Paraíba

RESISTÊNCIA

ARTIGO | Coragem e simbologia históricas: exibição do filme Marighella em Campina Grande

Evento organizado no 20 de novembro pelos movimentos sociais populares repõe a cidade nos trilhos da resistência

Campina Grande/PB |
Saudação dos atores Jorge Paz e Luiz Carlos Vasconcelos na abertura da sessão no palco do Teatro Severino Cabral - Equipe de comunicação

A exibição no Teatro Municipal Severino Cabral, organizada pelos movimentos sociais populares da cidade, articulado pelo MST local tem importante significado histórico para a cidade e repõe Campina Grande nos trilhos de sua bela história política de resistência.

A Campina Grande hoje dominada pela extrema direita, conservadora, de perfil bolsonarista-fascista, já foi espaço da resistência e das lutas democráticas contra as ditaduras instauradas no país.

Campina Grande sempre que pôde votar derrotou os candidatos e os partidos do regime autoritário. Aqui, nas eleições de cargos federais, foi o sepulcro da ARENA e do PDS. Destacávamo-nos no Nordeste como cidade da resistência política contra a Ditadura.

Foi no palco do nosso Teatro, lotado, com público que não cabia sentado às cadeiras, por isso, espalhando-se pelas passarelas do piso, que em 1979 fizemos grandes atos de denuncias das arbitrariedades, das torturas e dos crimes cometidos pela Ditadura Militar. 

Atos organizados por um dos primeiros comitês pela Anistia no Brasil, nascido aqui em Campina Grande, no Campus II da UFPB, hoje UFCG.

Aqui ouvimos atentos e indignados, de juristas e religiosos de reconhecimento nacional denuncias dos crimes hediondos da Ditadura.

Foi nesse Teatro que fizemos ato de solidariedade a luta anti-imperialista latino-americana, de apoio a Cuba Socialista; e de apoio a Revolução Sandinista na Nicarágua. 

Esse teatro em uníssona voz gritou alto “Abaixo a Ditadura de Somoza”, “Viva a Frente Sandinista”, “Abaixo a Ditadura Militar”.

Nesse Teatro criamos o Comitê: “Contra a fome, a carestia e o desemprego”. Daqui saímos em “brigadas” para pichar a cidade com os dizeres: “Contra fome, a carestia e o desemprego – Abaixo a Ditadura”.  

Nesse Teatro ecoamos palavras de ordem: “arroz, feijão, saúde e educação”; “Vai avançar, vai avançar, o Movimento Popular, pra derrubar, pra derrubar, a Ditadura Militar”.

Nesse Teatro entoamos com grandes artistas, cantores da música popular brasileira, canções de guerras e esperança. 

Certa vez, em período eleitoral, o show de um famoso cantor paraibano foi interrompido com o grito de esperança da época: “Olê, olê, olê, olá: Lula Lula”. Foi lindo.

Por toda essa simbologia e pelo momento de ameaça autoritária em nossa nação e cidade é importante reunir neste Teatro Municipal de Campina Grande, as vozes, as mentes e os corações da esperança e resistência que lutam, para ver Marighela. Respirar a atmosfera da esperança juntos, reunidos para recarregar nossas energias para importantes e decisivas lutas que se aproximam.

MARIGHELLA, PRESENTE!

VIVA O 20 DE NOVEMBRO – DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.

VENCEREMOS.

 

*Jonas Duarte é Professor do Departamento de História - CCHLA/UFPB. Pesquisador Visitante no INSA - Instituto Nacional do Semiárido.
**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato PB.

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Edição: Heloisa de Sousa