Paraíba

IMPERDÍVEL

Cátia de França faz show gratuito neste sábado (26) em João Pessoa

A apresentação será no palco do Teatro Paulo Pontes, a partir das 20h, dentro da programação do Mês das Mulheres

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Cátia de França
Cátia de França é uma das artistas mais importantes da Paraíba - Divulgação

Neste sábado, dia 26, às 20h, Cátia de França vai se apresentar no palco do Teatro Paulo Pontes, em João Pessoa, gratuitamente. Ela fará show dentro da programação do Mês das Mulheres, do Governo do Estado da Paraíba. A cantora e compositora paraibana mostrará canções que marcam sua trajetória. A distribuição de ingressos para o show será no próprio sábado, na bilheteria do Teatro Paulo Pontes (a partir das 14h até o início da apresentação).

Cátia de França tem 75 anos e saiu da Paraíba em busca de mostrar sua arte pelo Brasil afora quando tinha apenas 19 anos. Tem em sua bagagem um encontro de letras, sons e sonhos. Suas canções já foram gravadas por grandes nomes da MPB, como Elba Ramalho, Amelinha e Xangai. Tem 6 discos gravados: 20 Palavras ao Redor do Sol (1979), Estilhaços (1980), Feliz  Demais (1985), Avatar (1996), No Bagaço da Cana: Um Brasil Adormecido (2012) e Hóspede da Natureza (2016). Essa mulher forte representa bem o momento político que estamos vivendo, na necessidade de resistir a preconceitos e ao ódio, “mas com o poder do humor” e da arte.

Cátia de França é filha da primeira professora negra do estado da Paraíba, a Adélia de França. "Minha mãe era uma figura irrequieta para a época, as pessoas que me dizem, andava bem vestida, morava na Rua da República, depois Rua da Pedra, ensinou em Itabaiana, Rio do Peixe, Pedras de Fogo, Guarabira. No entanto, as pessoas acessavam a internet e não tinha nada sobre minha mãe, aí uma universitária daqui de João Pessoa, Simone Cavalcanti, pesquisou sobre ela e passaram a saber quem era ela. Eu estou trabalhando para que essa dissertação seja publicada com a história dela! Tem uma escola aqui em João Pessoa, em Valentina, com o nome dela, mas não tem a foto dela. Era para ter um pôster dela para as crianças saberem quem era ela. Por que meu trabalho é todo em cima de livros? Porque mamãe me deu livros, eu me lembro faltava manteiga, mas não faltava livros, então essa era a figura revolucionária", disse Cátia sobre sua mãe.

::Entrevista | A força negra da compositora paraibana Cátia de França::

A cantora e compositora negra lembra que foi a primeira mulher a tocar guitarra na Paraíba e fala sobre a existência do racismo no Brasil. "O racismo é algo muito visível. Há um movimento de amordaçar o povo negro. Na música também tem preconceito.  Quando isso vem à tona e é publicado, não tem como esconder mais, não tem como segurar esse grito, uma coisa do povo negro com a ajuda dos orixás e dessa gana de sobreviver. Então está latente!", desabafa.

Muitos jovens têm redescoberto Cátia de França e ela atribui esse fenômeno à internet. "Onde eu chego predomina só jovens cantando junto. Então a internet me colocou de novo no topo, enquanto que a mídia burra quer me amordaçar porque não interessa uma meia dúzia que tem na mão o monopólio da mídia, a eles não interessa uma negra, com ideias de esquerda, lésbica e de macumba, não querem, é muita minoria em cima, então a internet que me colocou no meu devido lugar, onde merecidamente eu teria que estar" conclui Cátia.

Desde 2005, Cátia de França mora em São Pedro da Serra, na cidade de Friburgo, na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro. Em 2005, lançou o CD “Cátia de França canta Pedro Osmar”, interpretando músicas de Pedro Osmar. De lá para cá, também lançou os discos ‘Hóspede da natureza’, ‘No bagaço da cana um Brasil adormecido’ (com repertório composto a partir de textos de José Lins do Rego) e ‘Retratando boias-frias’, com acompanhamento da Orquestra Sinfônica Arte Mulher. Já em 2017, Cátia se apresentou ao lado da Orquestra Sinfônica da Paraíba, no Teatro Pedra do Reino, em João Pessoa. Como escritora publicou cordéis, como ‘A Peleja de Lampião Contra a Fibra Ótica’ e ‘Saga de Zumbi’, que foi publicado em oito volumes; e livros de temática infanto-juvenil, como ‘Falando da natureza naturalmente’. Lançou também os livros ‘Manual da Sobrevivência’ e ‘Cátia de França: A vida na prosa rimada, a alma livre nos versos” e ainda, “Acredito que o mundo será melhor’.

Então não perde a oportunidade de assistir a força negra da compositora paraibana Cátia de França neste sábado, no Teatro Paulo Pontes, em João Pessoa, a partir das 20h.

Edição: Heloisa de Sousa