‘Tem Calunga Chamando - Dez anos do grupo As Calungas’ vem para celebrar a trajetória de resistência do grupo de mulheres na percussão na cidade de João Pessoa.
“A ideia é trazer um pouco desse caminho cultivado por muitas mãos: das mestras que tivemos o prazer de compartilhar experiências, das mulheres que participaram de nossas oficinas de percussão e que nos ensinam a cada conquista por elas alcançadas, pelas manifestações culturais afro-brasileiras que são o norte de nossa estrada”, explicam elas.
A apresentação, destinada ao público em geral, trará composições autorais (algumas delas inéditas), tanto das mulheres do grupo quanto de outras parcerias. Serão interpretadas ao som da ciranda, coco, cacuriá, maracatu, ijexá e outros ritmos da cultura popular.
São 10 anos de existência e de resistência, e também tem felicidade, coisas boas que a gente já conseguiu fazer nesse tempo
“No show traremos canções que permeiam o nosso universo: o feminino, os festejos populares, o sagrado. Para além da experiência sonora, traremos também elementos visuais como indumentárias, ornamentação, dança e interpretação, para que o espectador/a consiga captar a energia e a alegria da força percussiva de ser mulher”.
O evento acontece nesta quarta-feira (30), às 19h, no Teatro Santa Roza. Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 20 inteira e R$ 10 meia por meio do link aqui.
O Brasil de Fato PB conversou com Priscilla Fernandes, integrante das Calungas, para falar sobre uma década de batuques femininos e resistência cultural.
Brasil de Fato: São 10 anos do grupo, de shows e oficinas, como está sendo a comemoração?
Priscilla Fernandes: Sim, já são 10 anos de grupo que estamos comemorando. É um marco de um trabalho totalmente independente. A gente sabe que trabalhar com a cultura popular não é fácil, é um trabalho de resistência mesmo, e não é diferente com a gente. Então foi um trabalho de formiguinha desde o início, dentro desses 10 anos. A gente tem um projeto muito importante aqui na cidade (João Pessoa) são oito anos do Bloco das Calungas, com oficinas das Calungas, e este é nosso projeto maior. Assim a gente recruta as mulheres na percussão e faz aquele trabalho de oficinas, que cada ano vem se fortalecendo mais.
Mas em relação aos 10 anos de grupo, é essa resistência desse grupo independente. Inclusive a gente vai gravar esse DVD quer dizer, DVD é modo de dizer porque a gente não vai ter um material físico, mas vamos gravar esse show. Esse trabalho só está sendo possível porque a gente foi contemplada na Lei Aldir Blanc
BdF: Como será o show, o que o público pode esperar?
P. F: Será um show com músicas autorais, com ritmos variados, que a gente está acostumada a trabalhar, como coco, ciranda, samba, cacuriá, maracatu, tudo o que a gente vem trabalhando todos esses anos, então música totalmente autoral.
Tudo produção nossa, porque quem está no grupo não é só música, a gente faz toda parte. Somos as tutoras para ministrar essas oficinas e nós que somos nossas próprias produtoras. Então esse DVD também é totalmente independente, e dentro do grupo tem as mulheres que são mais ativas mesmo, que tomou a frente, a liderança, e tem as outras que ficam mais colaborativas, ou só na parte musical.
BdF: Muita coisa boa para comemorar e para lembrar em dez anos de existência?
P.F: São 10 anos de existência e de resistência, e também tem felicidade, coisas boas que a gente já conseguiu fazer nesse tempo. Por exemplo, participamos do Festival de Artes de Areia e abrimos o show para Elba Ramalho. Também fizemos participação no show de Cátia de França, no Mês das Mulheres, pela Funesc.
Também no Mês das Mulheres, pela Funesc, a gente participou acompanhando Sandra Belê, fizemos toda a parte de percussão. Outra coisa importante foi quando a gente recebeu o convite para tocar com Saulo Fernandes no Fest Verão, ele com toda a humildade quis chegar aqui respeitando o que era daqui da Paraíba, então convidou o grupo para participar do show dele, e foi muito massa. Fora a luta e a resistência diária né que faz parte do papel das mulheres normalmente, mas também tem essas alegrias aí no caminho.
Eu estou desde o início, sou a única fundadora e idealizadora que ainda permanece no grupo nestes 10 anos, estou presente desde a primeira formação, desde o iniciozinho, mas ainda tem mais duas, que são Monalisa e Mel, então para a gente, a sementinha que plantou lá atrás está fazendo 10 anos.
É muita coisa, muita história vivida, muita coisa boa, muita vivência e sabedoria que esse projeto trouxe para a gente. Esses contatos com as mestras da cultura é muito importante para o nosso crescimento, o grupo só fez crescer de lá para cá e sempre com a força feminina porque muito desse crescimento vem devido a nós, o nosso projeto de bloco e de oficinas. Então cada ano se fortalecendo mais e fortalecendo o grupo.
Edição: Heloisa de Sousa