No dia 1 de setembro, José Alysson da Silva Andrade, de 25 anos, se dirigiu até a sede da empresa de telemarketing, LIQ, localizada no bairro de Mangabeira, em João Pessoa, para procurar informações sobre a rescisão de seu contrato de trabalho, onde desempenhava a função de atendente júnior na operação do produto Rappi.
A empresa pela qual trabalhou por 1 ano e 4 meses, demitiu Alysson no dia 3 de agosto alegando que não precisava mais de seus serviços e que passava por redução do quadro de funcionários. Ele estava trabalhando na modalidade de home office por conta da pandemia, sem nenhum prejuízo dos serviços prestados. “Estávamos trabalhando remotamente, no entanto, como os ônibus retornaram recentemente, nos colocaram (eu e minha colega também demitida) para retornar para a Operação na LIQ, apenas nós dois. Ocorreu até de no dia de domingo, que os ônibus de linha não estavam rodando, da supervisora querer mesmo assim que fôssemos para a empresa, mas não tínhamos como ir, nem como arcar com transporte particular para nos levar até lá na ida, já que a volta a LIQ tinha disponibilizado ônibus para nosso retorno à casa, mas para a ida não tinha opção. Por conta desse fato, uma das colaboradoras levou falta que vai ser descontada de seu salário, nesse caso, de sua rescisão”, desabafou.
Alysson disse que várias questões começaram a acontecer entre a empresa e os funcionários por conta desse período de pandemia, o que culminou com sua demissão e de mais uma outra colega.
“Eu sempre atingi minhas metas, meus resultados. Eu nunca tive problemas nenhum com supervisores, a gente sabe que dentro de uma operação de telemarketing, a gente tem as cobranças para atingir as metas. Eu nunca tive falta, nem atestado, muitas vezes fui trabalhar doente, resfriado, por medo de ser demitido e cobranças por questões de APS, mas isso nunca foi visto de forma positiva. Fiz coisas lá que não necessariamente eram minha função, porque gostava de trabalhar e queria crescer dentro da empresa, mas infelizmente ela não tem essa visão e têm pessoas que não fazem uma gestão adequada, não sabem se comportar com a equipe e normalmente eles não gostam de pessoas que sabem os seus direitos”, disse Alysson.
No dia da demissão, eles fizeram o exame demissional e foram informados que em alguns dias receberiam suas contas, no entanto, os recursos até agora não foram depositados. Por causa dessa situação, Alysson e sua colega, sem receber nenhum retorno da empresa quanto à rescisão do contrato de trabalho, tentaram contato com sua ex-supervisora, que lhes informou que entraria em contato com a gerência da empresa e retornaria, fato que não ocorreu. Eles tentaram novamente e foram orientados a procurar o RH da empresa por e-mail, o contato foi feito, mas sem obterem respostas.
Diante da situação em que se encontravam, estando sem dinheiro para pagar o aluguel esse mês e com as contas apertadas para ter acesso à alimentação, Alysson e sua colega fizeram uma tentativa e se dirigiram até a sede da LIQ para falarem diretamente com o setor de RH. Eles não foram atendidos pelo departamento e ainda tiveram que passar por um enorme constrangimento: a empresa chamou a polícia para os retirarem do local.
“Fomos tratados de forma insignificante, a única pessoa que estava no RH, no momento, disse por telefone para a pessoa que estava na recepção, que sentia muito, que não podia nos atender e nem poderia fazer nada pois o que estava acontecendo com a gente era em nível Brasil. Meu aluguel vai vencer agora dia 6 e eu vou pagar com quê? Vou fazer feira com o quê? Não nos atenderam e nem nos deram prazo de quando vão nos pagar. Eu trabalhei 1 ano e 4 meses na empresa e agora sou bandido? Nunca tive problemas com a polícia e agora por perguntar sobre um direito meu, tive que me explicar para a polícia? Foi uma humilhação para a gente, a gente tem fotos do fato, da polícia lá. A polícia foi super amigável com a gente, ela escutou a parte da empresa que disse que estávamos tumultuando o local por termos sido demitidos, e nos ouviu, entendeu nossa situação e nos orientou a procurar o Ministério do Trabalho para mover uma ação contra a empresa", explicou Alysson.
O constrangimento a Alysson e, sua colega demitida, aconteceu na recepção da LIQ, onde pessoas que chegavam para trabalhar se deparavam com a situação.
“Foi inadmissível, eu acho que uma empresa não deve tratar um colaborador ou um ex-colaborador dessa forma, foi uma vergonha muito grande”, desabafou.
Segundo Alysson, além desse constrangimento, durante o período que trabalhou na LIQ, várias funcionárias e funcionários se sentiam perseguidos, pois eram controlados em relação às idas ao banheiro e eram pressionados para não irem ao sanitário. “As mulheres eram as que mais sofriam nesse sentido. Isso mexia muito com nosso psicológico”, finalizou.
Procuramos a assessoria de impressa da LIQ e o setor de recursos humanos mas não obtivemos retorno.
Edição: Maria Franco