A campanha de solidariedade Leite Fraterno deu início na manhã de hoje (15) à distribuição de leite para a população em situação de vulnerabilidade social. Numa parceria entre Ministério Público Federal, pequenos produtores da bacia leiteira da região do Cariri e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), foram doados quatro mil litros de leite para moradores de onze ocupações, cerca de 500 famílias da região metropolitana de João Pessoa e Campina Grande. O plano operacional é distribuir, também, para Bayeux, Santa Rita e Conde. O público alvo são: população de rua, catadores de material reciclável, profissionais do sexo, ambulantes, índios da Venezuela e moradores de comunidades e ocupações.
A campanha consiste em arrecadar doações em dinheiro para comprar o leite produzido pelos agricultores familiares. Cada caminhão tem capacidade de transportar 4 mil litros de leite que são comprados a R$ 3,00 o litro, totalizando R$ 12 mil reais por cada carga.
A atividade teve participação de militantes dos movimentos sociais como Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD), Marcha Mundial de Mulheres, Consulta Popular, Levante Popular da Juventude e Jornal Brasil de Fato, que foram cedinho de manhã ajudar a distribuir o leite nas comunidades. Importante destacar, também, o apoio da Justiça Federal na Paraíba (JFPB), Ministério Público do Trabalho (MPT-PRT13), Ministério Público da Paraíba (MPPB), Defensoria Pública da União (DPU), Defensoria Pública do Estado da Paraíba (DPE-PB), Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba, e Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Paraíba (OAB/PB).
Luana Caroline, do MTD, fala da importância da campanha: "O grande objetivo desta campanha é garantir que as pessoas mais pobres e que não têm acesso aos direitos sociais básicos consigam se manter em quarentena porque, desse modo, podemos garantir o combate a esse vírus que tanto atormenta a vida da população brasileira", comenta ela.
Marcos Freitas, coordenador do Jornal Brasil de Fato, fala da importância de participar de ações de solidariedade: “O Jornal Brasil de Fato tem um lado na sociedade, que é o lado popular, o lado do povo. Então, se é uma ação dos movimentos sociais para garantir que o povo tenha o direito a ficar em casa na quarentena, a gente estará lá somando nesta atividade porque também somos movimento”, afirma Marquinhos.
Edvânia P. da Silva, 42 anos, tem seis filhos, é da Comunidade do Papelão - Varadouro, e expressa gratidão pela entrega do leite: “Foi uma benção, graças a Deus, porque aqui tem muita criança e tava precisando, que Deus abençoe!”
Nas comunidades, transborda a solidariedade. É o caso de Josimary Rodrigues, da comunidade Ricardo Brindeiro, que ajudou a entregar o leite: “É muita gente que precisa, a comunidade recebeu cesta básica semana passada, e eu tô ajudando a entregar o leite porque tem muita criança aqui”.
Produtores em campanha
Hemetério Duarte (Seu Tetéto) é um dos produtores envolvidos na campanha: “Foi uma boa para a gente porque os produtores, hoje, estão sem ter onde colocar o leite por causa do coronavírus e ficaram sem ter onde vender o produto. Chegou mesmo na hora certa essa campanha”, comemora ele.
A coordenadora do MST na Paraíba, Dilei Schiochet, reafirma que a ação também tem o objetivo de apoiar os agricultores para que possam sobreviver nas pequenas propriedades e assentamentos, destacando que o segmento produz cerca de 70% de toda a alimentação que vai à mesa no Brasil. “Isto servirá para saciar a fome daqueles que precisam das periferias da cidade. Mas, tenhamos a certeza de que a pandemia está muito mais visível porque nós não democratizamos a terra no país; se tivéssemos feito a Reforma Agrária, as nossas cidades não estariam inchadas, sem emprego e sem alimento. Então a Reforma Agrária ainda é, e sempre será, a grande alternativa contra a concentração e os aglomerados de pessoas nas periferias da cidade”, destaca ela, e complementa parabenizando o compromisso do Ministério Público da Paraíba, através da pessoa de Godoy “que tem esse sentimento de que o humano e a vida está acima do poder do Capital. Então são pessoas que estão em espaços institucionais, que ocupam espaços importantes, mas que tem essa sensibilidade humana de defender a vida e de se colocar de corpo e alma na defesa dos pobres, periferias, prostitutas, atingidos por barragens, sem terra, sem nada, dos sem pátria!”, enfatiza.
O Procurador da República José Godoy reitera a importância das doações: “É importante destacar que, apesar de ter sido arrecadado pouco mais de oito mil reais, mesmo assim, os agricultores aceitaram mandar o primeiro caminhão. A campanha continua arrecadando recursos e brevemente completará doze mil reais, que é o valor do caminhão que está sendo distribuído hoje. Portanto, é imprescindível que as pessoas continuem a colaborar com a campanha”
Como participar
Para contribuir com a campanha Leite Fraterno, basta depositar qualquer valor na Conta Corrente nº 23.642 - X, da Casa do Criador, Agência nº 1654-3 do Banco do Brasil, CNPJ: 21.150.876/0001-70. Para maiores informações: Luana MTD (99959278) e Íris, da assessoria de comunicação do MPF (999190231).
Veja galeria de fotos da distribuição do leite:
Edição: Heloisa de Sousa