Paraíba

Coluna

A política econômica neoliberal de Paulo Guedes é uma política de miséria

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Ministro de Bolsonaro, Paulo Guedes, deixa os bancários animados e o povo com fome. - Mauro Pimentel / AFP
 temos a certeza que as medidas tomadas pelo governo não levam em consideração a vida do trabalhador

O Ministro da Economia, Paulo Guedes, vem da famosa Escola de Economia de Chicago. O pensamento hegemônico de lá é o liberalismo econômico, ou seja, é um pensamento que defende com unhas e dentes o livre mercado com pouca intervenção estatal. As teorias produzidas nessa escola serviram de base para a política econômica do governo militar de Pinochet, no Chile. O governo militar nesse país executou privatizações de diversas empresas, bem como da previdência social. E a consequência de deixar as grandes companhias de investimentos com boa parte das contribuições dos trabalhadores é desastrosa. Quase metade da população chilena com idade mais avançada está sem qualquer tipo de seguridade e muitos aposentados se encontram, atualmente, em situação de miséria no país. 

Quando se noticiou que o Chicago Boy (termo dado a economistas liberais vindos da Escola de Chicago) estava aliado ao então candidato Bolsonaro, os investidores, os banqueiros e grandes empresários ficaram animados. Claro, seus ideais eram totalmente alinhados e sua presença no governo seria o sonho realizado, pois a política neoliberal favoreceria total liberdade ao mercado. Bem, o sonho capitalista dos banqueiros está se realizando e a realidade que vemos hoje é essa:  

Desigualdade social está ainda mais acentuada

- Reforma da previdência aumenta a quantidade de anos de contribuição; 

- 19 milhões de brasileiros passam fome; 

- 14,8 milhões de brasileiros estão sem emprego; 

Correção dos salários abaixo da inflação reduz poder de compra do trabalhador e da trabalhadora

- Custo de vida cada vez mais alto; 

Essa lista é bem maior, mas vou me deter “apenas” a esses aspectos. Bom, aí você pode estar se perguntando: em que o pensamento neoliberal do ministro Paulo Guedes influencia na piora da situação do povo trabalhador? Essa pergunta requer uma resposta longa, mas tentarei apontar a conexão entre essas duas coisas de forma breve e didática. 

Uma vez que o objetivo central do neoliberalismo é a menor intervenção estatal possível na economia do país, o governo que defende essas ideias irá executar projetos que propiciem essa mínima intervenção e favoreçam o setor privado. Sabemos que o único e principal objetivo do setor privado é o lucro, assim, ele irá produzir de forma a lucrar o máximo possível e com o mínimo de custos. Desta forma, uma reforma trabalhista que propicie a flexibilização de contratações e demissões, a permissão de negociações feitas entre empregador e empregado (e sabemos bem quem tem maior poder de barganha nessa negociação) e o aumento do trabalho informal e mal pago, será extremamente benéfica ao empresariado que quer aumentar cada vez mais sua margem de lucro.  

Se formos falar da política cambial adotada no atual governo, veremos como ela influencia na alta de preços. A atual política é de câmbio flutuante, isso significa dizer que é a oferta e a procura por moeda estrangeira que determina o valor do câmbio, e não o Estado. O fato é que quando há essa total liberdade no valor do câmbio, os preços dos produtos importados e exportados podem subir e o governo nada faz para regular essa situação. Um exemplo bem recente e próximo a nós é a alta nos preços da carne, que é bastante influenciada pelo alta do dólar. O produtor de carne, ao observar o dólar alto, se interessará mais em produzir para exportar, do que vender internamente (pois lucrará mais), assim, com pouca quantidade de carne disponível para ser consumida internamente, seus preços subirão. A desvalorização do real frente ao dólar influencia no aumento dos preços de outros produtos também, e essa situação diminui o poder de compra do trabalhador e da trabalhadora brasileiros, uma vez que seus salários foram reajustados em uma porcentagem menor que a inflação. E ao vermos o valor da cesta básica subir cada vez mais, e o governo afirmar que os preços se ajustarão naturalmente, não dá para esperar que no longo prazo tudo tenderá ao equilíbrio enquanto vemos milhões de brasileiros passando fome. 

É uma prioridade do Ministro Paulo Guedes dar continuidade às privatizações das estatais brasileiras, começadas no governo Temer (PMDB). Foi até criada uma secretaria especializada para agilizar o processo, a Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados. A privatização da Eletrobrás  influenciará diretamente na alta dos preços da conta de luz e certamente não pensará duas vezes em destruir os rios e seus biomas, uma vez que as empresas privadas objetivam gerar lucros altíssimos sem se preocupar com a situação dos brasileiros que já tem sofrido com a alta na conta de energia.  

::Privatização da Eletrobras deverá causar 25% de aumento na conta de luz::

Bom, eu poderia continuar escrevendo aqui muitos outros parágrafos com os desmontes e os retrocessos que a política econômica do governo Bolsonaro tem gerado em nosso país desde seu primeiro ano de mandato, mas a leitura se tornaria muito cansativa e poderia gerar imensa tristeza e angústia. O total negacionismo e descaso em relação à situação de pandemia do COVID-19 acentuou ainda mais essa crise que o Brasil está passando. Entretanto, ao compreendermos melhor a quem serve essa política econômica neoliberal que está aí colocada no poder, temos a certeza que as medidas tomadas pelo governo não levam em consideração a vida do trabalhador e da trabalhadora brasileira. Apesar de toda essa situação de perdas e miséria, o povo brasileiro é um povo de resistência e luta. Por isso, acredito que, apenas a organização do povo e a esquerda no poder podem trazer de volta a esperança de dias melhores, com vacina no braço e comida no prato. 

Edição: Heloisa de Sousa