Por Fabiano Gumier Costa*
Chamada por muitos nomes
A planta bem conhecida
Maconha é o principal
Por Cannabis há torcida
Pito do pango e capeta
Ou do índio, diz o corneta
Em maldade proferida
Os nomes muito explicam
Sobre amor e preconceito
Denotam maldade e vício
Droga, vadios e malfeito
Pretos e índios rotulados
Todos estigmatizados
De caráter com defeito
Dizem que veio da Índia
Outros Afeganistão
Da China viajou o mundo
Foi enorme a difusão
Não apenas se fumava
Povo antigo utilizava
Eficaz medicação
Presente em rituais
Vegetal da calmaria
A planta que tudo dava
Roupas, velas, sacaria
Mas virou alvo de caça
Repreenderam a fumaça
Um tabu que reinaria
Napoleão, general
O primeiro a proibir
Ligou a não submissão
À razão de resistir
Do bravo povo do Egito
Impediu sagrado pito
Virou crime consumir
Tão fácil de se plantar
Que vingou no mundo inteiro
Trazida por africanos
Cresceu no chão brasileiro
Motivo de repressão
Quando houve proibição
Lá no Rio de Janeiro
Lá nos Estados Unidos
Cara e cor na repressão
Latinos trabalhadores
Usavam por tradição
A planta bem conhecida
Que cura e acalma a vida
Virou grave perdição
Cannabis já foi produto
Ouro de muitas nações
Cânhamo, sagrada fibra
Comuns suas plantações
Uso amplo do vegetal
Com valor medicinal
Incomodando os barões
Há milênios consumido
Popular medicamento
Segue há anos estudado
E é claro o entendimento
Descoberto o mecanismo
Como atua no organismo
Natural o casamento
Veja o endocanabinoide
Sistema já desvendado
Existe nas nossas células
Tem sido bem pesquisado
Regula a homeostase
Leva o corpo à melhor fase
Recupera o adoentado
Não é pura apologia
De modo algum é invenção
Arrisco a pensar num ponto
Se houve coevolução
Nosso corpo e essa planta
Trazem história que encanta
Memorável relação
Hoje se sabe aliada
Alento no coração
Êmulo da epilepsia
Pavorosa convulsão
Artrose e dores intensas
São diversas as doenças
Dor, pânico e depressão
Escute as muitas famílias
Relatos de emocionar
Uma vida sem maconha
Sem receio vou falar
Convulsões por todo o dia
Sofrimento que havia
Hoje podem celebrar
Também o câncer temido
Fere a mente, causa dor
Ceifador de muitas vidas
Efeito devastador
Mas esse óleo proibido
Legalmente perseguido
É seguro salvador
Deixam álcool e tabaco
No comércio sem espanto
As mortes de nada importam
Se há lucro de trás do pranto
Deixar pulmões destruídos
Fígados endurecidos
É tudo legal no entanto
Desfecho bem conhecido
Trazem as drogas legais
Maltratam no longo prazo
Enchem leitos de hospitais
Vidas várias na berlinda
São mais despesas ainda
Culminando em funerais
O mundo segue pensando
Investiga aplicações
Como lazer e remédio
Bilionárias transações
O mercado fica atento
O Brasil segue tão lento
Passo atrás de outras nações
Tanto acontece lá fora
Discutem e legalizam
Já na terra canarinho
Vencem os que demonizam
A plantinha natural
Que cura sem fazer mal
Como os fatos nos avisam
Famílias de pacientes
Buscam alívio das dores
Livrar-se da alopatia
Apesar dos faladores
E dessa erva proibida
Nasce esperança de vida
Concentrada em suas flores
É grande a contradição
É descabida e evidente
Os compostos de Cannabis
Que podem e salvam gente
Ninguém podia importar
Sob risco de processar
A família e o doente
Tramita a Lei Anny Fisher
Exemplo de luta e vida
Abrace por esperança
Entidade já envolvida
Em ajudar quem precisa
Mas caçada pela Anvisa
E por lógica invertida
Desproibindo essa planta
Com o uso medicinal
O saber é difundido
Para o bem estar geral
Muito fácil de plantar
Nem precisa mais buscar
No comércio ilegal
Laboratórios do mundo
Querem exclusividade
Mas é preciso afirmar
Escandalosa verdade
O Estado quer proteger
A indústria e seu poder
Contrário à sociedade
Cannabis, pango ou maconha
É urgente legalizar
Tantos já se organizam
Pelo direito de usar
Eu apoio esse povo
E repito aqui de novo
A Abrace não vai parar!
*Biólogo e aprendiz de escritor. Cursando Letras no IFPB. Natural de Ubá - MG e Moro em João Pessoa - PB
Edição: Cida Alves