O Movimento de Mulheres Negras na Paraíba realiza a 21ª edição do “25 de Julho - Dia Internacional das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe”, que também é o dia nacional de Tereza de Benguela. Com o tema Mulheres Negras pelo Bem Viver: Afrontando o racismo, por um nordeste livre! O evento está com uma vasta programação durante todo o mês, que vai desde atendimento psicológico em atenção às mulheres negras, até torneio esportivo, roda de diálogos e cortejo de Mulheres do afrobatuque. A realização é do: Movimento de Mulheres Negras; Julho das Pretas; Bamidelê; NEABI/CCHLA/UFPB; Abayomi; Fórum de Mulheres UFPB; Articulação de mulheres brasileiras; Grupo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais - Maria Quitéria; Coletivo Sementes de Marielle; Articulação de negras jovens feministas; Sindicato das trabalhadoras domésticas de João Pessoa; Coletivo Pachamamá e projetos de extensão da UFPB; Rede de Mulheres Negras do Nordeste.
Segue a programação detalhada - Agenda Afro-feminista 2019
-Apoio Psicológico para Mulheres Negras - todos os sábados do mês de Julho - local Clínica Pleno Ser. Inscrições (83) 98144-0803 ou 987848089 whatsapp
-Torneio de futsal contra o Racismo e a LBTfobia com mulheres do cárcere. As mulheres que quiserem participar do Torneio deverão ligar para Marli Soares. A data e o horário ainda estão para ser definidos. Contato - Marli Soares (83)99992-3565.
-06/07 - Fórum Estadual de Mulheres Negras Petistas - das 9h às 14h na sede do PT - evento já realizado
-11/07 - Cine Feminista às 15h, no CCHLA/UFPB - o evento faz parte de um projeto de extensão. Na ocasião serão exibidos um documentário na temática de mulheres negras, e depois abrir para o debate com a presença de uma facilitadora.
-13/07- Feijoada Solidária Tributo a Marielle 40 Anos – o evento vai acontecer a partir do meio-dia no Centro Cultural Espaço Mundo - Praça Antenor Navarro Varadouro. É uma realização do Coletivo Sementes de Marielle e irá contar com a apresentação do Tuna Duo - grupo carioca de samba recém chegado em João Pessoa. A feijoada, junto com o ingressos, custa 15 reais e a ação tem o propósito de arrecadar fundos para o Tributo a Marielle que acontecerá no dia 27 de julho.
-14/07- Se Afrochegue - Vem prosear contra o fascismo e racismo - O evento acontece às 10 horas na Avenida Redenção, 684 - Ilha do Bispo. É um encontro das Mulheres da Articulação de Mulheres Brasileiras e o Sindicato das Trabalhadoras Domésticas.
-17/07 - Mulheres Negras em Pauta: a produção do conhecimento na UFPB – a partir das 14 horas - Campus IV UFPB. Esta é uma realização de Fórum de Mulheres da UFPB e visa reunir as mulheres negras pesquisadoras da temática afrodescendente e realizar uma roda de diálogo para socializar esses conhecimentos. O evento acontece no dia 17, às 14 horas na UFPB Campus IV e no dia 29 das 8h às 18 horas no auditório CCSA do Campus I.
-20/07 - Uyelê das Pretas - nesta 2ª edição haverá uma Roda de Conversa para entrelaçar os temas de classe/raça/gênero/ sexualidade e discutir a importância da interseccionalidade das lutas. São convidadas mulheres pretas artistas, rappers, poetas, graffiteiras, MC’s, DJ’s e produtoras, mulheres que fazem um enfrentamento político-cultural através de suas expressões artísticas.
-22/07 -Exposição coletiva "Ináyá Luz - Mãe" – a exposição reúne o trabalho artístico de mães fotógrafas da cena cultural paraibana e pernambucana - Sob a curadoria da professora de fotografia Agda Aquino,. Estão expondo: Carine Fiúza, Juliana Terra, Ni Fernandes e Priscila Bhurdas. Das 8h às 21h na Biblioteca Central da UFPB - até o dia 23 de Agosto.
23/07 - Recontando as Nossas Histórias – este será um momento de homenagear as mulheres negras mais antigas, as mulheres que fizeram parte da história de lutas das mulheres negras.Sob proposição da Abayomi – coletiva de Mulheres Negras da Paraíba, e acontece das 18h às 22h no auditório do Sintesp/UFPB.
24/07 - Leituras Feministas Bell Hooks e o livro Feminismo é Para Todo Mundo - começando às 14 horas na sala 513 - CCHLA/UFPB, o evento faz parte de um coletivo que discute todos os meses um livro, e no mês de julho, será este livro na temática da população negra.
24/07 - Cine debate 25 de julho às 15 horas na UFPB Campus IV - Rio Tinto. na ocasião será exibido o documentário Quatro Meninas - uma história real, e depois abre para o debate.
25/07 - Cortejo de Mulheres Negras - em seu segundo ano de atuação, o cortejo fará um convite especial prévio às mulheres feirantes do Mercado Central de João Pessoa, além de fazer um chamamento aos grupos de batuque feminino da capital para uma grande celebração da cultura negra. A partir das 7h da manhã, com concentração no Mercado Central de João Pessoa - ao lado da Floricultura Moça Flor.
