Mas um dia findará esse desdém. E o fraco enfrentará quem lhe oprime!
CAPITAL DA TORMENTA
(versos dedicados à população pessoense)
João Pessoa, onde o Sol tem apogeu,
E da América, as praias mais orientais,
Se desespera com plúmbeas nuvens tropicais
Se transformando na cidade da tormenta.
Quando o céu no horizonte se acinzenta
E o pessoense desperta para o seu dia
Já se prepara para horas de agonia
Que a urbe chuvosa experimenta.
O pobre pelas ruas se apresenta
Entre lama, esgoto e excremento.
Já o rico, em seu nobre apartamento,
Nem imagina as vielas em desordem.
O prefeito nem reage, nem dá ordem.
Faz de conta não saber do acontecido
E o povo segue, firme e esquecido,
A labuta da rotina que o convém.
Mas um dia findará esse desdém
E o fraco enfrentará quem lhe oprime
Uma tempestade de revolta ainda eclode
E a capital desta angustia se redime.
Arthur Guimarães é Sociólogo e Poeta.
Edição: Maria Franco