A agroecologia entrou no rol de propostas de candidaturas na Paraíba. As políticas públicas voltadas para a agricultura familiar de base agroecológica, já presente na vida do campo em diversos polos no estado, vêm sendo contemplada nas campanhas de candidatos e coletivos eleitorais.
No agreste da Paraíba, por exemplo, juntaram-se cinco mulheres que há anos lutam pelo fortalecimento da produção de comida sem veneno no Polo da Borborema e que lançaram candidaturas a vereadoras na suas cidades. São elas: Maria do Céu Silva Batista de Santana (Solânea), Sidineia Camilo Bezerra (Remígio), Ana Paula Cândido (Remígio) , Lucicleide Dantas Santos (Queimadas), Rozileide Ferreira Gomes da Silva (São Sebastião de Lagoa de Roça) e Maria Celina dos Santos Silva (Casserengue).
As candidatas, que são representantes do Sindicato das Trabalhadoras Rurais dos seus municípios, encontram-se quinzenalmente para alinhar propostas e ações e fazerem as andanças de campanha – restritas e cautelosas em razão da pandemia de coronavírus – nas conversas sobre agroecologia com os moradores locais.
O território agroecológico do Polo do Borborema é formado por 13 sindicatos, em 13 municípios, e cerca de 200 associações.
Adriana Galvão, assessora técnica e representante do Polo da Borborema, otimiza: “É um ponto de partida importante para que a gente possa refletir sobre o papel da política, sobre o papel das mulheres nesse espaço, sobre o papel da agroecologia, de carregar as nossas pautas nessas visitas que elas começaram a fazer em campo”, explica ela.
Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) vem coordenando a campanha “Agroecologia nas Eleições”.
Afinado com a pauta, Marquinhos do Coletivo Nossa Voz, é um dos integrantes do grupo que lançou candidatura coletiva, este ano, na capital: “O Coletivo Nossa Voz defende a Agroecologia por entender que essa é uma forma de plantar alimentos de forma saudável e sadia, e que se alimentar através da agroecologia é também promover a sua saúde, a saúde do solo e a saúde do planeta”.
Flávia Londres, secretária-executiva da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) salienta que candidaturas voltadas à agroecologia abrem, sobretudo, a possibilidade de combater um problema estrutural grave: a insegurança alimentar.
“Com políticas que apoiem a agricultura familiar, estamos indo na raiz na promoção da segurança alimentar. É muito estratégico, muito importante, ter políticas que sejam voltadas para a produção sustentável de alimentos e para o abastecimento”, diz.
Ela ressalta que, embora muito do que pode ser feito passe pelo governo federal, as prefeituras têm papel importante na execução de políticas fundamentais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
A carta deve ser assinada e enviada para a ANA para ser publicadas nas redes sociais da entidade
“Estamos sofrendo um desmonte absoluto, é um momento em que a gente não tem interlocução com o governo federal. Então, mais do que nunca é importante disputarmos os poderes locais e colaborar, incentivar parcerias entre o Estado em todos os seus níveis”, convoca Flávia.
::Articulação Nacional pede compromisso de candidatos com políticas de agroecologia
Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) faz campanha nas eleições
Com o objetivo de promover debates sobre a importância de políticas públicas e programas municipais que apoiam a agroecologia e a agricultura familiar e a segurança alimentar e nutricional, a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) vem coordenando a campanha “Agroecologia nas Eleições”.
A entidade publicou uma carta com a síntese de uma pesquisa Nacional que realizou em todo o Brasil, na qual identificou 700 ações dos municípios voltadas para a agroecologia e segurança alimentar. O documento propõe a adesão das candidaturas à pauta da agroecologia.
“Diante desse cenário de corte e desestruturação das políticas federais para agricultura familiar e agroecologia, a carta surge no sentido de promover esse debate durante o processo eleitoral e também subsidiar ações dos poderes executivos nos municípios”, afirma Mirian Farias, que é consultora da pesquisa as eleições na Paraíba e conta que mais de 20 candidaturas já assinaram a carta. “Muitas pessoas já aderiram mas ficam com dificuldade de mandar imprimir nessa correria”.
Duas atividades de divulgação da carta na Paraíba já aconteceram. Uma com a prefeita e candidata à reeleição em Conde, Márcia Lucena (PSB), que fez uma live debatendo o tema da Agroecologia, e outra no dia 16/10, num encontro online com candidatos da região do Cariri.
Alguns candidatos/as que já assinaram na Paraíba são: Jô Oliveira (PCdoB - Campina Grande), Wilton Maia (PSB - Campina Grande), Edilson Rodrigues (PSDB - Boqueirão), Ítalo Duarte (PTB - Caturité).
O/a candidato que tiver interesse pode acessar a carta no endereço https://agroecologia.org.br/.
A carta deve ser assinada e enviada para a ANA para ser publicadas nas redes sociais da entidade. As organizações, sindicatos e sociedade civil terão acesso aos candidatos subscritos e, no futuro, poderão cobrar dos candidatos/as eleitos sobre a promessa de campanha em fortalecer as ações voltadas para o campo.
- Com informações de Erick Gimenes (Brasil de Fato | Brasília - DF)
Edição: Maria Franco