Na tarde desta terça-feira (22), os trabalhadores dos Correios da Paraíba, reunidos em assembleia realizada em frente ao COA – Complexo Operacional e Administrativo dos Correios, em João Pessoa, e com a participação on-line de trabalhadores de todo o estado, deliberaram, por unanimidade, pelo retorno ao trabalho a partir das 22 horas do mesmo dia.
Após acompanharem, na segunda-feira (21), o julgamento do dissídio coletivo do Tribunal Superior do Trabalho – TST, e observarem durante todo o processo de negociação que a direção nacional dos Correios mostrou intransigência em dialogar com a categoria, e se mantiveram firme na proposta de retirada das cláusulas previstas no último acordo coletivo que teria vigência até dia 31 de julho de 2021, viram um judiciário agindo como porta-voz dos Correios, compactuando com a retirada de direitos históricos da categoria.
"A decisão, muito embora traga um reajuste de 2,6%, não recompõe as perdas salariais com a inflação, não contempla a categoria porque mantém retirada de direitos, muitos conquistados há mais de 35 anos. Mesmo sendo registrado que houve uma proposta apresentada pelo Vice Presidente do TST de reeditar o dissidio de 2018 sem aumento salarial, proposta essa acatada pela categoria e rejeitada pela empresa", reitera a categoria
Na avaliação dos trabalhadores, esse resultado não os contempla pois irá causar empobrecimento dos trabalhadores frente às perdas salariais.
"Na decisão do TST, vimos uma demonstração clara de compactuação com a política do governo Bolsonaro, um ataque sem precedentes aos trabalhadores dos Correios, que terá reflexos nas demais categorias. A redução de 79 para 29 cláusulas, atingiu principalmente as mulheres que tiveram supressão de muitos de seus direitos; trabalhadores que têm filhos com necessidade especial perderam o direito de fazer o tratamento dos filhos. Essas 50 cláusulas usurpadas representam direitos que garantem a dignidade dos Ecetistas e de suas famílias. Todos aqueles que diziam respeito às cláusulas econômicas como o anuênio, 70% nas férias, adicional de 30% sob o salário base, etc. Foram mantidas apenas cláusulas sociais".
A categoria aponta que isolaram greve ao fazerem acordo com os bancários e com os petroleiros que tinham em mesa a mesma proposta apresentada aos trabalhadores dos Correios: "Com isso, abre-se caminho para privatização da empresa que tem mais de 357 anos de história, ao reduzirem direitos, tornando a empresa mais atrativa à venda. Entendemos que os Correios, estão sendo utilizados como laboratório de retirada de direitos para em seguida fazer o mesmo com os servidores públicos e demais estatais".
A greve durou 35 dias e, na avaliação dos trabalhadores, mostrou toda a força na organização dos trabalhadores e resistência aos ataques sistemáticos, tanto por parte do governo federal, quanto do judiciário.
"Conclamamos a todos os trabalhadores para se manterem unidos, vigilantes e prontos para as próximas batalhas que virão. Convocamos, também, os trabalhadores das demais categorias, os sindicatos e as centrais sindicais para organizarmos, imediatamente, uma greve geral de todas as categorias, em defesa do serviço público, contra as privatizações e pela luta por direitos. À luta companheiros!"
Edição: Maria Franco