O curso regional de formação de formadores contra os agrotóxicos acontece de 23 e 29 de setembro no Centro de Formação Elizabeth e João Pedro Teixeira, município de Lagoa Seca. Trata-se da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e um conjunto de mais de 100 organizações no território nacional.
“A campanha foi criada há mais de oito anos e se configura em uma ampla rede de articulação entre organizações e movimentos sociais com objetivo de denunciar os impactos dos agrotóxicos e suas consequências na vida do povo brasileiro”, explica Jakeline Pivato, da coordenação nacional da Campanha.
Foto: Arquivo Pessoal
A atividade envolve 36 educandos e educandas, incluindo marisqueiras, quilombolas, camponeses/as, além de residentes em saúde.
A programação conta com discussões em torno dos impactos dos agrotóxicos na saúde e no meio ambiente, além das questões jurídicas que permeiam o tema. Também a socialização de vivências e práticas locais com o objetivo de apontar a agroecologia como uma saída possível.
De acordo com a médica e pesquisadora Ada Cristina Pontes Aguiar o curso é um espaço importante e necessário de formação e reflexão crítica sobre os principais desafios que estamos enfrentando no Brasil: “principalmente com aprofundamento no que diz respeito ao agronegócio, agrotóxicos e a agroecologia. As trocas e diálogos entre educandas/os oriundas/os de diferentes regiões do nordeste brasileiro possibilitam uma compreensão coletiva sobre a violência do agronegócio nos diversos territórios e a construção de articulações para o enfrentamento dessas violações de direitos e para o fortalecimento das lutas pela transição agroecológica.”
Foto: Arquivo Pessoal
Ada, que é Médica e pesquisadora da ABRASCO e do Núcleo Trabalho Meio Ambiente e Saúde (TRAMAS) da Universidade Federal do Ceará, tem um trabalho intenso de apontar os agravos crônicos à saúde associados a agrotóxicos na região, sobretudo no processo de fruticultura irrigada, que atualmente se configura como uma das principais atividades econômicas do nordeste.
Foto: Arquivo Pessoal
A participação do movimento das marisqueiras tem sido importante neste espaço pela condição do trabalho feminino na pesca artesanal e os impactos que o uso de veneno tem tido sobre essa atividade. Maria Juliene, do Movimento das Marisqueiras no Sergipe, afirma que a formação é importante para qualificar a prática das mulheres no enfrentamento ao agrotóxico: “A gente vai colocar em prática na nossa comunidade, que não pode usar veneno. É um aprendizado que levo para mim e as companheiras que estão lá.”
Foto: Arquivo Pessoal
Esta é a terceira reunião de formação da Campanha a partir das grandes regiões. O mesmo espaço já ocorreu no Centro Oeste e no Sul do país. O resultado desse processo irá contribuir para o planejamento e ações do próximo período, a partir dos relatos das vivências e dos trabalhos dos mais de 90 participantes até a etapa final em dezembro, que será em São Paulo. O objetivo principal é replicar e multiplicar formadores e organizadores da luta contra os agrotóxicos.
“O curso tem tido grande importância para o processo de articulação da campanha pelos territórios. Além de proporcionar, para quem participa, uma boa base teórica para ajudar na compreensão dos fundamentos históricos, políticos e econômicos que explicam o uso de agrotóxicos no Brasil, proporciona socializar uma ampla dimensão dos processos de luta e resistência existentes, e com isso, ampliar o campo de ação da campanha, dinamizando as ações e fortalecendo a luta em defesa da vida tendo a agroecologia como proposta única e viável para garantia da construção de uma sociedade socialmente justa, igualitária e, consequentemente, mais saudável”, explica Jakeline Pivato.
Edição: Cida Alves