Paraíba

CULTURA AFRO

"E tome coco" começa este sábado (06) com show de Penha Cirandeira, Coco Acauã e Garagem

Exposição busca ressaltar a importância da cultura afro-brasileira para a formação cultural paraibana e nordestina

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
E tome coco - Reprodução

"E Tome Coco" é uma exposição que vai marcar o mês de consciência negra sobre a importância da cultura afro-brasileira, a partir desse sábado (06), na Estação Ciências, em João Pessoa. A exposição tem curadoria de Amanda Costa (curadora geral) e Danilo Santos (curador convidado) e conta com Joana Darc, na fotografia, e trabalho audiovisual de Karla Noronha e Mazeías Junior e Ronald Vaz na direção musical da exposição. E como protagonistas, os quilombos de Ipiranga e Caiana dos Crioulos, através das mestras, Ana Rodrigues e Dona Edite, e a mestra Penha Cirandeira, de Santa Rita, do grupo de estudo Coco de roda Acauã, além da mestra Senhorinha, de Barra de Camaratuba, além da participação de Fernando Moura.


Registro fotográfico do Coco do Ipiranga para a "E tome coco". / Reprodução

"E Tome Coco" vai utilizar a pedagogia do coco de roda, desenvolvida a partir da circularidade. "Esta circularidade é tida como um dos elementos civilizatórios afro-brasileiros, representando movimento, renovação, processo e coletividade, o que conserva e revitaliza, para os dias atuais, o elemento tradicional do coco de roda para os dias atuais", diz os curadores da exposição, no texto de divulgação do evento.

Sobre a circularidade do coco de roda / Crédito: Instagram Danilo Santos @danilonegrovida

 


Registro para a Exposição "E Tome Coco". / Reprodução


Zé Silva, integrante do Coco de Roda Acauã. / Reprodução

"O Coco Acauã foi convidado a participar do projeto para demarcar a existência de uma cultura negra, paraibana, indígena, que é o coco de roda. Está muito presente na cultura negra paraibana do litoral ao sertão, em todas as regiões. Quase todas as cidades da Paraíba tinham ou têm coco, então é muito marcante, muito importante e muito forte na Paraíba e eu entendo que a intenção dessa exposição "E Tome coco" é demarcar esse território, assim como outros estados brasileiros já demarcaram. Maracatu é a musicalidade negra, tambor de crioula é uma musicalidade negra, o samba reggae também, e quando a gente fala de cada um desses, já sabe de onde vem os estados, Bahia, Maranhão, Pernambuco, mas quando a gente fala em cultura negra paraibana fica meio que um vazio. O  Coco  Acauã já vem trabalhando nesse fomento, tanto nas leis estaduais como municipais, na patrimonialização do Dia municipal e estadual e a patrimonialização municipal e estadual também foram pressões do Fórum do coco, roda, ciranda e mazurca tradicionais como também da recém criada Associação dos cocos. A gente do Acauã sempre esteve organizando esses processos. Então é importante ter uma exposição dessas, num local público, como a Estação Ciência, é histórico para demarcar essa cultura negra da Paraíba, que não existe somente na Paraíba, mas que como na Paraíba só tem aqui", explicou Zé Silva, do Coco de Roda Acauã. 

 


Coco de Roda Acauã. / Luana Aires

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Registrando a história do Coco. / Reprodução

Nesse sábado (06), a partir das 16h, vai ser a abertura da mostra, na Estação Cabo Branco, com o show da banda Coco de Garagem e o Coco de Roda Acauã, acompanhados da mestra Penha Cirandeira. 


Penha Cirandeira. / Andréa Gisele (@turbanteira )

 

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"Fomos convidados, só que o Acauã não era um grupo de apresentação, era um grupo de fomento que a gente aprendeu a brincar, mas a gente brincava mais com os mestres, mas o curador da exposição, Danilo, insistiu e a gente teve a ideia de levar um mestre junto e a mestra escolhida foi Penha. No início, era Penha e o o Mestre Zé Cutia, de Jacumã, só que Zé Cutia não pôde e ficou só Penha. Então, vai ser uma apresentação nossa, do Acauã, junto com a mestra Penha Cirandeira, que passou por todo um processo e está concorrendo a Lei Canhoto da Paraíba e também é uma oportunidade dela estar voltando aos palcos, depois de tantos anos sumida. Teve, recentemente, apresentação dela nas Calungas, só que o bloco das Calungas foi on-line. Presencial mesmo, vai ser esta a primeira apresentação, agora na Estação Ciências, junto com o coco Acauã, e Penha é uma mulher negra, descendente de quilombola, o pai dela era quilombola de Caiana dos Crioulos, então é muito representativo. Penha é uma guerreira", frisou Zé Silva.

 

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Em Jacumã. / Reprodução

A exposição "E Tome Coco" começa neste sábado (06) e segue até o dia 30 de dezembro, na Estação Cabo Branco, Ciência, Cultura e Artes. É aberta ao público, de segunda a sexta, das 9:30h às 16:30h; e nos sábados, das 10h às 16:30h. No entanto, as visitas estão sendo feitas por agendamento em uma plataforma disponibilizada no Instagram @estacaocabobranco. 

Os horários de agendamento por grupo são: 
9:30h às 10:30h
10:30h às 11:30h
14h às 15h
15h às 16h

Zé Silva, do Coco de Roda Acauã, falou sobre a importância da exposição em reconhecer o grupo e convidá-lo para o evento. "A gente ficou muito feliz e honrado por esse reconhecimento, porque não somos um grupo de apresentação, nem somos um grupo tradicional, a gente gosta de brincar junto com as comunidades e com os mestres, e poder ajudar da forma que a gente puder e ter esse reconhecimento é muito bom para a gente do Acauã", concluiu.

Quem for na exposição vai poder conhecer o bombo da Mestra Penha, que cedeu o bombo dela para a exposição, além de roupas do grupo Biliu do Coco, da Mestre Edite, da comunidade quilombola de Caiana dos Crioulos, assim como do Novo Quilombo e do grupo de coco Acauã.


Coco de Roda Novo Quilombo. / Reprodução

O Novo Quilombo é uma comunidade quilombola localizada no território Gurugi/Ipiranga (Conde-PB), o grupo tem cerca de 30 anos de festejos e brincadeiras. O território foi certificada em 08 de setembro de 2006 pela Fundação Cultural Palmares, com 50 famílias. 

Edição: Heloisa de Sousa