Paraíba

RESISTÊNCIA

Prefeitura suspende obras do Parque Sanhauá e volta a dialogar com Porto do Capim

Segundo o Ministério público, está garantida a permanência das pessoas na localidade

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Moradores do Porto do Capim durante protesto contra sua retirada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa.
Moradores do Porto do Capim durante protesto contra sua retirada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa. - Divulgação

A Prefeitura de João Pessoa procurou o Ministério Público para renegociar o Projeto do Parque Sanhauá com vistas à permanência das famílias na localidade. A comunidade Porto do Capim, que sofre desde março deste ano com ameaça de despejo devido ao Projeto do Parque Sanhauá, esteve reunida com o Ministério Público (MP) na noite desta quinta-feira (8) para receber a informação em primeira mão por parte do MP. 
Segundo José Godoy, Procurador da República - PB, a PMJP procurou o Ministério Público para conversar: “A prefeitura soltou uma nota e nos procurou com interesse de negociar a possibilidade das pessoas que pertencem à comunidade ficarem na região e construírem residência. Ainda vamos discutir a quantidade de famílias e outros detalhes, mas  a prefeitura já parou a parte da obra que gera intervenção nas moradias, que envolve a comunidade”, relatou o procurador. 
José Godoy (Foto Divulgação)
Godoy explica que, onde houver casas, haverá negociação, ou seja Vila Nassau, Praça Quinze e Porto do Capim. “Já tivemos uma primeira reunião com a comunidade que se propôs a fazer uma reflexão sobre essa questões, sobre quais seriam as condições  que ela acha que são relevantes para a negociação, e creio que na próxima semana já teremos mais informações sobre isso”, disse ele.
A Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) lançou uma nota no site oficial ainda na quarta-feira (07): “Após reunião de várias secretarias envolvidas na construção do Parque Sanhauá, a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) definiu nesta quarta-feira (07) dialogar com o Ministério Público Federal (MPF) para esclarecimentos a respeito do projeto. Outra decisão foi a de retardar o início das obras relativas à área que atinge diretamente a Vila Nassau até que sejam concluídas as tratativas com o MPF. No entanto, as obras de empraçamento e calçadas nas proximidades da CBTU, que melhoram a mobilidade e o aspecto urbanístico da região, serão mantidas”.
Segundo Raissa Holanda, uma das lideranças da luta do Porto do Capim, a comunidade vê com desconfiança a proposta: “A reunião aconteceu ontem no Ministério Público Federal, juntamente com a Defensoria Pública, o Ministério Público e a comunidade, e lá, tivemos a proposta de voltar o diálogo com a prefeitura, mas a gente ainda não decidiu essa questão porque é preciso analisar, até porque já fomos passados a perna uma vez quando a prefeitura abandonou um diálogo de cinco anos, e a gente fica meio que ainda refletindo sobre essa questão. E a proposta é de que os nossos desejos agora sejam atendidos, pelo menos assim foi o que o procurador disse, que a gestão falou que eles vão nos ouvir e tentar fazer o projeto de acordo com as nossas demandas também”, comentou Raissa. 
Raissa Holanda (Foto: Divulgação)
Ela conta que o projeto que se quer não é apenas de moradia, é mais amplo: “Principalmente a questão do território que, se for realocar que traga as famílias para dentro da comunidade”. 
A proposta é de que também atendam demandas como educação, saúde, construção de PSF na comunidade, construção de creches e escola.
Para Raissa, a resistência foi fundamental para a prefeitura reconsiderar o diálogo com a população: “A gente vê essa conversa com a prefeitura como um avanço porque, querendo ou não, foi a resistência que conseguiu chegar até aqui e fazer com que a prefeitura recuasse e notasse que o projeto, da forma como eles estavam querendo executar, não iria dar certo”, pondera Raissa. 
Na próxima semana a comunidade irá se reunir novamente com o Ministério público para apresentar suas demandas ante o Projeto do Parque Sanhauá. O Jornal Brasil de Fato continuará acompanhando de perto o caso.

 

Edição: Cida Alves