Paraíba

AGRICULTURA

28 de Julho: Dia do Agricultor e da Agricultora brasileira

“Agricultura Familiar e Camponesa produz 77% de todo o alimento do povo brasileiro”, afirma Censo Agropecuário

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
José de Moraes, Agricultor do Sitio Pinhão, que fica em São José de Espinharas (PB) - Foto: Arquivo Pessoal

O dia 28 de julho se celebra o agricultor e a agricultora brasileira, profissionais do campo que lutam e resistem todo dia pela terra e cuidados do solo. De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, a agricultura familiar no Brasil é a maior produtora dos alimentos do país. Os agricultores e agricultoras tem a terra como principal fonte de sustento, respeitando o solo e usando técnicas de manejo que são passadas de geração para geração. O censo ainda aponta que a agricultura familiar é responsável por empregar 10,1 milhões de pessoas e corresponde a 23% da área de todos os estabelecimentos agropecuários.

 
No Sertão da Paraíba a agricultura familiar tem uma grande importância, ainda cultivando tradições e manejos agroecológicos que não agridem o solo e as vegetações. O agricultor José de Moraes tem 62 anos e reside no Sitio Pinhão, no município de São José de Espinharas, onde trabalha no campo plantando feijão, hortaliças e milho para vender nas feiras agroecológicas da cidade. Seu ‘Zé Nilton’, como é conhecido, ainda é presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais locais e fala sobre a importância do trabalho realizado no campo. “ Eu trabalho na agricultura desde menino, faz 52 anos, plantando de tudo: milho, feijão, gergelim, algodão, verduras orgânicas – alface, coentro, cebolinha, pimentão -, e frutas como mamão, acerola, e tudo isso eu produzo e vendo na cidade, nas feirinhas ecológicas. Eu acho que o agricultor e a agricultora são importantes para o país porque se a gente não existisse a cidade não ia funcionar. Quem ia produzir os alimentos?”, questiona.


José de Moraes e sua filha Edna, vendendo os alimentos produzidos na Feira Agroecológica da cidade / Foto: Arquivo Pessoal

Já a agricultora Roselita, assentada há dezesseis anos pela Reforma Agrária no Município de Remígio, conta que a luta pelos direitos dos agricultores e agricultoras fizeram parte de sua trajetória, e relata a importância da agricultura familiar no seu assentamento. Roselita também participa da Coordenação Política do Polo Sindical da Borborema. “Quem produz alimentos para a mesa das pessoas é a agricultura familiar, é ela que produz a diversidade e é ela que, inclusive, mantem a diversidade que temos tanto vegetal quanto animal, mas também uma agricultura que, pelo menos aqui no Polo da Borborema, constrói tudo em bases agroecológicas, produzindo alimento, mas também vida, preservando a natureza, nessa relação humana e solidária entre a terra e as pessoas”, esclarece Roselita.

 
Ainda de acordo com o Censo Agropecuário, são esses agricultores e agricultoras ligados a agricultura familiar e campesina que são responsáveis por produzir cerca de 70% do feijão nacional, 34% do arroz, 87% da mandioca, 60% da produção de leite, 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos. A maior diferença entre o agricultor e agricultora familiar para o agronegócio é que esses primeiros dependem da terra para sua sobrevivência. A luta pelo direito a terra ainda é incansável nesse país e entra em desacordo com os interesses de agropecuaristas e empresas agrícolas. “ Nossa agricultura é importante na construção da soberania dos nossos territórios, e podemos provar com isso que temos a força para construir territórios com soberania e segurança alimentar, produzindo alimentos agroecológicos  e de baixo custo, inclusive para a população mais pobre desse país, e também lembrar que boa parte desses produtos vem das mãos das mulheres, das agricultoras, dos quintas, das hortas caseiras, é sempre importante lembrar do papel da mulher nesses espaços e reafirmar e fortalecer a visibilidade dessas agricultoras”, afirma Roselita


É importante ressaltar que a maior parte dos incentivos do governo para a agricultura estão concentrados no setor agrícola industrial e pouco crédito é disponibilizado aos pequenos agricultores. Uma realidade que precisa urgentemente ser modificada. “A agricultura familiar vem passando por períodos turbulentos no atual governo, com falta de investimentos e ações que fortaleçam a agricultura familiar, precisamos modificar isso”, pontuou Roselita. 

Edição: Polyanna Gomes