Em 8 de dezembro de 1988, há 33 anos, nascia na Paraíba um sindicato vocacionado para a defesa dos interesses dos trabalhadores dos Correios.
No período em que o país vivia sob o regime militar, antes do advento da Constituição Federal de 1988, o direito sindical não era permitido pelos governos. Dessa forma, os trabalhadores dos Correios, a fim de discutirem questões de seus interesses e formas de resistência, passaram a se organizar por meio de associações, tendo surgido na Paraíba a Associação dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos.
Criadas a partir da década de 80, na Paraíba a AEECT – Associação dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos na Paraíba, teve seu estatuto elaborado no dia 05 de junho de 1985 e no dia 20 de novembro do mesmo ano, em uma assembleia elegeu a primeira diretoria da predecessora do sindicato. A entidade cumpriu um importante papel de defesa dos trabalhadores e serviu de base para abrir os caminhos para a formação e fundação do SINTECT-PB.
A associação era uma entidade vulnerável. Havia muita limitação política e compreensão de que a associação deveria se limitar ao lazer, sem considerar que a direção da empresa não reconhecia a representação da AEECT como representante dos interesses políticos, econômicos, sociais e de classe dos trabalhadores ecetistas.
A associação não tinha uma arrecadação própria e era mantida pelos poucos que contribuíam com recursos, geralmente diretores. Muitos trabalhadores viam os diretores da associação como uma ameaça a seus empregos, por conta da cultura impregnada ao longo de mais de 30 anos da repressão da ditadura militar.
Sem prerrogativas de um sindicato e vulnerável a politica do Governo de plantão, os trabalhadores realizavam greves que resultavam em várias demissões a exemplo da ocorrida em 1987, que levou a mais de mil demissões em todo o país, principalmente de lideranças emergentes do movimento de organização dos trabalhadores.
Mas, na Cidade de Recife, entre os dias 23 e 24 de abril de 1988, foi realizado um Encontro Nacional de Empregados de Correios que decidiu que as associações fariam assembleias para um encontro em Salvador onde se debateria a formação dos sindicatos.
A partir de abril de 1988 há uma reformulação da associação na Paraíba, após uma eleição. A nova diretoria tinha um compromisso com a fundação do sindicato assim que fosse promulgada a Constituição e, em 06 de maio, foi criada a comissão pró sindical dos ecetistas da Paraíba, ao mesmo tempo em que a direção recém eleita tomava como medida a filiação a CUT – Central Única dos Trabalhadores, no dia 17 de agosto daquele ano, em uma assembleia realizada no Sindicato dos trabalhadores da Tecelagem.
As Reuniões para fundar o sindicato eram realizadas em lugares os mais diversos e inusitados: casas de companheiros, em praças e bares, tudo para enganar a direção da empresa e evitar a demissão das lideranças. Ao mesmo tempo que se buscava a anistia dos demitidos, ainda assim algumas lideranças foram demitidas.
Face a repressão de 87, as demissões de lideranças do movimento e da comissão pró sindicato, as reuniões passaram a ficar secretas e sem a participação dos trabalhadores de base.
Com a promulgação da CF, em 05 de outubro de 1988, a comissão registra em Cartório o estatuto do sindicato no dia 08 de dezembro, dois messes depois, juntamente com a relação dos candidatos aos cargos da diretoria, vindo a ser uma das primeiras direções de sindicato dos Correios.
A primeira eleição foi realizada no dia 8 de março de 1989, uma forma de aproveitar a oportunidade e homenagear a luta das mulheres se recusando desta forma em ser um sindicato corporativista. Foram criados jornais periódicos, boletins e participação nas atividades políticas das mais diversas.
Diante da conjuntura atual adversa à classe trabalhadora brasileira, e, especificamente, Ecetista, que levou um duro golpe com a exclusão de mais de 50 cláusulas do Dissídio Coletivo da categoria, o SINTECT-PB se mantém firme em seus propósitos e princípios norteadores de sua fundação, de modo a continuar a conclamar os trabalhadores para lutarem por melhores condições de trabalho, manutenção de seus empregos e organizar toda a resistência contra a privatização dos Correios.
A Diretoria Colegiada dessa entidade sindical, renova seus votos de confiança nesta categoria aguerrida, que sempre esteve unida e coesa nas lutas necessárias travadas a fim de fazer valer seus direitos e suas responsabilidades no exercício das atividades essenciais que os Ecetistas prestam à sociedade paraibana e brasileira.
*Diretoria Colegiada do Sintect-PB.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
Edição: Heloisa de Sousa