A Parada Preta é uma alternativa à Parada LGBT tradicional. Ela surgiu para atender às demandas de representatividade dos corpos trans e negros que não são contemplados na maioria dos eventos regionais e nacionais de grande porte.
O evento acontecerá no domingo, dia 17 de novembro, às 16h, no estacionamento do Espaço Cultural José Lins do Rêgo e a entrada será gratuita.
As atrações serão Linn Da Quebrada, Jup Do Bairro, Bixarte, Phil, Traficante Celeste, Joaba, Felipa, Lovately, Thalessa, Acarajow, Passinho & David, Friday Manson e Lilit, alternando entre shows, performances e discotecagens.
O evento conta com o apoio da FUNESC, do MEL (Movimento do Espírito Lilás), do Axé do Mola, e do bar Saturna, que cediará o after da Parada.
Para compreender melhor como o evento se concretizou na cidade de João Pessoa, fomos conversar com Frankla Pei Pei, uma das idealizadoras e produtoras do evento.
“A Parada Preta começou a partir desse rolê da censura que aconteceu com Linn Da Quebrada, né? Ela foi censurada pelo teor político que a música dela carrega. Basicamente por que ela é uma artista trans e preta e a música dela tem palavrões e isso “não seria legal” ter na Parada LGBT. Ela ia ser contratada, eu tava no processo de contratação dela, já dentro da Parada que rolou em setembro, já estava tudo certo com a FUNJOPE e tal, e aí do nada a produção da Linn recebe um e-mail, dizendo que tinha sido cancelado o show. Só que isso tudo já tinha sido encaminhado, foi uma coisa bem do nada. Aí a produtora da Linn me ligou e perguntou o que aconteceu, aí foi quando eu consegui falar com o pessoal da FUNJOPE e eles disseram que era por causa do discurso político. E com a Bixarte a mesma coisa, ela foi censurada porque ela faz uma crítica muito grande ao governo, ao presidente, essas coisas", explicou Frankla Pei Pei
Segundo Frankla, a Parada Preta vem para preencher esse espaço com esse discurso e com essas pessoas. "Porque acredito que a principal justificativa implícita aí, é que são corpos trans e pretos, já que existe um histórico de pessoas cisgêneras e brancas se apresentando na Parada. Tanto que se olhar a line da Parada desse ano só tem pessoas brancas e cisgêneras, a atração principal foi uma menina hétero, cis, simpatizante só", desabafou.
A ideia de realização do evento se baseia em iniciativa semelhante adotada em São Paulo. "De início fui eu e a Hiura que estávamos infiltradas na Parada, ela é de São Paulo e lá já tem essa experiência de uma Parada Preta que surgiu pelas mesmas demandas, não de censura, mas de falta de representatividade desses corpos na Parada. A Hiura sugeriu essa construção de uma Parada alternativa, e aí a gente começou a pensar a partir dessa experiência que já tinha rolado em São Paulo na questão dessa Parada Preta aqui. E aí quando aconteceu a censura da Linn da Quebrada, foi assim, o auge pra isso ser criado. A gente pegou o momento que tava rolando e aproveitou a oportunidade pra fazer acontecer”, disse Frankla ao explicar o surgimento da Parada Preta em João Pessoa.
Edição: Heloisa de Sousa