Nesta sexta-feira (13), a Praça da Bandeira, no Centro de Campina Grande, amanheceu mais colorida e solidária com a celebração de formatura das primeiras turmas de Agentes Populares de Saúde da cidade. Munidos de faixas, folhetos, máscaras, álcool em gel e mudas de plantas medicinais, os agentes passaram a manhã fazendo o que de melhor aprenderam ao longo das últimas semanas: conscientizar a população sobre os cuidados com o coronavírus e, acima de tudo, defender o direito à vida.
Para quem não conhece, os Agentes Populares de Saúde são voluntários que, durante a pandemia, tem assumido a responsabilidade de compor redes de solidariedade dentro dos próprios bairros e em comunidades onde faltam serviços básicos de saúde. Como eles mesmos dizem: “É o povo, cuidando do povo”. E foi sob este lema que, em praça pública, as equipes receberam seus certificados e, ao mesmo tempo, se manifestaram em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).
Para Flávia Mentor, professora de medicina da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e membro da comissão político-pedagógica do curso de formação dos Agentes Populares de Saúde, a decisão de transformar a formatura em um ato simbólico não poderia ser mais adequada e coerente: “Os Agentes Populares de Saúde vieram ocupar um espaço que infelizmente o poder público não ocupou: o de preparar a comunidade para se proteger diante desta pandemia que está ceifando tantas vidas. O ato de hoje foi um momento muito importante porque a gente conseguiu conversar com as pessoas sobre a importância do SUS, que é quem está conseguindo salvar milhares de vidas no país. Se não tivéssemos o SUS, provavelmente teríamos tido muito mais mortes.”
Ana Elisa Chaves, professora de enfermagem da UFCG acompanhou de perto as equipes de agentes formadas por pessoas em situação de rua. Uma experiência, segundo ela, repleta de trocas de conhecimento e solidariedade: “A participação deles foi o tempo todo muito ativa! Todos aprendemos muito porque atrás de cada vida tem uma história e muitas experiências. E hoje a gente encerra esse primeiro ciclo com esse momento histórico, um momento em que defendemos e afirmamos o valor de um dos maiores sistemas de saúde do mundo!”
Luciano da Silva é um dos agentes que participaram do ato. Morador do bairro do Pedregal e professor de artes marciais ele conta como pretende atuar na própria comunidade: “Trabalho diretamente com crianças e jovens. E começou uma certa pressão porque nós já estamos há quase um ano fora dos tatames. Agora pretendo transmitir esse conhecimento para as famílias que do meu projeto para sermos agentes de mudança e para que a gente entenda que é preciso se cuidar. Até porque não é só o corona. Existem várias outras doenças que a gente precisa se prevenir também”.
Assim como na primeira formatura de Agentes Populares de Saúde da Paraíba, realizada em Pedras de Fogo com a participação de turmas de assentamentos rurais, a cerimônia em Campina Grande foi encerrada com a doação de plantas medicinais.
Próximos passos
Embora recém-formadas, as primeiras turmas de agentes na Paraíba já estão chamando a atenção e a ideia é que o trabalho não pare por aí. Segundo Luciana Leandro, professora de educação da UFCG e também colaboradora do projeto, o objetivo é continuar com a formação de novas turmas e ampliar o número de comunidades cobertas pelos agentes: “Várias pessoas aqui na praça se interessaram e vieram manifestar apoio falando, inclusive, que querem participar de futuras turmas. Como a gente sabe que essa situação da pandemia infelizmente vai se prolongar – até porque o atual presidente não tem feito nada para conter o problema e, pelo contrário, só tem aproveitado a pandemia para aprofundar a sua agenda de retrocessos – a gente precisa permanecer nessa luta defendendo o povo”
“Queremos abrir novas turmas junto com o pessoal da saúde, principalmente com quem já é Agente Comunitário de Saúde, para fortalecer esse trabalho preventivo, e também com os profissionais da educação já que tem havido muita polêmica em torno da reabertura das escolas. Esse sentimento de cuidado que tem que estar em primeiro lugar. O cuidado com nossas crianças, jovens e com nossos trabalhadores, nosso povo que está na ativa”.
Edição: Cida Alves