Paraíba

QUEM MATOU ALPH?

Comunidade acadêmica e parentes fazem Ato de um ano do assassinato de Alph

Movimentos cobram por investigação e justiça no caso do assassinato do jovem

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
HOMAlph era uma das vozes mais ativas do movimento estudantil da UFPBReprodução / FotoS: @jeronimonneto / @thalleslibanio / #alphpresente - Foto

Nesta quarta-feira, dia 10, completou-se um ano do assassinato do jovem Cleiton Tomás, conhecido como Alph, estudante de filosofia, da UFPB. Ativistas e parentes fizeram um Ato em homenagem a ele na Praça da Alegria da UFPB, a qual renomearam de PDA - Praça do Alph.


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Em nota, o Ocupa Alph afirma que questiona um ano de silêncio em relação ao assassinato do estudante que era ligado ao movimento estudantil da UFPB e que denunciava irregularidades e perseguição por parte da segurança da instituição, em especial ao atual nomeado a superintendência desse órgão.

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“A investigação por parte da polícia permanece em sigilo e a comissão de acompanhamento do caso, criada no CONSUNI, foi dissolvida, lembrando que a antiga gestão, a de Margareth Diniz, não queria sequer criar essa comissão de acompanhamento”, disserta a nota.

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“Queremos saber por que a @ufpb.oficial insiste em não agir com rigor em relação ao assassinato de um estudante da sua instituição? Principalmente quando há um vídeo dele registrando a perseguição por parte da segurança patrimonial da UFPB e disse que "um dia desses esses caras vão dar cabo de mim". Por que a segurança patrimonial está mais preocupada em perguir o maior patrimônio dessa instituição ao invés de resguarda-la? Por que uma família encontra-se a UM ANO convivendo com a dor de não saber quem assassinou seu filho? Por que o caso não anda? Queremos respostas. Renomeamos simbolicamente a Praça da Alegria para Praça do Alph por saber que esse lugar foi palco de diversas mobilizações e debates políticos. Por ser uma praça do centro que Alph estudava e da sua ligação com o lugar. Alph Presente!”

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Ciro Caleb, do Levante Popular da Juventude comenta sobre a homenagem: “Nós temos um ano sem respostas, nós não sabemos quem matou o Alph, quem mandou matar, quais razões. Sabemos que ele vinha num processo de denúncias a respeito da segurança institucional da UFPB e aí isso acontece agora num cenário de intervenção, e não tivemos sequer uma preocupação por parte da administração central da UFPB, nem na gestão de Margarete e nem agora na gestão sob intervenção de Valdinei. Então o dia de ontem foi pra celebrar a memória e a trajetória de Alph, o pai e a mãe dele estavam presentes”

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Entenda o caso
    

No dia 29 de janeiro de 2019 o estudante Clayton Tomaz de Souza, conhecido como Alph, postou um vídeo em uma de suas redes sociais denunciando que estava sendo perseguido pela segurança privada que presta serviço a Universidade Federal da Paraiba (UFPB). Pouco mais de um ano depois seu corpo é encontrado com perfurações em Gramame, João Pessoa, depois de ter sido dado como desaparecido por mais de uma semana.


Foto: Reprodução/TV Cabo Branco / Foto

O estudante era uma das vozes mais ativas do movimento estudantil da UFPB e várias vezes denunciou perseguições que sofria por parte dos seguranças. “O fato é que a minha vida está em risco, hein galera. Qualquer hora dessas esses caras dão cabo de mim”, disse o estudante em uma rede social.

Desde o dia 06/02/2020 que Alph era dado como desaparecido. Foi no dia 8 que seu corpo foi encontrado pela Polícia
Segundo o delegado Alexandre Fernandes, da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil de João Pessoa, o responsável pelo caso, um laudo pericial de DNA que estava pendente foi concluído, mas as novidades do caso estão em sigilo para que se possa concluir o inquérito policial com mais chances de sucesso.

Alph era natural de Arcoverde (PE) e morava em João Pessoa desde 2014,onde cursava filosofia na UFPB. Estudante ativo, integrou o Centro Acadêmico do curso por três anos, assim como o Diretório Central dos Estudantes (DCE), o Conselho Superior Universitário (Consuni) e a comissão da revisão estatutária da UFPB (Estatuinte) pelo CCHLA (Centro de Ciências Humanas Letras e Artes).

Alph era um jovem extremamente combativo, engajado, que reivindicava a universidade como um espaço público, popular e cultural, exigindo uma mudança na política de segurança da UFPB. Com isso, ele começou a relatar perseguições, assim como denunciá-las de várias formas.

As denúncias, que começaram em 2016, já haviam sido encaminhadas ao Ministério Público Federal. No dossiê, foram relatadas violências físicas, psicológicas, racistas, de gênero e sexualidade cometidas por parte de funcionários terceirizados e servidores da UFPB a alunos da universidade, incluindo Alph. O documento foi assinado por 23 órgãos, entre comitês, centros acadêmicos e coletivos.

Ele seria ouvido pelo MPF, a respeito do procedimento aberto em setembro, quando desapareceu no dia 6 de fevereiro foi encontrado morto com um tiro na nuca no dia 8.

Uma comissão foi formada pelo Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) para acompanhar as investigações da morte de Alph porém ela foi dissolvida na pandemia.
 

Edição: Maria Franco