compositores que deram início a banda, foi ele e, também finado, Pablo Scobá Dub, que era também mais um guerreiro do bairro de Mangabeira... ele já tinha uma bagagem na cena do rock, antes mesmo da cena do rap. Paulo Bala também tinha uma galera do surf, por ele também ser sufista.” Peter conta ainda que o Paulo “era um grande incentivador da galera que estava começando. Vários artistas, não só no rap, que estavam começando... frequentavam o estúdio dele... colando em algum ensaio... fazendo algum tipo de contribuição...”.
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SH Torres diz que Paulo Bala “adquiriu respeito pelo fato de ser uma pessoa acolhedora e humilde, ajudou muita gente... tem várias produções, várias músicas para serem lançadas. Vou lutar com unhas e dentes para levar o seu legado aonde quer eu vá. Paulo Bala era meu pai...”
O velório será neste domingo, dia 07, das 9 horas às 16 horas, na Central de velórios São João Batista, que fica localizada na rua João Bernardo de Albuquerque - n° 135, Tambiá, em João Pessoa.
* Colaborador do Jornal Brasil de Fato Paraíba
Edição: Heloisa de Sousa