Paraíba

DE MÃO BEIJADA

Bolsonaro assina decreto que entrega Forte de Cabedelo à iniciativa privada

Movimento cultural, entidades, associações, organizações e partidos políticos são contra a privatização

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Em junho, governo já havia anunciado a privatização, seguindo modelo de projeto português - Foto: Reprodução

A Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo (PB), foi incluída no no Programa de Parcerias e Investimentos da Presidência da República (PPI), através de um decreto assinado nesta terça-feira (18), pelo presidente Jair Bolsonaro.

Além da Fortaleza, também entrarão no edito o Forte Nossa Senhora dos Remédios, em Fernando de Noronha (PE), o Forte Orange, na Ilha de Itamaracá (PE), e a Fazenda Pau D`Alho, em São José do Barreiro (SP).

Veja também: Governo Federal anuncia privatização da Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo

Em nota, a Secretaria-Geral da Presidência da República informou que a concessão desses pontos turísticos à iniciativa privada, para sua exploração com fins comerciais, deve “promover a recuperação dos investimentos públicos realizados e o custeio da manutenção, além da preservação do patrimônio histórico e cultural nacional”. 

São tubarões que vão puxar para lado deles, empresarial, que visa lucros

E conclui: “a iniciativa proporcionará o aumento do fluxo turístico nacional e internacional com consequente benefício para as regiões, como a geração de emprego, renda e desenvolvimento socioeconômico, aumento da arrecadação de impostos e melhoria dos serviços prestados à comunidade local e aos visitantes”.

Segundo Osvaldo Carvalho, presidente da Fundação Fortaleza de Santa Catarina, esse decreto é uma decisão monocrática que vai fortalecer apenas a classe empresarial: “Não há visão pública, histórica, da identidade cultural de uma cidade, porque se eles vêm a gerir um patrimônio público desse porte, o interesse maior, claro, é ter lucros.”

Ele afirma que a questão da melhoria da estrutura fica em segundo plano e que isso acarretará em um custo maior para comunidade utilizar o espaço: “São tubarões que vão puxar para o lado deles, empresarial, que visa lucros. Claro que vão melhorar para ser atrativo, vão divulgar mais, mas o talvez as cobranças sejam maiores em relação ao acesso ao forte. Nesse caso a comunidade carente vai ter um acesso mais restrito”, pondera ele.

Por se tratar de um patrimônio histórico, o Forte de Cabedelo não pode fazer construções. Portanto, paira o questionamento sobre a utilidade de um monumento dessa natureza para a classe Empresarial: “Acredito que eles vão aumentar o valor da entrada e realizar grandes eventos, o que muda totalmente a sua característica atual”, ressalta Osvaldo.

 

 

Edição: Maria Franco