Paraíba

MEMÓRIA

Lembrar para não repetir: Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto

Data destaca a maior tragédia da humanidade e incentiva a educação para a fraternidade

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Sobrevivente do Holocausto chora durante homenagem no antigo campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, Polônia. - JANEK SKARZYNSKI / AFP

O Holocausto foi o extermínio sistemático de judeus na Europa durante a Segunda Guerra Mundial e foi promovido pelo chanceler alemão Adolf Hitler, que fundou o partido nazista considerado de extrema direita. Em 27 de janeiro de 1945, há 77 anos, as tropas soviéticas descobriram o campo de concentração de Auschwitz e libertaram as pessoas que ali estavam.

Segundo a Unesco, o local foi o maior complexo de extermínio e o maior centro de assassinatos em escala industrial, construído para implementar o genocídio dos judeus da Europa. Por isso que, em 2005, o dia 27 de janeiro foi instituído pela Organização das Nações Unidas como o Dia da Memória às vítimas do holocausto. “O holocausto sem sombra de dúvidas é a maior atrocidade do século XX que foi cometida pelo ser humano contra o próprio ser humano, sendo uma mistura de irracionalidade, crenças míticas e alicerçadas por teorias pseudocientíficas que inferiorizavam determinados grupos e, essas teorias, foram apropriadas por um indivíduo insano com sede de poder e que resultou nesse triste episódio da história da humanidade”, comenta Silvia Tavares, Mestre em História, Cultura e Sociedade pela UFCG e professora de História da Rede Estadual em Campina Grande.

A Alemanha mantém museus e espaços onde existiram os campos de concentração para que todo o mundo saiba sua parte maculada na história e também para que as futuras gerações rejeitem firmemente todas as formas de racismo, violência e antissemitismo. “É extremamente importante que os chamados espaços de memória sejam criados justamente para nos fazer refletir sobre os perigos dessas ideologias extremistas para a humanidade. É preciso gerar um processo de superação dessas experiências traumáticas, e para isso deve haver reconhecimento dessas atrocidades, punição e reparação do que aconteceu”, reflete a professora. 

Datas como essa também nos faz pensar sobre o passado trágico do Brasil, a exemplo da Escravidão e da Ditadura Militar, e como ainda precisamos refletir, dialogar e lutar por reparações políticas e sociais na história brasileira. Muita coisa se conseguiu em termos de políticas públicas em governos anteriores, mas também a partir de muita luta dos movimentos negros, como a exemplo da obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas assim como a política das cotas raciais. 

Silvia Tavares fala sobre os perigos da negação a esses momentos históricos do Brasil e que esses discursos negacionistas só reforçam a romantização de períodos trágicos e delicados para a história do país. “Ainda convivemos com pessoas que insistem em romantizar a escravização ou até mesmo negá-la, como temos visto no próprio discurso do Presidente da Fundação Palmares que é um órgão estratégico de combate ao preconceito racial, onde o Sergio Camargo em sua fala sempre ameniza os processos brutais que ocorreram na escravidão, o que é um absurdo. Em relação à ditadura militar é mais ou menos o mesmo raciocínio: é preciso mais debates e mais espaços de memória que lembrem os horrores, as torturas e as mortes que foram operacionalizadas pelo estado”, explica Silvia.

A Organização das Nações Unidas todo ano memora a campanha “Lembrar para não repetir” e pede que todo o mundo, países, estados, regiões falem sobre suas memórias políticas, culturais e sociais, para assim, construir suas identidades históricas e que cada povo lembre, reflita e busque reparar seus passados traumáticos. “São com essas ações conjuntas e comprometidas que podemos construir uma sociedade mais alinhada com a nossa identidade histórica e quem sabe ampliarmos a nossa cidadania com a conquista plena de direitos, e isso passa pelo não silenciamento da nossa história e memória, sobretudo aquelas ligadas ao grupos minoritários ou minorizados que durante muito tempo não fizeram parte dessa chamada história oficial, portanto o conhecimento histórico e a memória devem ser plurais e inclusivos”, afirma Silvia. 


 

Edição: Heloisa de Sousa