27/07 - Tributo a Marielle 40 anos - O tributo acontece na data em que a vereadora Marielle Franco faria 40 anos se não tivesse sido assassinada no Rio de Janeiro. Sua morte, ainda não desvendada, tornou-se ícone de luta para as mulheres negras. No evento irão participar cerca de 25 artistas, dentre elas Tia Ciata e Pedro Osmar, além de grupos de maracatu, capoeira, hip hop, Slam da Resistência e uma Feira Preta no local. Das 13h às 21h, no Centro Cultural de Mangabeira.
29/07 - Mulheres Negras em Pauta - a produção do Conhecimento na UFPB - Esta é uma realização de Fórum de Mulheres da UFPB e visa reunir as mulheres negras pesquisadoras da temática afrodescendente e realizar uma roda de diálogo para socializar esses conhecimentos. O evento ocorre das 8h às 12h e das 14 às 18h no auditório do CCSA - Campus I/UFPB
14/08 - Audiência Pública sobre as mulheres negras - promoção da Vereadora Sandra Marrocos - Câmara Municipal de João Pessoa
23/08 - Audiência Pública sobre as mulheres negras – na Assembléia Legislativa da Paraíba - propositura da Deputada Estela Bezerra
Equipe de Comunicação do Movimento de Mulheres negras lança cards diários com a programação atualizada e homenagens às mulheres negras da história. - card de divulgação
Evento das mulheres negras petistas (2019) - Foto: Arquivo Pessoal
Mulheres Negras pelo Bem Viver: Afrontando o racismo, por um nordeste livre!
Segundo Hildevânia Macedo, da Articulação de Mulheres Brasileiras-AMB /Paraíba, o 25J deste ano centra o debate na preocupação com o retrocesso nos direitos: “Diante desta conjuntura de retrocessos de direitos, sabemos o quanto a população negra sentirá ainda mais os impactos deste governo fascista, racista e misógino. Sabemos que há um projeto de genocídio da população negra que se comprova pelo pacote anticrime lançado por Bolsonaro e Sérgio Moro, onde a população negra continuará sendo o alvo principal”, reflete Hildevânia, que continua a denunciar: “80 tiros será legitimado e naturalizado de forma explícita se esse pacote for aprovado. Nós sabemos que já existe uma seletividade escancarada nessa sociedade onde se diz quem deve viver e quem deve morrer”, complementa.
Hildevânia Macedo - Foto: Arquivo Pessoal
Em junho deste ano, foi publicado o mais recente Atlas da da Violência no país (2019). Os dados, compilados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), trazem o índice de 4.936 assassinatos de mulheres em 2017, uma média de 13 homicídios por dia, o maior número em uma década. A maior parte desta hecatombe diária contra as mulheres, são as negras (cerca de 66%) mortas por armas de fogo - em boa parte dos casos, dentro de casa. Os dados também mostraram que, em 10 anos, a taxa de mortes de mulheres negras subiu, enquanto a de não negras vêm caindo.
O Instituto Patrícia Galvão afirma no seu Dossiê do Feminicídio, usando a hashtag #InvisibilidadeMata: “Os indicadores sociais brasileiros, quando avaliados na perspectiva das mulheres negras, revelam um contexto de desigualdades que potencializam o risco de vida, prejudicam o acesso à justiça e a outros serviços que devem ser garantidos pelo Estado, e reforçam caminhos de desvalor de vidas.” Ainda segundo o Atlas, Cerca de 91% das pessoas assassinadas na PB em 2017 eram negras. 1.227 negros foram vítimas de homicídio naquele ano mostrando que a chance de um negro ser morto é 6,6 vezes maior que um não negro no estado.
Os passos do 25J na Paraíba
A data alusiva ao 25 de Julho - Dia Internacional das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe foi estabelecida em 1992, a partir de um encontro das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, na República Dominicana. Segundo Terlúcia Silva, da Bamidelê - Organização de Mulheres negras na Paraíba, em 1998 aconteceu a primeira ação alusiva à data no estado, realizadas principalmente por três ativistas do movimento negro: Mazé (AL) e Efu Nyaki (Tanzânia) Solange Rocha (PB). Essas ações, segundo Terlúcia, eram eventos pequenos, muito mais de debates, e muitas vezes nas casas das pessoas, onde faziam uma celebração, com elementos africanos.Terlúcia Silva - Foto: Arquivo Pessoal
“Em 2001 a Bamidelê foi fundada por Efu Nyaki, Masé e Solange Rocha, com link na articulação nacional de mulheres negras e, a partir daí, a organização assume o 25J como data fundamental de ação das mulheres negras. Então a nossa intenção é fazer a inclusão do 25j no calendário de luta dos movimentos sociais. Em 2005, na sétima edição, foi a primeira vez que o 25J foi para a rua, e de lá para cá, vem fazendo campanhas e fortalecendo a data na capital e em algumas cidades do estado”, conta Terlúcia Silva.
A agenda de ações é atualizada todos os dias com novas atividades nas redes sociais: face/MOVDEMULHERESNEGRASNAPB/Evento do dia 25 de julho na Paraíba - Foto: Arquivo Pessoal
Bamidelê recebendo Diploma Ednalva Bezerra das mãos da vereadora Sandra Marrocos (2018)Com Luciana de Sousa, Marli Soares, Lourdes Teixeira, Fátima Mana Sousa, Vania Fonseca Neta de Curandeiro, Rebeca Gomes, Hildevânia Macêdo, Vanessa Gomes e Jadiele Berto. Foto: Arquivo Pessoal
Edição: Cida Alves