Nesse sábado (04) acontece no Sindicato dos Bancários em João Pessoa uma série de novas filiações para o setor de juventude do Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores (PT) da Paraíba. A denominada "Nova Primavera da Paraíba" vai marcar a ida de diversas/os jovens da juventude do partido Socialista Brasileiro (PSB) para o PT.
"Aceitamos o chamado do Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores a ser instrumento de transformação da sociedade, em defesa do protagonismo, autonomia e da nossa voz na construção de um novo Brasil", diz o chamado oficial para a filiação da nova Juventude do Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores (JPT).
Esse momento de filiação das juventudes confundiu parte da mídia paraibana que chegou a anunciar esse momento como sendo o da filiação de nomes como o do ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, e as deputadas Cida Ramos, Estela Bezerra e Jeová, todos advindos do PSB. Apesar da confirmação de presença de parte deles no evento, as filiações ao PT, desse sábado (04), são de militantes das juventudes.
Por isso, o Brasil de Fato Paraíba entrevistou Juliana Lima, ex-militante da Juventude Socialista Brasileira (JSB) e nova militante da JPT na Paraíba. Juliana Lima tem 28 anos, é jornalista e feminista e militante ativa da juventude no estado da Paraíba, encampando diversas lutas em defesa da educação e da democracia na história recente do Brasil e falou sobre os motivos que levam nomes da juventude ao Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, confiram isso e muito mais na entrevista a seguir.
Brasil de Fato PB - O que leva você a ir para o PT?
Juliana Lima - O momento que a gente vive é de um ataque constante e direto à Democracia Brasileira. O avanço das notícias falsas, dos ataques ao Congresso Nacional, ao STF, a grandes figuras de esquerda, na qual Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos maiores prejudicados, sendo impedido de concorrer à eleição de 2018, o que levou o Brasil a essa derrocada que a gente vive e agora com o genocida que está no poder e também, aqui na Paraíba, com essas acusações absurdas aos nossos companheiros Ricardo, Estela, Márcia, entre outros.
Estou indo para o PT porque eu acredito que a gente deve fortalecer o maior partido da América Latina, o partido das trabalhadoras e dos trabalhadores tem um trabalho muito grande e eficaz com a juventude e a gente tem uma grande missão de recuperar a juventude brasileira. Muito dela foi seduzida pelas mentiras do bolsonarismo porque foi essa juventude que não viveu o crescimento do país durante os governos de Lula e Dilma. Muitos deles começaram a discutir sobre política em 2013, com o avanço dessa juventude de direita e de extrema direita. A gente tem essa grande missão de entrar no PT, entrar na JPT, para dialogar com essa juventude e mostrar que sim, a juventude pode liderar os processos revolucionários, que sim, a juventude consegue dialogar sobre políticas públicas de saúde, de educação, de assistência social, de renda e emprego. A gente consegue dialogar sobre tudo isso porque a juventude é interseccional, ela passa por todos os espaços e ela tem a capacidade de liderar mudanças efetivas tanto no nosso país quanto no nosso estado e município.
O que vocês esperam ao chegar no PT?
Estamos recebendo uma resposta muito positiva, felizmente, nós somos muito bem vistos, muito bem conhecidos, nós somos lideranças que tem um trabalho reconhecido aqui no nosso estado, aqui em João Pessoa também, dentro do movimento estudantil, dentro dos movimentos sociais. É muito engraçado ver que muita gente está vendo isso como um movimento natural. Até o último ato, antes do nosso Grito dos Excluídos e das Excluídas, existiam muitos questionamentos de pessoas ao nosso redor, que constroem essa militância dos movimentos sociais de porquê que eu ainda estava no PSB, por que a gente ainda estava ligado a um partido que poderia ter escolhido um caminho em 2018 e, a gente está agora em 2021, e vemos que ele está se direcionando a um centro com um pezinho na direita, em alguns estados, com um grande pé, braço, mão, tudo do lado da direita.
É um caminho natural que a gente assume, um caminho de liderança, de transformação, de verdadeiramente liderar os movimentos sociais e, principalmente, os movimentos do campo popular, do campo democrático, do campo de esquerda, que é um espaço que, ao meu ver, aqui na juventude do PT faltava mais engajamento, faltava mais força da juventude, mais protagonismo dentro do partido, já que, a nível nacional, a juventude do PT é uma das maiores do país, então a gente não espera, a gente tem certeza que chegando do PT, a juventude vai ter verdadeiramente o protagonismo nas lutas, o protagonismo dentro do partido e, acima de tudo, um protagonismo nas eleições de 2022, para a gente eleger as nossas candidaturas e trazer de volta o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República.
Existe na Paraíba, uma expectativa para a filiação de Ricardo Coutinho, Estela, Cida, Márcia e Jeová. Por outro lado, um grupo do PT rechaça a vinda de Ricardo. Como vocês avaliam essa questão?
