Paraíba

DIREITOS DOS ANIMAIS

Chacina de gatos no Mercado Central: PMJP não realiza ações pelo 'Abril Laranja'

Campanha nacional dedica o mês de Abril à conscientização e prevenção aos maus-tratos dos animais

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Ilustração - Card: Reprodução

A vereadora Fabíola Rezende (PSB) denunciou na manhã da terça-feira (19/04) mais um crime cometido contra os animais ocorrido na última sexta-feira (15) no Mercado Central, na capital paraibana. 

Em pronunciamento na sessão da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), ela apontou e repudiou a matança de mais de dez gatos no principal espaço de feira livre da cidade, que foram mortos e esquartejados com requintes de crueldade.

Vereadora denuncia chacina de gatos e cobra ação do Centro de Zoonoses e realização de campanhas contra crueldade animal
 

“A gente ficou muito triste e abalado com o que aconteceu no Mercado Central. Houve uma chacina lá que, da mesma forma que ocorreu com os animais, também poderia e pode ocorrer com pessoas que frequentam ou trabalham naquele local”, denunciou Fabíola Rezende.

A vereadora relatou que seu João do Milho, muito conhecido no Mercado Central, foi ameaçado de morte e, ao tomar conhecimento, saiu do local. O autor das ameaças então, “por saber que seu João do Milho, que alimenta aqueles animais no Mercado Central, de forma brutal e por vingança, matou e esquartejou mais de dez gatos” que eram cuidados pelo ameaçado. E acrescentou: “Imaginem esses animais morrendo, agonizando, sofrendo, da forma como foram mortos”.

Fabíola Rezende lembrou que os animais sentem dores iguais aos seres humanos. Ela cobrou providências das autoridades e pediu que a população denuncie os maus-tratos aos animais. Ela lembrou que a chacina dos animais acontece justamente no ‘Abril Laranja’, mês dedicado à conscientização e à prevenção aos maus-tratos dos animais.

A parlamentar destacou que o fato precisa impactar de tal forma a sociedade para que se perceba a urgência de se colocar em prática políticas públicas para a causa animal. “Peço que possamos nos unir diante do que está acontecendo, para que a gente realize uma castração em massa de animais. Talvez, para o poder público isso possa parecer difícil, mas não é. É uma questão de se administrar a situação, procurar as ongs os protetores que estejam dispostos, que realmente defendam a causa”, afirmou.

Embora compreenda a impossibilidade de oferecer um lar para cada animal em situação de rua em João Pessoa, Fabíola insistiu que a castração em massa pode ser uma solução viável e sugeriu que o poder público, principalmente a Prefeitura de João Pessoa (PMJP), disponibilize um local de apoio para o pós-operatório dos animais. “É preciso castrar, marcar esses animais através de chip ou outro método e colocá-los de volta ao habitat natural deles. Porque há pessoas de bom coração, como Seu João do Milho, que alimentam e monitoram esses animais”, reforçou.

Ausência de Campanhas de conscientização

Fabíola também se queixou da ausência de campanhas de conscientização por parte da prefeitura pessoense ao que se refere ao ‘Abril Laranja’, mês da prevenção contra a crueldade animal. “Se temos um órgão que deveria estar funcionando de forma a chamar a atenção para a causa animal seria a Coordenadoria do Bem-estar Animal e Ambiental, da prefeitura”, disse. Ela ainda lembrou que o Centro de Zoonoses tem sido criticado pela falta de vagas, em função da alta demanda concentrada por castrações de cães e gatos.

“É aí que vem a questão das ongs e dos protetores independentes se unirem de verdade para a gente ter um local para cuidar dos animais no pós-operatório”, acrescentou. União, para a vereadora, é fundamental: “Se os representantes da causa animal não se unirem de forma tal para combater tudo isso que está acontecendo, fica difícil para uma pessoa só combater. E ninguém faz nada sozinho”.

Na sessão, o vereador Marcos Henriques (PT) apoiou o pronunciamento da colega Fabíola: “Muita gente não cria um animal por uma questão financeira, porque sabe que o veterinário é caro, e, de repente, se você tem um poder público que possa dar essa mão, a gente ia ter um acolhimento melhor por parte das pessoas que têm compaixão e que gostam de animais”.

Abril Laranja - campanha de combate à crueldade contra os animais

Para muitas pessoas, os pets são considerados seus melhores amigos. Entretanto, enquanto animais ocupam um lugar especial em muitas casas, outros sofrem com o abandono e diversos tipos de maus-tratos. Para incentivar o combate à crueldade contra os animais, o mês de abril conta com a campanha Abril Laranja.

Além do abandono e da violência física, também se considera maus-tratos:
-Manter animal preso em local inadequado;
-Não prover alimentação ao animal;
-Submeter animal a tarefas exaustivas;
-Expor animal a situações que possam causar pânico ou estresse;
-Captura e venda de animais silvestres e exóticos.

Denuncie maus-tratos

De acordo com a Lei 9.605/98, artigo 32, é crime praticar maus-tratos contra animais domésticos, silvestres, nativos ou exóticos. Para denunciar casos de crueldade contra animais, as queixas podem ser feitas por meio do Ministério Público ou IBAMA, que encaminharão às delegacias competentes mais próximas. Também podem ser realizadas nas Delegacias de polícia ou pelo número 190, da Polícia Militar.

“Devemos agir imediatamente em defesa dos animais e denunciar o agressor. As providências são em qualquer situação, mesmo que o animal ‘pertença’ a um parente, vizinho ou desconhecido”, pontua a coordenadora do curso, profa. Juliana Almeida.

Dados do abandono

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, só no Brasil, existam mais de 30 milhões de animais abandonados. Entre esses animais, cerca de 10 milhões são gatos e 20 milhões são cães. Em cidades de grande porte, há um cachorro para cada cinco habitantes, sendo 10% referente a animais abandonados. Já em cidades menores, a situação não é muito diferente e, em muitos casos, o número de animais de rua chega a 1/4 da população humana.

Com informações: olharanimal.org/
 

Edição: Heloisa de Sousa