Não se descarta mais o cenário de uma abreviação no tempo do governo através de um impeachment
As cenas da visita de Bolsonaro ontem ao Rio Grande do Norte demonstram que ele destrambelhou de vez. Não digo que o governo caiu, mas até parecem cenas de fim de governo, uma espécie de réquiem. Hoje à tarde, o depoimento dos irmãos Luis e Luis Ricardo Miranda, mais a leitura dos resultados da pesquisa, manchete de hoje, que alça Lula vitorioso em primeiro turno, devem provocar uma forte inflexão na conjuntura.
O impossível começa a se transformar em possível. Não se descarta mais o cenário de uma abreviação no tempo do governo através de um impeachment. Algumas pessoas acham que seria melhor deixar o governo sangrar. Trata-se uma visão imobilista e errada. Antes de tudo, a derrota “antecipada” do bolsonarismo impediria, na raiz, a solução “Capitólio”, que, no Brasil, seria muito mais barra pesada que nos Estados Unidos.
Por outro lado, não creio que a burguesia seja atraída, de imediato, pela solução de capitalismo popular do lulismo. É possível que, esvaziado, o governo caia por meio de um consenso, pelo alto, da grande burguesia, brasileira e imperialista, que começaria a apostar numa polarização entre Lula e um candidato de direita repaginado pelo slogan amorfo da “terceira via”, agora tornada primeira.
A situação exige que a bandeira do impeachment seja erguida com mais força ainda nas mobilizações de ruas. Precisamos de um 24J popular, democrático, antineoliberal e contra mais um tradicional acordo pelo alto na história brasileira.
Edição: Heloisa de Sousa