A América Latina é importantíssima na estratégia econômica, de defesa e segurança dos Estados Unidos
Atenção! As notícias dos acontecimentos multifacetados vindos de Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia sugerem uma primeira fase de ações coordenadas, ofensivas, mas também defensivas, de um plano de desestabilização, não apenas de governos, mas de regimes e movimentos populares na América Latina.
Trata-se, sem dúvida, de um movimento complexo - como complexa é a realidade -, pois, enquanto se desestabiliza o anel do núcleo duro do Bolivarianismo, por outro lado, no Peru, a liderança dos Estados Unidos já deixou claro o desapego a Keiko Fujimori, nem certamente essa mesma liderança apoiaria abertamente o “golpe” bonapartista de hospício de Bolsonaro no Brasil. Sairia muito feio na foto. Isso não significa qualquer simpatia ou alinhamento à esquerda, tão diferentes entre si, do Peru e do Brasil, ao neófito Pedro Castillo ou ao nosso experiente Lula.
Lembrem-se que ainda é uma primeira fase de uma nova política em uma configuração de relação de forças em processamento.
Métodos conhecidos na guerra fria, de sabotagem e jornalismo de guerra, são, via de regra, usados - inclusive, a propósito das emergentes manifestações brasileiras -, justapostos às novidades, nem tão novas assim, da guerra híbrida. No Brasil, parece contraditório, mas não é; a ideia é tanto de isolar os “radicais”, como de estimular os “falsos radicais”, apologistas de uma coreografia da violência banal, de maneira a criar um rótulo imagético de manifestações de nicho, em vez de um grande movimento democrático de massas.
As questões sociais agônicas do agravamento da pandemia, muitas das quais inevitáveis, em zonas geográficas sob bloqueio econômico ou muito empobrecidas, lawfare e desorganização de blocos regionais como o Mercosul são três entre outros móveis privilegiados de ação, agitação e propaganda. A espionagem, infiltração e tentativas de divisão de movimentos democráticos ascendentes nunca devem ser subestimados, especialmente (seria uma surpresa?) a possiblidade de recomposição, em uma nova escala, de forças neoliberais e neofascistas - inclusive, o estímulo à organização de novas forças políticas, dado o desgaste de velhos partidos neoliberais e algumas lideranças neofascistas mais recentes.
É preciso não cultivar alarmismos, sabendo que cada país e sub-região do continente tem sua história e dinâmica própria, mas sempre consciente que Ucrânia e Haiti são aqui e a América Latina é importantíssima na estratégia econômica, de defesa e segurança dos Estados Unidos, não é isso, James Monroe?
Edição: Heloisa de Sousa