“Cuidar das nossas mulheres é cuidar da existência do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD)”. Foi inspiradas por essa frase que o Coletivo Nacional de Mulheres do MTD está construindo a auto-organização das mulheres do movimento no estado da Paraíba.
"Somos um movimento nacional de trabalhadoras e trabalhadores que lutamos, primordialmente, pelas pautas concernentes à classe trabalhadora: o direito ao trabalho e renda, o direito à moradia digna, à democratização do acesso a cidade, à saúde, à educação, ao transporte público de qualidade, à dignidade humana nas pautas identitárias das mulheres, negras e negros, indígenas desterritorializados de suas terras originárias e ocupantes de áreas urbanas, dos povos ciganos, pela segurança alimentar e nutricional nas cidades paraibanas e brasileiras e por uma organização comunitária que construa a autodeterminação dos povos e comunidades urbanizados", afirma o MTD da Paraíba.
No ano de 2021, o MTD passou a compor, nacionalmente, o Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU). "Localmente, participamos como articuladora estadual e também com a participação das mulheres por nós acompanhadas nas comunidades das “Oficinas sobre Mulheres, Raça e Direito à Cidade”. Também no ano passado, participamos do curso “Direito à Cidade e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as Políticas Públicas em tempos de Covid-19”. Dessa forma, temos dado grandes passos no sentido do fortalecimento mútuo que essa grande articulação nacional tem nos permitido", explicou Bárbara Zen, dirigente do MTD na Paraíba.
Foi dessa forma que , entre os dias 20 e 21 de fevereiro de 2022, foi realizado no município de João Pessoa, a execução de uma iniciativa apoiada pelo Fórum Nacional de Reforma Urbana, pelo Habitat para a Humanidade Brasil e pelo Centro de Direitos Econômicos e Sociais (CDES – Direitos Humanos), intitulada “Mulheres compartilhando estratégias para a conquista do direito à cidade nas áreas de conflito urbano no estado da Paraíba”. Durante o encontro foi possível compor o Coletivo Estadual de Mulheres do MTD, que passa nesse momento a ser o espaço auto-organizado das mulheres do MTD. Agora, o Coletivo vai se reunir periodicamente para dar andamento à organização das mulheres nas comunidades periféricas do nosso estado.
"O objetivo geral da nossa proposta foi promover o encontro, o compartilhamento e a formalização de um diagnóstico a respeito das estratégias traçadas pelas coordenações comunitárias e pelos grupos auto-organizados de mulheres - em sua grande maioria de mulheres negras - nas comunidades acompanhadas por nós na luta por direitos.
Visualizamos que a execução de iniciativas como essa, possui uma ampla capacidade de impacto nas comunidades urbanas acompanhadas por nós, uma vez que parte da necessidade de identificação e fortalecimento das experiências concretas vivenciadas por essas mulheres no período recente", disse Bárbara.
Durante o evento, foi possível, segundo o MTD, identificar , a partir do acompanhamento das áreas de conflito ocupadas e coordenadas por essas mulheres, uma profunda necessidade para a criação de alternativas concretas que garantam a reprodução social da vida das comunidades, tratando os temas subjetivos que as tocam, mas que também abordando a materialidade da vida. "Em um momento da nossa História de retorno do país ao Mapa da Fome, de empobrecimento extremo dessas populações urbanas, de desmonte das políticas públicas e dos direitos cidadãos. Dessa forma, podemos inferir que ações com esse caráter possuem a capacidade de impactar profundamente as relações desiguais de classe, raça e gênero estabelecidas historicamente nas cidades paraibanas onde estão situadas essas comunidades e em nossa sociedade de forma mais ampla", concluiu a dirigente do MTD.
Edição: Heloisa de Sousa