Com menos de duas semanas para as Eleições 2022, a soma total de recursos de campanha recebidos por candidaturas de pessoas brancas na Paraíba é quase três vezes maior que a de pessoas pretas, pardas e indígenas. Enquanto candidatas e candidatos brancos receberam, no total, cerca de R$ 58,3 bilhões, candidatas e candidatos pretos, pardos e indígenas juntos não ultrapassaram os R$ 29,4 bi.
Os dados são do Monitor das Desigualdades Raciais nas Eleições de 2022, ferramenta digital criada pelo Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (GEMAA) do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp/Uerj) para aferir as desigualdades raciais nas eleições de 2022. Além da soma total dos recursos, o monitor também apresenta a média de recursos para campanha recebidos por candidatas e candidatos a partir de recortes de raça e gênero.
Ao calcular a média de recursos por raça, por exemplo, a ferramenta aponta que, na Paraíba, as candidaturas de pessoas brancas receberam, em média, R$ 190,6 mil. Já as candidaturas de pessoas pretas, pardas e indígenas, receberam, em média, R$ 67,7 mil.
As desigualdades ficam ainda mais graves quando se inclui o marcador de gênero na pesquisa. A soma total dos candidatos brancos chega a ser a mais de quatro vezes maior que a soma total das candidatas pretas, pardas e indígenas. Enquanto os primeiros contaram com R$ 44,9 bilhões em investimento de campanha, a soma de todos recursos destinados às últimas ficou na casa dos R$ 10,9 bi.
A soma dos recursos destinados a candidatos brancos também foi mais que o dobro da soma total investida em candidaturas de homens pretos, pardos e indígenas, que ficou na faixa de R$18,4 bi. Neste ponto, vale destacar que, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que os homens e mulheres pardas constituem a maioria das candidaturas na Paraíba em 2022, com 45% das 752 candidaturas registradas no estado.
Os homens brancos também saem na frente quando se calcula a média de recursos recebidos por cada candidato. De acordo com o monitor, os candidatos brancos paraibanos receberam, em média, R$ 221,5 mil. Em seguida vem as candidatas brancas, com média de R$129,6 mil, as candidatas pretas, pardas e indígenas, com R$ 74,8 mil e os candidatos pretos, pardos e indígenas, com R$ 64,2 mil.
De acordo com o GEMAA os dados do Monitor das Desigualdades são obtidos a partir de “raspagens semanais” do sistema DivulgaCand, mantido pelo TSE. Os criadores do monitor ressaltam que, como os dados dependem da declaração de recursos recebidos e gastos por cada campanha, eles devem ser lidos e interpretados como estimativas parciais não consolidadas.
Além da busca por estados, a ferramenta permite filtrar os resultados para que os gráficos mostrem apenas as informações de determinados partidos e cargos.
Estatísticas
De acordo com o TSE, das 752 candidaturas registradas na Paraíba, 66% são representadas por homens (495) e 34% por mulheres (257). Em relação ao recorte de raça, 45% das pessoas que se candidataram se declararam como pardas (340), 41% como brancas (311) e 13% pretas (97). Apenas três candidaturas indígenas e uma amarela foram registradas no estado.
Ainda segundo o TSE, mais de três milhões de paraibanos e paraibanas estão aptos a votar em 2022. Deste total, 53% são mulheres e 47% são homens. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população da Paraíba é composta por 2,4 milhões de pessoas que se declaram como pardas, 1,2 milhão como brancas e 334 mil como pretas.
Edição: Maria Franco