Esperança é a chave para permitir (e se abrir) à chegada do novo.
Por Casa Lua Cheia*
Há que se ter um quê de tristeza para parir
De desalento
Desencanto
Saudade
Tristeza não é amargura
nem mágoa
Tristeza é namoro com as entranhas da terra.
Intimidade com a finitude.
Há que se ter um quanto de raiva para parir
Gana
Energia
Vontade
Raiva não leva ao aniquilamento do outro
Mas à afirmação da travessia
E à coragem para o mergulho.
Há que se ter um tanto de beleza para parir
Suada
Desgrenhada
Torta e salgada
Beleza não é agradar ao outro
nem subserviência
É força-viva, momento-presente
Espelhar o mistério na chama do olhar.
E enfim, há que se ter, ah, há que se ter!,
Esperança para parir
Fé
Compaixão
Sororidade
Esperança não é ilusão
nem imaturidade.
Esperança é a chave para permitir
(e se abrir) à chegada do novo.
Reconhecendo nele, sempre, o milagre.
*Coluna assinada pela Casa Lua Cheia. Um coletivo de parteiras e aprendizes, espaço de cuidado e escola de parteria.
**Este é um artigo de opinião. A visão da/o autor/a não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato PB.
Edição: Heloisa de Sousa