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Fome, mentiras e descaso

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O Brasil atingiu nível recorde de pessoas vivendo em condições de miséria no ano passado, 13,537 milhões de brasileiros, contingente maior do que toda a população da Bolívia - Foto: Agência Brasil
O arroz está entre os que mais puxaram a queda na armazenagem e seu preço é absurdo

Sob mentiras, fome, violência e preconceitos, o Brasil vive o seu pior momento, seja nos aspectos sociais, ambientais ou econômicos. Esta afirmação é unânime entre pessoas que têm o mínimo de conhecimento político e histórico. Depois de ouvir e analisar o discurso tosco e mentiroso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), feito para a 75ª Assembleia-Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, o chanceler de Itamar Franco e Luiz Inácio Lula da Silva e ministro da Defesa de Dilma Rousseff, embaixador Celso Amorim, afirmou com todas as letras: "Eu nunca vi isso. Nem no governo militar, nem durante o pior momento da ditadura militar havia uma visão tão pouco compatível com a realidade brasileira”.

Afirmar em seu discurso que seu governo tem se preocupado com os crimes ambientais e que combate de forma séria a pandemia provocada pela Covid-19 no Brasil demonstra o desrespeito para com a população brasileira

Ele tem razão em afirmar isso. O número de pessoas economicamente ativas e que estão desempregadas só cresce e alcançou o alarmante número de quase 13 milhões de cidadãos. A quantidade de miseráveis se aproxima dos 15 milhões e o governo federal não tem projeto de enfrentamento ao desemprego e à fome. Ao contrário, a política de segurança alimentar de Bolsonaro não existe. Os estoques públicos brasileiros de alimentos tiveram uma redução de 96% na média anual, considerando variados tipos de grãos. Atualmente, o arroz está entre os que mais puxaram a queda na armazenagem e seu preço é absurdo de caro. Além dele, o feijão sumiu dos estoques. Enquanto isso, exportação de arroz bate recorde, ou seja, o presidente da República opta por matar seu povo de fome enquanto envia nossos grãos para outros países.

Em junho deste ano foram exportadas 316.175 toneladas de arroz (base casca), crescimento de 1.108% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Consultoria Cogo – Inteligência em Agronegócio, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). “Esse também é o maior volume mensal já exportado pelo país, superando dezembro de 2018, quando foram embarcados 287.104 toneladas”, informou a instituição aos meios de comunicação. 

A quantidade de miseráveis se aproxima dos 15 milhões e o governo federal não tem projeto de enfrentamento ao desemprego e à fome.

O massacre aos pobres e miseráveis, no Brasil, também alcança os povos indígenas. Em sua fala à ONU, Bolsonaro culpou caboclos, índios e Organizações não Governamentais (ONGs) pelas queimadas sem precedentes no Pantanal e outras áreas preservadas de mata. Contra mais essa mentira do presidente, organizações e movimentos sociais publicaram um documento em que contestam as afirmações proferidas por Bolsonaro, em seu brevíssimo e falacioso discurso. Assinam o texto 48 instituições.

“São evidentes as ações organizadas contra as populações amazônicas e sua floresta pelo atual governo, enquanto irresponsavelmente Bolsonaro tenta convencer o mundo de que os responsáveis pelos incêndios foram aqueles que mais defendem a floresta, expondo uma postura covarde e leviana. Uma atitude irresponsável do próprio presidente de criminalização dos povos indígenas e comunidades tradicionais. Afirmar em seu discurso que seu governo tem se preocupado com os crimes ambientais e que combate de forma séria a pandemia provocada pela Covid-19 no Brasil demonstra o desrespeito para com a população brasileira e uma enorme irresponsabilidade”, diz parte do texto assinado pelos representantes das instituições. 

Também preocupado com a situação, o PDT (Partido Democrático Trabalhista) entrou com pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) para que o presidente Jair Bolsonaro explique a acusação contra índios e caboclos. Enquanto isso, vamos para mais uma eleição municipal. Em quem você vai votar?

Edição: Cida Alves