Dados do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PB) divulgados nesta quinta (03) demonstram um aumento no índice de positividade no mês de janeiro de 47,48% das amostras analisadas. O valor é quatro vezes maior que o observado em dezembro de 2021.
Para se ter uma ideia do que está acontecendo em João Pessoa, na manhã desta quinta (03), o atendimento a novos pacientes na UPA dos Bancários foi suspenso por superlotação. A maioria das pessoas que procuraram a UPA apresentavam sintomas gripais.
Por causa desse aumento causado pela variante ômicron, mais transmissível, a Prefeitura de João Pessoa anunciou que o Hospital Prontovida, no bairro de Tambiá, passou a atender exclusivamente casos de Covid-19, já a partir desta quinta-feira (3). Como bem alertou o neurocientista Miguel Nicolelis, durante entrevista ao Brasil de Fato, em 14 de janeiro, “Com a taxa de transmissão que tem, ômicron vai sufocar os sistemas de saúde".
::Nicolelis: “Com a taxa de transmissão que tem, ômicron vai sufocar os sistemas de saúde"::
O Prontovida conta hoje com 70 leitos para tratamento da Covid-19, sendo 40 de UTI e mais 30 de enfermaria. Em números coletados na tarde desta quinta-feira, já se encontram internados 15 pacientes na UTI e 14 na enfermaria.
“Foi uma decisão em conjunto com o prefeito Cícero Lucena, através do sistema de regulação, para transferirmos pacientes do Prontovida com outras patologias para unidades hospitalares conveniadas. Também foram antecipados procedimentos cirúrgicos, que o corpo clínico do Prontovida realizou concomitante a outros serviços, para liberar os leitos faltantes e voltar a trabalhar como referência no tratamento da Covid-19”, destacou Margareth Diniz, secretária de Saúde de João Pessoa.
“Temos que manter as proteções, se vacinar, isolar o máximo possível, porque a pandemia não acabou, ninguém tem bola de cristal para dizer quando ela vai acabar. Então não acreditem nas narrativas que a ômicron é leve, que é uma luz no fim do túnel”, afirma o neurocientista Miguel Nicolelis.
Situação das trabalhadoras e trabalhadores contaminados
Para quem se contamina com Covid-19, a dúvida do que fazer é recorrente. Com sintomas leves ou assintomáticos, muitos trabalhadores e trabalhadoras estão sendo infectados e reinfectados, precisam se afastar dos postos de trabalho e o medo das demissões sempre apavora quem enfrenta a doença.
::"A terceira onda da pandemia tem afetado o mercado de trabalho", afirma especialista::
"Só no local onde trabalho, 21 pessoas estão infectadas. O setor teve que suspender as atividades", disse um trabalhador da área de saúde, que não quis se identificar.
Para quem está assintomática, a dúvida é como contabilizar o primeiro dia de infecção.
"Eu me contagiei, mas não tenho nenhum sintoma e agora não sei o que fazer. Só procurei fazer o teste porque 5 pessoas onde trabalho se contaminaram apenas essa semana. Fiz o teste e depois fui ao médico e ele me orientou que em 10 dias após o teste, eu já posso sair do isolamento, que essa é a recomendação do Ministério da Saúde. ", disse Carla dos Santos, moradora do Bancários, em João Pessoa.
::Por quanto tempo um paciente com covid deve se manter em isolamento? Tire essa e outras dúvidas::
Sobre a redução do tempo de isolamento adotado pelo Ministério da Saúde, Nicolelis afirmou que a decisão de reduzir os dias de isolamento foi muito mais para tentar manter a força de trabalho trabalhando, do que qualquer tipo de indicação baseada em evidências sanitárias ou científicas e que o Ministério da Saúde está copiando a diretriz americana, "Então ninguém sabe quanto tempo as pessoas vão ficar transmitindo, mesmo que assintomáticas com a ômicron. E 10 dias era o mínimo do mínimo, seguro, que sabíamos. Agora com uma variante mais transmissível, nós devíamos estar indo no caminho oposto. Eu continuo dizendo, as pessoas falam: ‘tive contato com uma pessoa, estou negativo, estou assintomático, ou mesmo estou positivado, mas assintomático, quando que eu posso ver minha mãe?’. Eu falo, no mínimo 14 dias, o ideal seria 21", afirmou Nicolelis.
Na dúvida, a solução é testar para saber se foi contaminado ou se ainda está com Covid-19.
Testes de Covid-19
Para quem está em João Pessoa, pode fazer o teste RT-PCR antígeno, gratuitamente, oferecido pela Prefeitura, que anunciou para esta sexta-feira, a realização de testes para pessoas com sintomas gripais em sete pontos. No entanto, é preciso agendar, a partir das 19h do dia anterior à testagem pelo site www.vacina.joaopessoa.pb.go.br ou pelo aplicativo VacinaJP.
A testagem começa a ser realizada às 8h e vai até as 12h nos seguintes locais: Centro de Vivência da UFPB, USF Integrada Cruz das Armas I, USF Estação Saúde, USF Nova União, USF Alto do Céu Integrada e USF São José. Outra opção é o Centro Universitário Uniesp, na BR-230, das 17h às 21h.
Os infectologistas Eder Gatti e Raquel Stucchi afirmam que a vacina evita as formas graves da doença e os óbitos, mas não impede a contaminação. Assim como as máscaras de proteção, os indivíduos devem continuar com o distanciamento social e a higienização das mãos. Segundo eles, as melhores máscaras são aquelas que têm filtragem semelhante à da PFF2/N95, uma vez que filtram os aerossóis, tornando mais difícil a penetração do vírus.
Edição: Heloisa de Sousa