Paraíba

EDUCAÇÃO LIBERTADORA

No Dia da Alfabetização: conheça o trabalho da Associação Sal da Terra

A educação popular é base da ação; as aulas acontecem em diversas cidades do estado da Paraíba

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |

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Turma de alfabetização do Sal da Terra, da comunidade Bebelândia, em Santa Rita (PB). - Projeto Sal da Terra

O Dia Nacional da Alfabetização é comemorado neste domingo (14). No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Pnad/IBGE), em 2019, o país tinha 11 milhões de pessoas, com 15 anos ou mais, analfabetas. No mesmo ano, a taxa de analfabetismo, considerando a mesma faixa etária, foi de 16,1% na Paraíba, sendo a segunda maior do país. Com o objetivo de mudar essa realidade, a Associação Sal da Terra, criada em 1989, atua em municípios do estado da Paraíba.


Turma dos indígenas venezuelanos, da etnia Warao, estão aprendendo o português, no abrigo de Epifanio, localizado na Torre, em João Pessoa. / Projeto Sal da Terra

Atualmente, além de atividades no bairro da Torre, em João Pessoa, na qual ajuda indígenas da etnia Warao, vindos da Venezuela, aprender o português, a Associação Sal da Terra tem atividades em comunidades das cidades de Cabedelo, Bayeux, Santa Rita, Guarabira e Juarez Távora. De acordo com Rosa Lisboa, da equipe pedagógica do Sal da Terra, o objetivo da associação é “ensinar pessoas a partir dos 15 anos que não tiveram a oportunidade de aprender a ler e escrever quando eram crianças ou que foram à escola e não aprenderam, assim como estimular a profissionalização de professores na Educação de Jovens e Adultos (EJA), para que se tornem autoconfiantes, continuem ou retornem a estudar e que possam se desenvolver de forma mais eficaz no mundo do trabalho”.


João Pedro, de 63 anos, em processo de alfabetização. / Projeto Sal da Terra

Nesse contexto, o projeto trabalha a educação popular, numa perspectiva do educador Paulo Freire, em que educandos e educadores aprendem e ensinam, de forma dialogada. Juliana Alencar, também da equipe pedagógica da associação, explica como é o processo de alfabetização dos educandos “a nossa metodologia se fundamenta no referencial teórico Freireano, em que o mote da discussão se baseia em situações de vidas comuns e significativas para os integrantes da comunidade”.


Turma da comunidade São Lourenço, em Bayeux. / Projeto Sal da Terra

As aulas acontecem de modo presencial de segunda a sexta-feira, tendo duração de duas horas por dia. Juliana justifica que “infelizmente, nossos educandos não possuem condições e nem dispositivos para aulas virtuais. Então, tomamos todos os cuidados para prevenir a proliferação do vírus, a fim de que os educandos e educandas possam participar, tranquilamente, das aulas”.


Turma da comunidade Tobias Ribeiro, na cidade de Juarez Távora (PB). / Projeto Sal da Terra

A Associação Sal da Terra é um exemplo de ação que acredita na educação como forma de transformação da sociedade e alfabetizar as pessoas é um dos caminhos. “Não é fácil manter um projeto de educação em um país que não valoriza a educação, que entende que o adulto ou idoso, que ainda não aprendeu a ler e escrever, em sua fase adulta ou idosa também não vai conseguir. Acreditamos no potencial de cada sujeito que passa por nós, o vemos com um ser potencial, isso fortalece a nossa ação por onde passamos”, declara Juliana Alencar.

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Edição: Heloisa de Sousa