Quem rechaça um agrupamento majoritariamente composto por mulheres, mulheres de luta, mulheres que sempre estiveram a favor do povo, um ex-governador, ex-prefeito, ex- deputado estadual, quem rechaça a vinda de um agrupamento com liderança política forte, com lado, com voz e com vez, é porque tem medo dele, no mínimo. O grupo que está dentro PT e rechaça nossa vinda é diretamente ligado ao governador João Azevêdo, governador que faz uma política completamente conservadora, então, assim, rechaçar a nossa vinda é rechaçar que o PT continue à esquerda, é rechaçar que o PT continue sendo liderança dos movimentos sociais, é rechaçar que o PT continue sendo o maior partido que represente a esquerda brasileira.
Ouvindo uma entrevista certa pessoa, que é contra a ida do nosso agrupamento ao PT, essa pessoa disse que o PT não precisava de mais ninguém, que estava bom do jeito que está. Eu discordo completamente, você nunca pode imaginar que um partido está bom do jeito que está, principalmente um partido de esquerda que vai liderar as maiores transformações e a maior defesa da democracia do país. O PT da Paraíba não está bom do jeito que está, o PT da Paraíba vai avançar, vai ampliar os seus quadros e ele verdadeiramente vai ser protagonista de todas as lutas que nós vamos encampar, agora com essa filiação em massa que a gente está entrando no PT e, diga-se de passagem, a gente está entrando no PT para construir. Eles dizem que a gente pode vir a tomar o partido, mas isso é uma justificativa ridícula, a gente sempre construiu com essas pessoas dentro de espaços coletivos, não vai ser agora que a gente vai estar no mesmo partido, encampando as mesmas lutas que a gente vai desaprender a construir, a gente vai estar lado a lado, respeitando as nossas companheiras, os nossos companheiros, encampando, inclusive, novas lutas, porque o maior partido da América Latina não pode ficar parado na mesmice do jeito que está, ele tem que avançar e é exatamente isso que a gente vai fazer no PT, nós vamos, coletivamente, avançar.
A juventude tem implementado várias lutas importantes em defesa da educação e da Democracia, vocês pretendem lançar algum nome da juventude para as eleições de 2022?
Felizmente nós temos muitas lideranças que vão entrar no PT e na juventude do PT, nesse momento, acho que é muito cedo para a gente discutir nomes de candidaturas, mas é importante afirmar que juventude, sim, é candidata, juventude, sim, é protagonista e a juventude consegue os seus mandatos porque consegue fazer o diálogo com a base, com o povo, de maneira mais direta possível.
Acredito, particularmente, que os maiores exemplos que a gente tem é a vereadora Brisa, em Natal, e a deputada federal, Natália Bonavides. Elas são exemplo de que as mulheres, diga-se de passagem, as mulheres jovens, conseguem sim espaços importantes na política, principalmente, as mulheres negras e as mulheres LGBTQIA+. Então, a gente vai dialogar enquanto coletivo, mas eu tenho certeza, a juventude lançará um nome com força, um nome que saberá dialogar com a Paraíba, e vai ter sempre um pezinho fora do conservadorismo, que a gente sabe que os grandes partidos, mesmo que seja de esquerda, tem.
A juventude tem vez tem voz e ela sempre lutará por seu protagonismo porque nós estamos cansados de segurar panfleto, de segurar bandeira, distribuir adesivo. Quem tem que estar em cima do palanque também é a juventude. Não tem problema uma candidata, um candidato ou um candidate falar por nós, mas nós queremos que a nossa voz seja ecoada para além das eleições, que a nossa voz seja campo de transformação para muitas jovens, para muitos jovens que perderam o estímulo da política, porque para além da política partidária, fazer política e ser um corpo político, no Brasil, é questão de vida ou morte e a gente, literalmente, defende a nossa vida.
Por fim, qual mensagem vocês/s deixam ao povo paraibano e, em especial, para a juventude?
A juventude ela é esperança, é renovação, sofremos o que tem de pior na cidade, nos estados e no nosso país. Sofremos com a violência, com a misoginia, com o machismo, com feminicídio. A gente sofre com LGBTQIA+fobia, com o racismo, com o desemprego. A gente chega todos os dias a não acreditar na transformação que a gente pode fazer porque eu quero lembrar para a juventude: juventude não é base, juventude é campo de transformação; e é essa transformação que a gente vai fazer dentro do Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores. Essa transformação que a gente vai fazer durante as eleições, e principalmente, encampando todas as lutas dos movimentos sociais porque aonde tem luta, tem juventude e, se tem juventude, vai ter voz ativa, vai ter transformação e vai ter muita, mas muita luta.
Aproveito o espaço para chamar as companheiras, os companheiros, es companheires para chegar no PT, para construir essa juventude porque o maior partido da América Latina vai ser o maior partido da Paraíba e vai ser o partido que vai encabeçar a transformação da Paraíba, para que a Paraíba volte a crescer, volte a ser um campo nosso, um campo democrático, um campo de defesa da Democracia, um campo que defenda as mulheres, a negritude, a população tradicional, as LGBTsQIA+. Uma Paraíba que rechace Bolsonaro e seus aliados. Uma Paraíba que, verdadeiramente, entenda que trabalho é ouvir a população e não se transformar num estado conservador. A Paraíba vai terminar suas oligarquias pela mão da trabalhadora e do trabalhador. Venham para o PT.
Edição: Heloisa de Sousa