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É CIÊNCIA

Pesquisadores da UFPB avaliam a saúde mental por meio de aplicativo

A ferramenta "Neuropesquisa" está sendo disponibilizada de forma gratuita, na Play Store

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Aplicativo Neuropesquisa. - Secom UFPB

Pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento (PpgNeC) desenvolveram o software “Neuropesquisa”, um aplicativo que fornece medidas sobre a saúde mental do usuário, de acordo com o movimento das mãos no celular. O app foi criado pelo doutorando Danilo Andrade de Meneses, sob orientação do professor Luiz Carlos Serramo Lopez, no Laboratório de Ecologia Comportamental e Psicobiologia, do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN), no Campus I, em João Pessoa.

O software está disponível na Play Store, de forma gratuita, para o sistema Android. De acordo com o doutorando Danilo Meneses, a forma de digitar no smartphone pode demonstrar comportamentos depressivos, estressores ou oscilantes no parâmetro “humor”, o que pode contribuir para diagnósticos de depressão, ansiedade e transtorno bipolar.

A intenção dos pesquisadores é que o invento possa se tornar uma ferramenta de telemedicina. O professor Luiz Lopez contou que o aplicativo consegue oferecer informações sobre o estado de estresse do corpo de uma pessoa à distância.


Questionários Neuropesquisa. / Secom UFPB

“Para isso, usamos os próprios sensores do celular, que o usuário autoriza, antes de responder alguns questionários. O aparelho vai captando informações sobre como a pessoa está se sentindo naquele momento. Com isso, temos uma ideia, sobre o estado emocional daquele indivíduo”, explicou o docente.

Ao abrir o aplicativo, o usuário aciona os dados do acelerômetro e giroscópio, que ficam dentro do dispositivo móvel. Depois disso, ele vai preenchendo as perguntas e os movimentos que ele faz no celular são os dados de interesse da pesquisa.

“Será que pessoas muito estressadas movem o celular ou digitam de uma determinada forma? Será que pessoas depressivas movimentam o celular de outra maneira? Por meio do tempo de reação deles, vamos saber se esse movimento corresponde a tipos de informação emocional, como o estresse, depressão, ansiedade e criatividade”, explicou Danilo Meneses.

Ao finalizar, o software pergunta se, ao responder, o usuário estava em pé, sentado, ou em algum local em movimento. “A postura e a forma de caminhar também são sinais de comportamentos sociais. Se a pessoa responde no carro, isso pode interferir quando a gente for entender o movimento da pessoa no celular”, relatou Danilo.

A identificação de um padrão de comportamento por meio do uso frequente de um aparelho digital é chamado de fenótipo digital, que é uma característica própria do usuário. O fenótipo digital fala sobre características cognitivas de um indivíduo que são expressas no uso de máquinas digitais.

Para Luciana Nascimento, servidora pública que usou a tecnologia, o aplicativo feito pela UFPB é bem completo e as perguntas são de fácil compreensão. “Demanda um tempinho para preencher, mas acredito que seja para ter qualidade nos dados obtidos. Além disso, o ponto mais importante é que vai poder ajudar a pesquisa científica neste país”, disse.


Escala de depressão Neuropesquisa. / Secom UFPB

Com os resultados, os pesquisadores esperam contribuir para um futuro aplicativo que possa fornecer um diagnóstico introdutório. “Esperamos que as pessoas possam ter um parâmetro. Se a sua saúde mental aponta para um viés positivo ou negativo”, enfatizou o doutorando.

O app passou um ano para chegar à sua versão final, e até o momento conta com 71 downloads. Também participaram de seu desenvolvimento o professor Douglas Andrade, do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ), e Raymundo Martins, aluno da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFIC).

Durante a pandemia, o Laboratório de Ecologia Comportamental e Psicobiologia vem desenvolvendo meios para suprir a demanda por experimentos em neurociência cognitiva, com a captação de sinais psicofisiológicos de forma virtual.

No dia 26 de agosto, o laboratório vai oferecer o curso mindfulness e criatividade, de forma gratuita, por meio do perfil no Instagram: criatividade plena.

Como funciona

Ao entrar no aplicativo, o usuário gera um nome fictício e concorda com os termos para divulgação e participação. Em seguida, ele deve preencher o questionário sociodemográfico.

Em seguida o app oferece duas opções: ir para os questionários ou fornecer um depoimento. O botão do depoimento foi pensado como uma opção adicional, caso o usuário use o aplicativo pela primeira vez, ele só terá disponível o botão “questionários”, seguindo direto para as escalas (questionários).

As escalas colocadas no aplicativo foram: “abertura e experiência”, “criatividade”, “mindfulness”, “estresse, ansiedade e depressão” e “satisfação com a vida”. Elas estão divididas em 130 perguntas, curtas e de fáceis respostas.

“Precisamos de 200 pessoas para preencher a pesquisa e validar a escala de criatividade, pois não temos ela em português do Brasil. Como a criatividade é um fator importante para minha pesquisa, a gente está fazendo esse processo de validação”, destacou Danilo.

Fonte: Secom UFPB

Edição: Heloisa de Sousa