Paraíba

SAMBA DAS MULHERES

Samba Se Ata lança ‘Quiçambas’, série de podcasts sobre as mulheres no samba

Grupo de samba formado por mulheres entrevista cantoras da capital e conversam sobre compositoras consagradas do gênero

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Grupo Samba Se Ata, de João Pessoa - PB - Foto: Isa Paula

O grupo Samba Se Ata está lançando um novo projeto, a partir desta terça-feira (13), visando a valorização feminina no samba. O programa, em formato de podcast, chama-se “Quiçambas memoráveis das mulheres compositoras”. 

Serão cinco episódios a cada dois dias, com o primeiro começando nesta terça-feira (13). O primeiro deles é sobre o Samba da Bahia e Samba de Terreiro, o trabalho das Ganhadeiras de Itapuã, Dona Dalva do Samba, e as convidadas para esta mais que inspiradora conversa são as artistas radicadas na Paraíba, Bruna Teixeira e Helô Uehara.


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"Por não estarmos nos encontrando para tocar, a gente ficava se encontrando para conversar sobre as compositoras de samba através de chamadas de vídeos. E conversávamos sobre discos, e então resolvemos pegar essa pesquisa e transformar em um projeto, através da Lei Aldir Blanc, e abordar o fato das mulheres do samba serem invisibilizadas dentro da história da música", conta Letícia Carvalho, uma das integrantes.


Grupo Samba Se Ata, de João Pessoa - PB / Foto: Arquivo

O podcast é produto da lei Aldir Blanc de emergência cultural, através da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) e será disponibilizado gratuitamente nas plataformas de áudio: Deezer, Spotify e Soundcloud. Cada programa conta com entrevistas exclusivas, com mediação revezada entre as integrantes do Samba Se Ata. 

As artistas paraibanas que irão participar dos cinco episódios são: Bruna Teixeira, Helô Uehara, Nara Santos, Polyana Resende, Ana Regina, Gláucia Lima, Cida Alves e Nathalia Bellar. Em cada um, será abordado um tema e uma ou duas compositoras, sua trajetória, biografia e contribuições musicais consagradas do samba, desde as matriarcas até as contemporâneas.

“As mulheres também qualificaram e deram voz de resistência ao som do samba como manifestação popular brasileira, mas esse patrimônio imaterial da cultura brasileira ainda é um segmento artístico priorizado e hegemonizado pelos homens, tanto nas referências históricas quanto na execução cultural”, disse Letícia Carvalho.

Para a integrante Jadsely Santos, a ideia do podcast é enaltecer a memória e relevância que as mulheres de samba detém no segmento da música, para além da posição de cantora e dançarina. “A gente quer mostrar com o histórico e a produção atual que esta linguagem artística também é espaço para as mulheres, fazendo girar a determinação de apenas um lugar para as mulheres na roda de samba”, comenta ela.

O podcast pretende fortalecer as vozes, histórias e músicas, não só das personagens abordadas e do próprio grupo Samba Se Ata, mas também das oito entrevistadas. 

“Queremos fortalecer os nomes de grupos e carreiras de sambistas mulheres e incentivar o aprendizado e desenvolvimento de musicistas, instrumentistas e compositoras para equalizar a participação das mulheres sambistas na cidade de João Pessoa enquanto opção de geração de renda e trabalho para todas as pessoas envolvidas nesta cena cultural pessoense”, afirma a integrante Suzany Silva.

Confira a programação de podcast do “Quiçambas memoráveis das mulheres compositoras”:

Episódio 1 – 13/04: Samba da Bahia e Samba de Terreiro

sobre Ganhadeiras de Itapuã e Dona Dalva

Entrevistadas: Bruna Teixeira e Helô Uehara


Episódio 2 – 15/04: Precursoras do Samba

sobre Tia Ciata, Clementina de Jesus e Dona Ivone Lara

Entrevistada: Nara Santos


Episódio 3 – 17/04: Roda de Samba

sobre Jovelina Pérola Negra e Teresa Cristina

Entrevistadas: Polyana Resende e Ana Regina


Episódio 4 – 19/04: Mulheres e Escola de Samba

sobre Beth Carvalho e Leci Brandão

Entrevistada: Gláucia Lima
 

O grupo Samba Se Ata

Samba Se Ata é formado por Bárbara, Bruna, Dora, Deyse, Jadsely, Letícia, Lívia, Suzany e Tessy. Mulheres negras, mães, lésbicas, bissexuais e heterossexuais, instrumentistas e compositoras. A banda ocupa a cena do samba pessoense, em corpo e escolha do repertório, com a intenção de romper a hegemonia masculina da cultura sambista.

“Nós queremos propor o protagonismo das mulheres nas rodas de samba públicas, coletivas e comunitárias”, comenta Bruna Teixeira.

O grupo, que antes se apresentava com o nome de Tia Ciata Samba Clube, em homenagem direta à matriarca do samba cuja história está intimamente ligada ao surgimento do samba carioca, teve início em 2016, numa reunião de amigas provenientes de vários lugares do país e que escolheram João Pessoa como morada.

Todas compartilham do mesmo amor pelo samba e a constante indignação causada pela ausência de mulheres nas rodas de samba enquanto protagonistas da musicalidade.

“Foi dos encontros de fim de semana, sempre com muito batuque e cantoria, que a gente desenvolveu o desejo de aprender mais sobre o samba, tanto histórica quanto tecnicamente e começasse a tocar publicamente”, lembra a cantora Tessy Priscila.

 

 

Edição: Heloisa de Sousa