Há algum tempo em rodas de conversa, grupos de artistas e ativistas, as pessoas vêm se perguntando onde está Penha Cirandeira. Essa semana surgiu um questionamento nas redes sociais, no Instagram do grupo Folguedos da Paraíba (@folguedosparaibanos) sobre seu paradeiro. A mestra de Ciranda e Coco de Roda sumiu da cena paraibana há uns dez anos e ninguém consegue contactá-la.

A procura por Penha é, na realidade, uma parceria do Grupo de Estudos Coco de Roda Acauã e Coletivo Jaraguá, que muito apoiou o trabalho de Penha entre os anos de 2009 e 2010. 

Maria da Penha Anjos do Nascimento, conhecida popularmente como Penha Cirandeira, nasceu em Alagoa Grande e já morou em Sapé, tendo vindo para João Pessoa por volta dos anos 2000, onde transitou na periferia da cidade e pelos municípios vizinhos buscando formas de sobrevivência diferentes daquela em que tem maestria (Ciranda e Coco de Roda)

Foto: Andréa Gisele (@turbanteira )

Começou a brincar coco e ciranda com seu pai, José Francisco, e logo encantou a todos ao cantar e tocar magistralmente o zabumba nas brincadeiras que estava presente. 

“Penha brincou durante anos com o grande mestre Ciço, morador de Várzea Nova (Santa Rita), sendo lá, o local em que nós, do Grupo de Estudos Coco de Roda Acauã, tivemos a informação de que ela poderia ter ido embora da Paraíba para trabalhar no Rio de Janeiro. É de uma revolta gigantesca ver que Mestras como Penha não possam sobreviver da sua arte na Paraíba, tendo que passar pela pobreza, chegando ao nível de submeter-se a ir embora do seu estado natal para tentar a vida em outros lugares”, descreve o texto no Instagram.

Uma das últimas informações é de que Penha estava trabalhando como catadora de reciclagem em Santa Rita. Chegou a gravar pelo selo “Raízes da Alma”, o CD “Ciranda Raio de Sol” de Penha Cirandeira, uma organização do músico Adeildo Vieira e o professor Carmélio Reynaldo, em 2008.

 

Disco Penha Cirandeira - Ciranda Raio de Sol
 

Sobre Penha, Adeildo escreveu: “Toda essa história de vida é traduzida na crueza da sua voz, como uma foice cega capaz de cortar a cana que faz o melhor mel. Foice feita de aço que não quebra. A voz de Penha ecoa nos ouvidos da nossa existência nordestina. Uma existência bailada no coco de roda”.

O Grupo Folguedos da Paraíba clama: “Gostaríamos de saber como ela está, onde está vivendo e se ainda está viva. CASO ALGUÉM *TIVER ALGUMA INFORMAÇÃO, NOS AVISE, POR FAVOR! Queremos retomar o contato com essa grande Mestra do Coco de Roda e Ciranda da Paraíba”

Penha Cirandeira - Vídeo: Marcela Mucillo

 

 

 

 

Edição: Heloisa de Sousa