Ponto mais oriental das Américas, João Pessoa completa nesta quarta-feira (5) 435 anos de existência. A cidade é considerada a terceira mais velha do Brasil e um marco fundamental na genealogia da nação.
Os pessoenses sempre demonstraram grande felicidade e euforia por ocasião do aniversário da cidade, mas este ano a euforia se deu por outro assunto: a reabertura do comércio em plena pandemia.
João pessoa conta com mais de 21 mil casos confirmados e mais de 600 óbitos. O bairro de Mangabeira, na Zona Sul, tem o maior número de confirmações, com mais de 1,6 mil casos. Cristo Redentor, Valentina e Manaíra estão entre os cinco com mais notificações na cidade - (dados via PMJP - 04/07/20)
Após a reabertura do comércio no dia 13 de julho, em horário reduzido e com regra de distanciamento, a cidade registrou uma movimentação intensa e aglomeração de pessoas nos bairros de Mangabeira e centro da capital.
Além das ruas, feiras e estabelecimentos comerciais, bares, lanchonetes e restaurantes estão registrando grande aglomeração, inclusive sem uso de máscaras.
Desrespeitando decretos municipais em que o comércio só poderia atender pessoas com máscaras e com limite de pessoa a cada 10 m², disponibilizando álcool gel nos estabelecimentos, os shopping também foram flagrados com clientes sem o uso máscaras e em plena aglomeração, como informou o Procon da Paraíba.
O órgão também flagrou o consumo de alimentos nos corredores de Shopping . A fiscalização ocorreu entre os dias 13 e 17 de julho em 267 estabelecimentos comerciais.
A entidade obrigou alguns shoppings a retirar assentos localizados em corredores e praças de lazer para evitar ainda maior a aglomeração.
Em um shopping no centro da cidade verificou-se uma fila quilométrica na ocasião de reabertura do estabelecimento, e até um saxofonista foi contratado para recepcionar os clientes em clima de festa.
Na capital também houve competição de passinho no bairro do Valentina. A polícia militar foi acionada para dispersar a multidão, sem, no entanto, levar ninguém detido.
A Prefeitura de João Pessoa teve de ampliar os horários de ônibus para evitar maiores aglomerações no transporte, principalmente em linhas como a 116, os ônibus derivados de 300, 500 e 600, que ganharam mais viagens no período crítico, por exemplo, entre as 6h e 8h da manhã. De acordo com a determinação Municipal os veículos podem circular com todas as cadeiras ocupadas e mais 12 passageiros em pé.
Não há circulação de ônibus nos domingos e feriados e a integração temporal passou de 40 para 80 minutos com o objetivo de evitar aglomerações. Todos os passageiros são obrigados a usar máscaras e as empresas têm de disponibilizar álcool em gel perto das catracas.
“João Pessoa está dando exemplo de retomada segura e planejada das suas atividades. Com este Plano, iniciado oficialmente em 15 de junho, a cidade vem paulatinamente entrando neste ‘novo normal’ sem perder tudo que já conseguiu realizar desde março, quando foram tomadas as primeiras medidas de isolamento social”, afirmou o prefeito Luciano Cartaxo.
Quatro partidos de esquerda que assinam, nesta terça-feira (04) a “CARTA ABERTA AO POVO DE JOÃO PESSOA” discordam do prefeito: “A pandemia da Covid-19 já se transformou numa triste marca do nosso tempo. Só no Brasil são quase 100 mil mortos oficialmente. Aqui na Capital, a Prefeitura Municipal vem promovendo uma abertura precipitada de atividades econômicas, inclusive negligenciando as orientações de isolamento e distanciamento recomendadas pelas autoridades sanitárias internacionais. Esse quadro fica evidente quando não se coloca nas ruas a totalidade da frota de ônibus, impondo aos usuários aglomerações em ambiente fechado, que deveriam ser evitadas, gerando risco iminente de contaminação. Por isso, é urgente repensar o modelo de transporte coletivo até então praticado, que não garante segurança sanitária aos
usuários”.
Leia o documento assinado por: PCdoB – Partido Comunista do Brasil; Psol – Partido Socialismo e Liberdade; PT – Partido dos Trabalhadores; UP – Unidade Popular
- CARTA ABERTA AO POVO DE JOÃO PESSOA
Neste dia 05 de agosto, João Pessoa completa 435 anos de fundação. Na oportunidade, os partidos de esquerda que assinam esta mensagem reafirmam o compromisso em construir uma cidade melhor para o povo que nela vive. No esforço de identificarmos as pautas e reivindicações comuns que nos aproximam no momento, definimos alguns eixos centrais que gostaríamos de colocar para o debate público.
A pandemia da Covid-19 já se transformou numa triste marca do nosso tempo. Só no Brasil são quase 100 mil mortos oficialmente. Aqui na Capital, a Prefeitura Municipal vem promovendo uma abertura precipitada de atividades econômicas, inclusive negligenciando as orientações de isolamento e distanciamento recomendadas pelas autoridades sanitárias internacionais. Esse quadro fica evidente quando não se coloca nas ruas a totalidade da frota de ônibus, impondo aos usuários aglomerações em ambiente fechado, que deveriam ser evitadas, gerando risco iminente de contaminação. Por isso, é urgente repensar o modelo de transporte coletivo até então praticado, que não garante segurança sanitária aos usuários.
Nós, do campo progressista, reafirmamos a importância do SUS e de seus profissionais, que têm salvado a vida de milhares de brasileiros. Ao mesmo tempo, reivindicamos que a Prefeitura de João Pessoa pare de gastar milhões de reais todos os meses com publicidade e reverta este recurso para a atenção básica em saúde, especialmente nas periferias da cidade.
Na mesma linha, apresentamos nossa posição contrária ao projeto de privatização do sistema de saneamento básico no Brasil, dificultando ainda mais o acesso das populações mais vulneráveis à água potável, indispensável para o consumo e a higiene, evitando doenças como a própria Covid-19. Aqui na Paraíba, portanto, somos totalmente contrários às possibilidades de privatização da Cagepa ou de municipalização do serviço em João Pessoa.
Denunciamos ainda os casos de assédio moral que trabalhadoras e trabalhadores em geral vêm enfrentando neste período de pandemia, obrigados muitas vezes a trabalhar sob pena de serem demitidos, colocando suas vidas e de toda a coletividade em risco. Solidarizamo-nos com todos os servidores públicos municipais da Capital que também enfrentam esse absurdo constrangimento, sobretudo os profissionais da saúde e da educação.
Por fim, reiteramos nossa posição de que só é possível avançar para uma sociedade mais justa e igualitária com muito respeito à educação pública (profissionais, estudantes, pais/responsáveis), às liberdades democráticas conquistadas após a Ditadura Militar, combatendo o desmonte das políticas sociais no país, denunciando as práticas autoritárias e fascistas promovidas pelo presidente da República e seus aliados locais. Seguiremos juntos defendendo estas bandeiras para nossa cidade, nosso estado e nosso país.
Edição: Maria Franco