O MST e a CPT protagonizam uma série de ações solidárias
Esta semana, recebi em minha caixa de e-mails dados de algumas pesquisas que chocam por seus resultados em relação à volta da fome e da miséria por todos os cantos do País. O descaso do atual governo genocida, responsável, diretamente, por uma das maiores crises socioeconômicas do Brasil, também é culpado pelas 450 mil mortes por Covid-19, até agora. Nesse contexto preocupante, o que nos remete a um sentimento de esperança, é a existência de instituições realmente preocupadas com as populações pobres e miseráveis, que têm tomado medidas sistemáticas, no sentido de mostrar que o povo ainda resiste e pode, por meio da solidariedade, amenizar os efeitos de um plano de extermínio da população imposto pelo atual presidente da República.
Com ações muito bem coordenadas e medidas eficazes, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Arquidiocese da Paraíba protagonizam uma série de ações solidárias, distribuindo dezenas de toneladas de alimentos, livre de agrotóxicos e fruto da agricultura familiar, nas comunidades carentes do meio urbano, nos mostrando que é possível codividir o pão e a esperança.
Uma recente pesquisa desenvolvida pelo Instituto Datafolha revela que um, em cada quatro brasileiros, afirma que, nos últimos meses da pandemia, não teve acesso à comida suficiente para alimentar sua família. O mesmo levantamento mostra que 88% dos entrevistados percebem que a fome tem tomado conta da população periférica. A mesma pesquisa evidencia que, a volta da fome e da miséria, afeta mais as mulheres, negros e pessoas com baixa escolaridade, sobretudo, da Região Nordeste. O Datafolha aponta, ainda, que falta comida para 40% dos que têm apenas o ensino fundamental completo e como resultado, voltamos a protagonizar a desnutrição de crianças, jovens e adultos, pois, 60% dos lares brasileiros se encontram, de alguma forma, em situação de insegurança alimentar.
Um levantamento feito em 2020 mostra que 19 milhões de brasileiros estão em situação grave em relação ao acesso à alimentação. Os dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar em Contexto de Covid indicam que 55,2% da população brasileira sofre alguma ameaça ao direito a alimentos. A situação mais severa atinge a mesma parcela vítima da extrema pobreza, principalmente mulheres chefes de família, pretas ou pardas, com baixa escolaridade e trabalho informal. O panorama é pior na área rural e nas regiões Norte e Nordeste e a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan) afirma que a crise sanitária espalhou a fome por todo o País.
Dentro deste quadro catastrófico, precisamos evidenciar a ação do MST-PB e da Comissão Pastoral da Terra. De acordo com Alan Kilson Fernandes, da Direção Estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra da Paraíba, desde o início da pandemia o movimento distribuiu mais de 32 toneladas de alimentos. Só na Região do Litoral, são mais de quatro mil marmitas por semana doada nas áreas de conflitos e nas cidades sede do município. “Em Campina Grande, junto com outros movimentos populares e sindicatos, ocupamos uma cozinha comunitária que estava fechada e estamos entregando 800 refeições por dia”, comentou Alan. Ele disse, também, que o dia 8 de março deste ano, Dia Internacional da Mulher, foi celebrado através de ações solidárias junto às mulheres em vulnerabilidade social e, também, foi feita uma doação coletiva de sangue dos membros do movimento, em todos os hemocentros da Paraíba. O entrevistado acrescenta que, somado a isso, foi construído agentes populares de Saúde em Campina Grande, Patos e nos acampamentos do MST no litoral.
Por sua vez, a Comissão Pastoral da Terra, desde março de 2020, tem se organizado, para mostrar que a agricultura familiar, é capaz de gestos de solidariedade, mobilizando e organizando campanhas de doação de alimentos para as famílias das cidades que, por consequência da pandemia perdem o emprego se encontrando, na maioria das vezes, sem renda para adquirir o básico. Neste sentido, a CPT, junto a outras organizações, como o Levante Popular da Juventude, a Marcha Mundial das Mulheres, a Recid, e a Ação Social Arquidiocesana, tem distribuído os produtos oriundos da agricultura familiar.
A Pastoral da Terra levou essas ações, também, nas cidades de Curral de Cima, Jacaraú e na comunidade de Barra de Antas, no Município de Sapé. Em março deste ano, a CPT também participou da ação solidaria desenvolvida no dia 8 de Março, arrecadando mais de oito toneladas de alimentos, que foram partilhadas com grupos de mulheres urbanas. No mesmo mês, a Comissão ainda contribuiu com mais seis toneladas de alimentos que beneficiaram áreas de conflito urbano.
Assim, podemos afirmar que as trabalhadoras e trabalhadores do campo estão mostrando o caminho da esperança e da solidariedade, com a partilha da produção da terra, do fruto do trabalho vindas de assentamento da Reforma Agraria. Só em setembro do ano passado, por exemplo, 21 toneladas de alimentos foram doadas no Hospital Padre Zé, nas Comunidades do Timbó (Bancários), da Santa Clara (Castelo Branco), e na Comunidade do Citex (Gesiel), todas localizadas em João Pessoa. No total, foram arrecadadas 58,5 toneladas que correspondem a cerca de 3.900 cestas básicas.
Já a equipe da CPT de Campina Grande, em pouco mais de um ano, conseguiu arrecadar e distribuir 10 toneladas para 440 famílias de 15 grupos de pessoas. O processo de trabalho foi dividido em cinco campanhas: “Repartir a Terra, Partilhar o Pão”; Juventude Brasil/Alemanha; Doação Solivida; “Mulheres Alimentando a Resistencia”; e Doação Projeto Recid para Mulheres”. As ações da Pastoral da Terra também alcançaram as cidades de Guarabira e Cajazeiras. Nos dois municípios, respectivamente, foram distribuídas 30 e 13 toneladas. Quase quatro mil famílias foram receberam as cestas básicas.
Viva o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que são exemplos de solidariedade, esperança a iniciativas concretas contra a fome, a miséria o desemprego e o desgoverno bolsonarista.
Edição: Heloisa de Sousa