O Comitê Educacional em Defesa da Vida lançou, nesta quinta-feira (18), um manifesto unificado e protocolou pedidos de audiência em diversos setores do poder público. Representantes do SINTEP-PB, do Sintramb (Bayeux) e da CNTE estiveram no Palácio da Redenção, Assembleia Legislativa, Câmara dos Vereadores de João Pessoa, além dos Poderes Executivos Municipal e Estadual e Ministério Público do Trabalho para pedir abertura de diálogo entre as entidades de classe, os poderes e a sociedade civil sobre a proposta de retomada das atividades presenciais nas escolas da Paraíba, incluindo redes municipais e rede estadual.
O Comitê é uma frente de entidades sindicais com base de representação em mais de 50 municípios da Paraíba, além dos profissionais da Rede Estadual de Ensino e outras entidades, como CUT-PB, CNTE e Confetam.
“Lançamos um manifesto informando que somos contra esse retorno e também para fazer chamada às autoridades públicas a terem responsabilidade com a saúde da população e com os profissionais da educação. Já foram dezenas de profissionais da educação que faleceram em decorrência da covid este ano. Em João Pessoa, dois profissionais da rede de ensino que voltaram às atividades presenciais, também perderam suas vidas já este ano. Então, nossa movimentação é para que as autoridades tenham a responsabilidade com a saúde da população paraibana e não permita a volta às aulas presenciais nesse contexto de pandemia antes da vacinação dos profissionais da educação e da população em geral”, afirma Felipe Baunilha, integrante do Comitê pelo Sintep/PB.
O manifesto reafirma o compromisso dos profissionais com a educação, mas exige todas as garantias sanitárias para que se realizem atividades presenciais, especialmente a vacina.
Leia o manifesto na íntegra:
Retorno às aulas presenciais só com a vacina!
Entidades sindicais defendem vacinação de profissionais da educação
O ano de 2021 veio com um sentimento duplo: esperança e apreensão. Esperança pela expectativa da vacina contra a Covid-19, única forma que temos para controlar e combater o vírus que tem afetado drasticamente nossas vidas. Apreensão pelo fato de o governo federal não conseguir apresentar à população agilidade, competência e vontade política para que essa vacinação seja rápida e atinja toda a população.
Desde janeiro, foi noticiado o surgimento de uma nova variante do coronavírus em Manaus, cidade que conta hoje com 76% da população infectada e sofre com grave situação. Segundo especialistas, a nova variante P1 é mais contagiosa e, suspeita-se que pode furar a imunidade natural do corpo humano, adquirida por quem já teve Covid-19. De acordo com a Secretaria de Saúde da Paraíba, o estado já possui casos desta nova variante.
Esta variante já circula pelo país e é associada ao elevado número de contágios e mortes diárias pela Covid-19. As tristes cenas ocorridas em Manaus, com UTIs lotadas e falta de oxigênio, já são vistas em outros estados da Região Norte e serve de alerta para um possível cenário de sucessivos erros: aglomerações, locais sem ventilação, ausência do uso de máscara, falta de rastreio e testagem em massa da população, falta de vacinas para ampla cobertura.
Apesar desta situação e de todos os alertas de especialistas sobre a necessidade de manter as medidas sanitárias, há por parte do Governo da Paraíba a orientação de voltar às atividades presenciais nas escolas públicas sem o devido controle da pandemia e sem a vacinação da população, em especial dos profissionais da educação. É motivo de preocupação o recente decreto do governador João Azevedo autorizando o retorno de aulas presenciais, sem consultar os trabalhadores e trabalhadoras da educação.
Tal medida é anunciada logo após a Secretaria de Saúde da Paraíba tornar público o resultado do inquérito sorológico, que diz que a maior prevalência do vírus está entre a faixa etária de 0-11 anos, com 16,40%, seguido da faixa etária de 50-59 anos, com 10,5%. Este dado corrobora com alegações de especialistas que as crianças têm sido um vetor potencial do vírus, já que, em geral, não apresentam sintomas.
Os resultados deste estudo apontam que apenas 10% dos paraibanos entraram em contato com o vírus, o que nos revela que, até então, as medidas adotadas pelo Governo do Estado ajudaram a conter o número de contaminados. Por que então colocar profissionais da educação e toda a população em risco agora? Querem nos usar como cobaias? Logo no momento em que estamos mais próximos da vacinação.
Infelizmente, a realidade de infraestrutura nas escolas públicas do estado e dos municípios da Paraíba não garante condições de segurança sanitária. Há escolas que passam dias sem água potável, salas de aula com pouca ou nenhuma ventilação, só para citar alguns problemas. Nas grandes cidades os transportes públicos estão superlotados e são o principal meio utilizado por estudantes e profissionais da educação. As escolas são, por essência, um local de aglomeração. A própria pesquisa do Governo do Estado aponta um mínimo de 330 interações por dia em apenas uma turma.
A educação em tempos de pandemia também foi tratada com descaso, sem políticas públicas de inclusão digital que garantissem o acesso ao ensino não presencial. Essa situação é motivo de preocupação por parte dos trabalhadores e trabalhadoras da educação, que sabem da importância das escolas como espaços de socialização e desenvolvimento pedagógico de nossas crianças, adolescentes e adultos. Ao longo da pandemia, todos os educadores e educadoras se reinventaram, estudaram, criaram conteúdos pedagógicos e tiraram parte de seus salários para aquisição mínima de tecnologias e internet para, assim, terem uma boa interação com os estudantes e minimizarem as perdas.
Diante disso, as entidades sindicais subscritas reivindicam que os trabalhadores em educação só retornem às atividades presenciais, após a vacinação.
Continuaremos trabalhando de forma remota, pois sabemos da importância da interação com nossos estudantes, apesar das dificuldades encontradas. Estamos ansiosos para retornarmos às salas de aula – nosso principal local de encontro. Entretanto, temos responsabilidade com a vida do povo paraibano e sabemos que, se isso for feito agora, sem vacina, corremos o risco de haver um desastre na saúde pública da Paraíba e de termos mais mortes no nosso estado.
Em defesa da vida do povo paraibano!
Volta às aulas presenciais só com a vacinação dos profissionais da educação!
Assinam:
O COMITÊ EDUCACIONAL EM DEFESA DA VIDA é composto por: SINTEP-PB, CNTE, CUT-PB, CONFETAM, SINTRAMB, SINTEM-JP, SINTAB, SINDSERJ, Sind Mun Sertãozinho, SSPMRC, SINTRAMS, Sind Mun Salgado de São Félix, SINSEJA, SIMPUMMA, SINSPMI, SINTEMI, SINDMAR, SINSERCAP, SINSEMBAIA, SIMPUC, SINSERMAM, SINFUMC, SINTEEMP, Sind Mun de Lucena, Sind Mun de Araruna, SINTRAMS, SINSPM, Sin Mun de Itaporanga, SINFESA, SINTRAMU, Sind Mun Nazarezinho
Edição: Maria Franco