“O Povo Cuidando do Povo!”. É com esse lema que a campanha Mãos Fraternas inaugura uma nova etapa no mês de agosto. Iniciada em abril, através de uma parceria entre pequenos agricultores, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Ministério Público Federal, a campanha já doou 26 mil litros de leite e 30 toneladas de alimentos a famílias paraibanas em situação de vulnerabilidade social.
Ao longo do primeiro semestre outras organizações e movimentos populares também se somaram à campanha e a meta agora é formar agentes populares de saúde para atuar no enfrentamento à Covid-19 em periferias e áreas rurais das cidades de João Pessoa, Campina Grande e Patos.
Segundo Dilei Schiochet, da coordenação estadual do MST-PB, a proposta do curso de formação surge da percepção de que as comunidades pobres da região metropolitana e do interior têm sido as mais atingidas pela pandemia. Os principais motivos seriam a falta de recursos e a ausência de assistência por parte do poder público.
“O Povo Cuidando do Povo!”
“A gente começou a perceber que o povo não estava sendo cuidado. Então os agentes populares de saúde vem atender uma necessidade real e concreta das periferias e áreas das comunidades rurais. Nosso objetivo é formar e capacitar moradores dessas localidades para que tenham o mínimo de noção de como cuidar de seus vizinhos, como encaminhar essas pessoas que têm dificuldade de acesso ao sistema de saúde e ajudá-las para que não morram nas periferias”, explica a coordenadora.
Atividades presenciais e online
Para contemplar o maior número possível de pessoas e, ao mesmo tempo, zelar pela segurança e saúde dos participantes, o curso será oferecido gratuitamente e deve conjugar atividades presenciais e online.
Felipe Proenço, médico de família e comunidade e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), conta que o curso será dividido em três módulos: “O primeiro é sobre o que é o vírus, como ele se transmite e o que é importante fazer para se proteger. O segundo módulo orienta, a partir do momento que a pessoa tem sintomas, como ela deve proceder e como ela deve procurar o serviço de saúde. E o terceiro módulo faz a discussão de como a saúde é um conceito mais amplo e como ela depende da garantia de direitos como o direito à terra, à moradia, saneamento e à alimentação”.
Sobre a dinâmica do curso e o acompanhamento dos agentes durante a pandemia, Felipe ainda comenta que: “Haverá uma oferta virtual complementar que vai alternar o uso de vídeos com atividades e reuniões virtuais para que a gente possa conversar com quem está no processo de formação e eles contem como está sendo esse processo de se tornar um agente popular de saúde”.
Serviço permanente de atenção e cuidado
Embora o foco principal do curso seja o enfrentamento à Covid-19, a formação dos agentes populares de saúde pretende estabelecer uma espécie de serviço permanente de atenção e cuidado dentro das comunidades e periferias. De acordo com Dilei Schiochet: “Queremos que os agentes sejam pessoas que olhem os problemas do povo e que possamos, juntos, nos unirmos para ajudar a resolver os problemas do povo. Agora nós temos a covid, a dengue, mas também temos o problema do lixo, temos o problema da moradia, o problema da água. Não adianta a gente dizer ‘lave as mãos’ se as pessoas não têm acesso à água. Então é um processo de formação que nos leva a pensar sobre um processo de organização das periferias, de ajuda mútua entre os pobres. Por isso esse grande lema O povo cuidando do povo”.
O terceiro módulo faz a discussão de como a saúde é um conceito mais amplo e como ela depende da garantia de direitos como o direito à terra, à moradia, saneamento e à alimentação
A aula inaugural do curso de formação de agentes populares de saúde está prevista para a próxima quarta-feira, dia 12 de agosto, e contará com a participação da pesquisadora do departamento de Saúde Coletiva da Fiocruz, Paulette Cavalcanti, o secretário executivo de Gestão da Rede de Unidades de Saúde do Estado, Daniel Beltrammi e o médico e professor da UFPB, Felipe Proenço. A abertura do curso será transmitida ao vivo, às 18h, pelos canais da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) no YouTube e Facebook.
Edição: Maria Franco