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Uma semana depois...

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Lula em discurso histórico no último dia 10, após recuperar seus direitos políticos. - Ricardo Stuckert
Petista passou a ser considerado um dos maiores articuladores na postulação de vacinas para o Brasil

O discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua repercutindo nos ambientes político, social, econômico e sanitário de todas as esferas federativas e internacionalmente. Depois de uma semana da fala do maior líder político vivo da história do Brasil, o mundo passou a enxergar nosso país como uma nação que pode retomar seu perfil democrático e de respeito aos direitos humanos e sociais. 

O discurso de Lula, além de deixar claro que ele será candidato em 2022, abalou as estruturas do desgoverno genocida instalado em Brasília. A família Bolsonaro está claramente fragilizada frente a uma derrota iminente nas urnas. Revelando total despreparo, “o gabinete do ódio” volta a ameaçar opositores, e Bolsonaro já foge dos debates, mais uma vez.

Se a eleição fosse hoje, Lula venceria Bolsonaro com quase 40% das intenções de votos, contra 33% de um presidente que nem partido tem e que desdenha da maior catástrofe sanitária de todos os tempos, responsável por quase 300.000 mortes de brasileiros e brasileiras em apenas um ano. Sabendo de sua queda, o homem que passou a ser chamado de genocida disse: “Lula não vai ficar elegível em 2022”. Essa declaração, com forte conotação de medo, foi feita aos seus apoiadores nas dependências do Palácio da Alvorada, quando Bolsonaro respondia a um dos seus simpatizantes. 

Lula ficou elegível após o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter anulado os julgamentos e condenações do ex-presidente realizados pela Justiça Federal de Curitiba. As ações penais foram encaminhadas para o Distrito Federal.

Contudo, o discurso de Lula transcende as fronteiras nacionais. O petista passou a ser considerado um dos maiores articuladores na postulação de vacinas para o Brasil e outros países. Em entrevista exclusiva concedida à CNN, nessa quarta-feira (17), Lula sugeriu ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que convoque uma reunião emergencial do G-20 para tratar da expansão da vacinação no mundo. "É importante convocar os maiores líderes do mundo e colocar sobre a mesa uma única coisa, um único assunto. Vacina, vacina e vacina", disse Lula à emissora.

Em âmbito nacional, Lula já montou uma estratégia junto a governadores e ex-presidentes da República, como Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Michel Temer (MDB). Com esses dois, Luiz Inácio pretende estabelecer uma frente na busca por influência internacional que possa ajudar o país a conseguir vacinas e insumos para a produção de imunizantes. 

Já com os estados, Lula escalou o governador do Piauí, Wellington Dias (PT). A ideia é que Dias, coordenador do consórcio de governadores do Nordeste, crie um espaço para o ex-presidente nas conversas com o PSDB e outros partidos do centro, na tentativa de expandir a produção de vacinas e sua distribuição. 

Desta forma, mesmo sem nenhum cargo eletivo, perseguido e injustiçado, Lula trabalha infinitamente mais no combate à pandemia da Covid-19 do que um presidente que passa o dia contando piadas para seus bajuladores e continua zombando das mortes sequenciais. Por isso, a Comissão Arns e a organização não-governamental Conectas denunciaram o governo de Jair Bolsonaro por “devastadora tragédia humanitária” durante intervenção no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra.

 

Fernando Patriota é jornalista.

Edição: Henrique Medeiros