No último sábado, o coletivo Lis e a belo antifa realizaram uma roda de diálogo com o tema ‘O lugar da mulher no futebol’. O encontro ocorreu na quadra do colégio João Goulart, no bairro Castelo Branco, em João Pessoa.
“Acho que já era sem tempo. Eu gosto de futebol desde criança. Com 10 anos, 11, eu assistia jogo sem nenhum tipo de incentivo, pelo contrário, minha mãe não gostava que eu gostasse de futebol.”, conta Hévilla Wanderley, representante da belo antifa, torcida do Botafogo da Paraíba de viés antifascista .
Foi graças ao amor pelo futebol que ela fez jornalismo e seguiu acompanhando o esporte dessa vez de mias perto. Mas, mesmo assim existia a frustração de ver ainda aquele espaço dominado por homens. “ver isso acontecer, de as mulheres se interessarem por jogar, ver futebol, ir ao estádio, montar suas peladas, é extremamente instigante. O que é um grande passo pra outras lutas dentro do futebol”.
Ocupar as arquibancadas e os campos é apenas o primeiro passo rumo ao debate mais amplo, da real democratização do futebol, levanto a frente temas como criminalização de torcidas, violência policial, fascismo e antifascismo, futebol ‘moderno’, que vem elitizando a atmosfera dos estádios. Para o primeiro debate, a opção foi discutir o machismo levando em consideração toda a estrutura e não apenas o enfrentamento. “queremos debater construção de algo novo, valorização de algumas pequenas, mas importantes conquistas como esse aumento de mulheres no futebol, transmissão da copa do mundo de futebol feminino, etc”.
Entre as referências no futebol paraibano desde antes dessa onda feminista está a professora, e treinadora da equipe feminina do Botafogo, Gleide Costa. Convidada para participar do evento ela chegou a confirmar presença, mas precisou cancelar. Como a estreia da equipe no Campeonato Paraibano se aproxima, os treinos se intensificam e a treinadora precisou cancelar sua participação. Mas sua contribuição não foi esquecida.
“Acho que a Gleide é a maior referência mesmo. Não sei se o movimento já tem vários nomes porque é algo muito recente, e reivindicar o feminismo nas arquibancadas da forma como está sendo é recente. Óbvio que existem mulheres nas arquibancadas há tempos, dentro de Torcidas Organizadas, jogando futebol também. Mas acho que o grande nome é Gleide. Ela sempre foi uma andorinha só tentando fazer verão. Colocando nas costas projetos e arcando com dores de cabeça pra colocar o futebol do nosso estado pra frente”.
O exemplo do sucesso da última Copa do Mundo feminina de futebol com jogos transmitidos ao vivo em televisão aberta são um exemplo de que com incentivo o lugar da mulher no futebol é onde ela quiser. E nada mais justo que uma pelada para terminar esse primeiro encontro porque a mudança virá com o boca no trombone e a bola no pé.
Edição: Heloisa de Sousa