Fruto da luta e organização popular do Movimento dos Atingidos por barragens (MAB), integrantes do Movimento dão início à entrega da primeira impressão dos folhetos de cordel às famílias organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a algumas escolas.
O cordel, escrito por Cicero Ferreira, conta a história da população (cerca de 1200 famílias) atingidas pela construção da Barragem de Acauã-PB - em três municipios e seis comunidades da Paraíba.
Cordel Barragem de Acaua em PDF
A Barragem de Acauã-PB foi concluída em agosto de 2002. Passados dois anos da construção, devido a fortes chuvas, chegou ao nível máximo e transbordou, inundando completamente seis povoados com 115 imóveis rurais e causando danos para os moradores que ainda se encontravam dentro da área a ser alagada. Cinco pessoas morreram e teve que haver deslocamento de cerca de 5 mil que viviam às margens do Rio Paraíba.
Estes camponeses e ribeirinhos não tiveram assistência após a catástrofe. Estudos realizados indicavam que demoraria, pelo menos, cinco anos para a cheia ocorrer.
O cordel é fruto de algumas parcerias como o Projeto Universidade Cidadã: “A ideia é narrar essa história dos Atingidos em Cordéis e a gente conseguiu a primeira edição, o nome do projeto é ‘O outro lado da Engenharia da Barragem de Acaua’. É muito importante para as pessoas que lutam por melhores condições de vida terem a narrativa de sua história retratada em cordel, o que é um privilégio. Também é muito significativo colocar a literatura de cordel como veículo da organização popular”, comenta Osvaldo Bernardo da Silva, do MAB).
O texto relata a história dos atingidos e começa a contar a partir de quando os tabajaras chegaram no Pajeú e foram expulsos pelos portugueses, desviaram para para Monteiro e, de lá, desceram para a cidade de Fagundes-PB.
“Queremos mostrar que, desde a colonização, em nome do progresso e desenvolvimento, continua essa expulsão do povo do campo. Em nome de um progresso que não chega pra essas pessoas”, define Osvaldo.
Foram impressos dois mil cordéis pela Empresa Paraibana de Comunicação (EPC) e Editora a União (EAU), com parceria da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
Os cordéis vão ser entregues a cada uma das mais de 1200 família atingidas, e o restante irá para as secretarias das escolas das comunidades.
A situação das famílias paraibanas atingidas pela Barragem de Acauã também foi registrada no documentário ‘Águas para a vida ou para a morte?’ que chegou a ser apresentado para representantes de universidades de todos os continentes, durante a Conferência da Rede Europeia de Ecologia Política (Entittle), em Estocolmo (Suécia), em 2016.
Edição: Heloisa de Sousa