Em defesa da democracia brasileira e de justiça social, centenas de pessoas saíram às ruas da Paraíba na manhã desta quarta-feira, 7 de setembro, para participar da 28ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas. Neste ano, a mobilização nacional foi conduzida sob o lema “Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?” e o tema “Vida em Primeiro Lugar”.
Em Campina Grande, a manifestação ocorreu na Praça Clementino Procópio, no centro da cidade, e reuniu estudantes, trabalhadoras e trabalhadores, políticos, representantes de pastorais sociais da Igreja Católica, sindicatos e militantes de movimentos populares do campo e da cidade. De acordo com Roberto Jefferson, membro da Coordenação das Pastorais Sociais e coordenador do Fórum Pró Campina, o protesto foi construído de forma participativa e unitária e provou, mais uma vez, que a cidade está mobilizada em torno da luta por uma sociedade justa, solidária e com plena liberdade democrática.
“O Grito dos Excluídos e Excluídas é realizado hoje em várias partes do Brasil e já é uma tradição da organização popular aqui em Campina realizar o Grito no dia 7 de setembro. O ato de hoje foi importantíssimo para justamente questionar que tipo de independência é esta e que tipo de país nós temos, de uma brutal exclusão social, onde a fome, o desemprego, a carestia aumentaram absurdamente e onde as ameaças fascistas e os ataques à democracia e às instituições vem se repetindo”, pontuou.
Logo na abertura, o ato contou com uma celebração ecumênica com a presença de líderes evangélicos, católicos e de religiões de matriz africana. Em seguida, munidos de faixas, cartazes, bandeiras e instrumentos musicais, os manifestantes realizaram apresentações culturais e defenderam o direito à terra, teto e trabalho para toda população.
“O Grito tem esse objetivo de lutar pelo direito à voz e à igualdade. De defender os direitos das populações vulnerabilizadas, de construir e lutar pela soberania e organização popular, de denunciar as injustiças e, também, de ocupar os espaços públicos para que a classe trabalhadora também intervenha na luta pelos direitos”, explicou a dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Dilei Schiochet.
Ainda durante o ato, os agricultores familiares do MST compartilharam alimentos agroecológicos com a população presente, em especial as famílias de moradores da ocupação Luiz Gomes, do bairro Jardim Paulistano. Além de melancias totalmente livres de agrotóxicos, os manifestantes distribuíram o iogurte produzido pela Cooperativa de Produção e Comercialização dos Caprinocultores e Ovinocultores do Curimataú (Coopac), do assentamento Che Guevara, que fica no município de Casserengue.
Segundo Dilei, o propósito da iniciativa foi “trazer à tona o tema da fome, da produção de alimentos saudáveis, da agroecologia e da reforma agrária”.
“Hoje, aqui em Campina Grande, nós partilhamos uma das nossas experiências de agroindústria, partilhando 50 litros de iogurte de leite de cabra. Um leite extremamente importante para a vida do semiárido e o que mais se assemelha ao leite materno. Com isso, nós dizemos: venha conhecer o MST, que o MST produz alimento, produz vida e produz existência”, concluiu a militante.
Patos
Em Patos, no sertão paraibano, o 28º Grito dos Excluídos e Excluídas foi realizado na Praça Edivaldo Motta, no centro da cidade.
Para demonstrar a força e solidariedade do povo em um país com mais de 33 milhões de pessoas obrigadas a conviver diariamente com a fome, o ato foi aberto com um café da manhã em que foram oferecidos sucos, frutas e pães à população.
Durante a manifestação, lideranças políticas e representantes de movimentos populares discursaram sobre a luta contra a miséria e o desemprego, e em defesa de uma vida digna e da democracia brasileira. O evento foi encerrado com uma caminhada até a Catedral de Nossa Senhora da Guia, onde os manifestantes foram abençoados e despedidos pelo Padre Sebastião Gonçalves da Silva.
*reportagem produzida com colaboração de Carla Batista, do setor de comunicação do MST-PB
Edição: Maria Franco