A mestra de cultura popular paraibana Penha Cirandeira irá participar do ‘Fórum internacional Patrimônio cultural e identidades: entre tradição e inovação nas manifestações artísticas de culturas populares’ no dia 02 de setembro. Os encontros, que vêm sendo realizado toda segunda-feira, desde 29 de junho, é uma atividade de extensão produzido pelo Departamento de Música da Universidade Estadual de Maringá, e conta com a participação de palestrantes de cinco países latino-americanos: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México.
A participação no Fórum foi articulação de uma frente de pessoas ligadas à cultura popular na Paraíba que se reuniu para ajudar Penha diante da situação precária pela está vivendo desde que foi embora para o Rio de Janeiro.
Eu acho que ela é uma figura de um valor, de uma importância muito grande para a cultura popular brasileira, para o patrimônio cultural e imaterial brasileiro
A professora e coordenadora do Fórum, Andréia Veber, conta que já estava ciente da situação de Penha através de leitura da Reportagem do Jornal Brasil de fato Paraíba ‘Movimento cultural questiona: onde está Penha Cirandeira?’. “Foi uma grande coincidência porque um amigo da Paraíba me contou sobre a história da Penha na sexta-feira e na segunda eu fui contactada para entrar nessa história toda. E aí nós pensamos em como buscar espaços para que ela também possa ter esse reconhecimento enquanto artista e enquanto mestra de cultura popular”, explana ela.
Sessão especial para Penha Cirandeira
O grupo de trabalho do fórum decidiu incluir Penha numa sessão especial que ocorrerá no dia 02 de setembro, online. A ideia é ajudar o movimento e colaborar para levar o nome de Penha a um cenário nacional e até internacional: “Temos pessoas de cinco países participando do fórum. E esse circuito é o lugar dela de direito, um lugar que ela que jamais deveria ter saído - não sei se saído é a palavra - mas um lugar que ela jamais deveria ter sido apagada. Eu acho que ela é uma figura de um valor, de uma importância muito grande para a cultura popular, para o patrimônio cultural e imaterial brasileiro”, ressalta a professora.
Marcela Mucillo, Presidente do Coletivo Jaraguá, diz da satisfação pela acolhida de Penha no evento: “A gente fica feliz com a acolhida desse evento para divulgar a história de vida de Penha, a sua arte. E através de uma edição especial, é mais um potencial de ampliação dessa rede de apoio. A gente torce para que, a partir desse processo todo, possamos ressignificar toda a vida difícil que Penha passou nesse contexto de adversidade que ela sofreu”, pondera.
O Fórum tem como objetivo discutir patrimônio cultural na perspectiva da Educação Patrimonial e debater sobre patrimônio cultural imaterial e identidades na contemporaneidade, considerando os processos de tradição e inovação nas manifestações artísticas de culturas populares. O evento contará com a participação de palestrantes de cinco países latinoamericanos (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México) que farão as apresentações em seu idioma nativo. São 13 sessões realizadas nas segundas-feiras, das 20h às 22h, entre os dias 29 de junho a 28 de setembro de 2020.
Coletivo de cultura popular ajuda Penha
Através de divulgação nas redes sociais e matéria no jornal, Penha finalmente foi encontrada no Rio de Janeiro, morando com a família - após sete anos sumida. Na Paraíba, ela trabalhava como flanelinha e com reciclagem e no Rio de Janeiro continuou, mas após a pandemia isso não foi mais possível: a mestra de cultura popular foi encontrada em situação de pobreza e fome.
Um coletivo de cultura popular reuniu-se para ajudá-la. A frente é formada por grupos de cultura popular como o Coletivo Jaraguá e o Grupo de Estudos Coco de Roda Acauã, além de artistas, jornalistas, professores, pesquisadores, estudantes e brincantes da cultura popular. Uma série de ações foram encaminhadas para ajudar a transformar a realidade precária de Penha.
Uma Carta de Apresentação, assinada por muitos grupos, instituições, artistas e pesquisadores passou a circular em diversos espaços; foram realizadas algumas doações de cesta básica e ajuda espontânea em depósito para a conta de Brena, filha dela; uma rede de doadores comprometidos em realizar doações mensais até dezembro foi criada;
Ana Lúcia do coco de Gurugi/Ipiranga doou uma zabumba que em breve chegará nas mãos de Penha; uma rifa será lançada em breve com alguns instrumentos - Escurinho doou um pandeiro, Gláucia Lima, três bonecas abayomi e Victor (Victorama) um berimbau feito pelo mestre artesão e capoeirista, professor Tiririca;
Diversas rede de divulgação na Imprensa; divulgação acadêmica para eventos em Educação; Rede de apoio para buscas de documentos comprobatórios da atuação artística da Mestra Penha Cirandeira; Articulação e divulgação do trabalho artístico da Mestra Penha para sua volta aos palcos (virtuais, por enquanto e presenciais logo mais).
Marcela destaca o esforço para que Penha retorne a sua carreira: “Essa rede que se formou em apoio a Penha é pela melhoria da qualidade de vida dessa artista da cultura paraibana e em prol da retomada da sua carreira. A gente ficou muito satisfeitos em ver esse desdobramento da rede de apoio crescente e o quanto ela é potente, o poder de uma rede que se sensibiliza com todo esse valor que essa mulher carrega, seja no seu fazer, no seu cantar, na sua história de vida”, salienta ela.
Dia Municipal do Coco de Roda e da Ciranda
O dia 26 de julho foi aprovado como o Dia Municipal do Coco de Roda e da Ciranda na capital paraibana. A data é o dia à Nossa Senhora Sant’Ana, religiosidade com grande importância para a cultura popular. Para comemorar, vários grupos uniram-se para realizar uma festa de coco e ciranda online, a qual teve participação especial de Penha Cirandeira que reapareceu para a Paraíba após sete anos. Assista live (Penha aparece em 1h25min).
Edição: Maria Franco