Um dia para ficar marcado na história de lutas da Paraíba e do Brasil. Pessoas se arriscam em meio a uma pandemia para lutar por suas vidas, pelo direito de viver, e para dizerem um basta à irresponsabilidade governamental de Bolsonaro e seus apoiadores. Foi com essa energia que mulheres, homens, LGBT'S ocuparam as ruas para dizer Fora Bolsonaro e reivindicar vacinas, auxílio de, no mínimo, R$ 600 reais até o fim da pandemia, e exigir um fim à epidemia de fome e pobreza que assola o país. Por isso, vacina no braço e comida no prato foi um dos lemas levados pelos manifestantes.
Em João Pessoa, o ato foi organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo junto a diversos movimentos sociais e populares. A Frente Brasil Popular se concentrou no Liceu e desceu ao encontrou dos manifestantes que estavam na Lagoa. Por volta de 10 horas, os integrantes da FBP chegaram na Lagoa mandando o recado político: Comida, Vacina e Trabalho. Cada estandarte era uma fileira de pessoas que gritavam. Nas mãos de alguns, panelas vazias, nas de outras/outros, carteira de trabalho e seringas representando a esperança de vacina para todos.
Durante a caminhada do Liceu até a Lagoa, uma comissão de biossegurança distribuiu álcool em gel e máscaras PFF2 para as/os participantes. A agenda de denúncias contra o governo Bolsonaro também incluiu protestos contra o desemprego, cortes de verbas na educação, privatizações – especialmente as da Eletrobrás e Correios – e a “reforma” administrativa.
À frente de tudo isso, a razão que justifica a luta de trabalhadoras e trabalhadores por reforma agrária: o alimento agroecológico produzido pelo Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nos assentamentos da região do litoral.
Os carros com alimentos abriram o caminho, mostrando que a solidariedade está sendo a mola mestra da resistência da classe trabalhadora. Esses alimentos foram doados para pessoas em situação de pobreza do bairro São José.
Desde o início da pandemia, mais de 50 toneladas de alimentos vindos do MST e da Comissão Pastoral da Terra tiveram esse mesmo propósito: matar a fome de quem precisa.
O ato político-cultural que aconteceu na Lagoa, perto dos pontos de ônibus, marcou a luta do jeito que as brasileiras e brasileiros são na resistência de produzir arte e cultura. As apresentações ficaram por conta de Diego Nascimento - Poesia; Suzy Lopes; Yasmin Formiga; Quei Souto; Vitória Ohara; Nica Bezerra; Aniely; Batucada do Levante Popular da Juventude; Batucada da Marcha Mundial das Mulheres; Marquinhos e Titá Moura. Tudo realizado a partir da doação do trabalho e tempo das e dos artistas envolvidos.
O Fora Bolsonaro deu o tom à voz engasgada dos manifestantes que denunciam as mais de 457 mil mortes por Covid-19 no Brasil, enquanto o presidente chama a população, que está tão sofrida, para participar de passeios de moto, revelando o tom de desdém com as pandemias de coronavírus e de fome e desemprego por que passa o país.
Em Campina Grande, a concentração ocorreu na Praça da Bandeira às 9h30 e em Patos, em frente aos Correios a partir das 8h.
Edição: Heloisa de Sousa