Eram entre duas e três horas da tarde do domingo (25), quando R.M estava passeando com seu cachorro na rua que fica paralela a um Restaurante no bairro de Manaíra quando viu, na parte de trás do estabelecimento, rua que dá acesso à área de serviço, uma mulher que trabalha no Restaurante acenando com uma camisa vermelha, e um homem branco, de meia idade, se aproximando dela.
“Ele chegou dançando, disfarçando, quando, do nada, partiu para cima da mulher. Eu cruzei a rua em disparo, nem pensei, para auxiliar a mulher em questão. Ela tentou entrar pela porta de serviço no restaurante e o homem já tava em cima dela, e foi exatamente o momento em que eu cheguei, e o meu cachorro latiu, no que ele recuou. Ele ficou com bastante medo do meu cachorro porque viu que a agressão dele ali, naquela situação, não iria sair impune. E ele começou a ameaçar a gente, pôs a mão no bolso e disse que estava armado e ficou pedindo para tirar o cachorro de perto”, conta ele.
Assista aqui o vídeo da agressão: https://www.youtube.com/watch?v=OL8mSTYIkS8
João, funcionário do Restaurante também interviu: “Ela tava com a blusa do outro partido e o cara arrodeou e tentou rasgar a blusa dela. Mas só que nós vivemos uma democracia, e cada um tem o seu partido”, comenta o funcionário.
A vítima é a Auxiliar de Cozinha, Cláudia S., mulher negra, de 40 anos, que conta ao BdF o que aconteceu: “Eu estava no meu intervalo com uma camisa do Lula, quando a carreta passava, eu fazia o ‘L’ de Lula, e eles ficavam com raiva. Então teve um que arrodeou a rua, veio por trás me agredir. Ele queria rasgar minha camisa dizendo que eu estava provocando, mas eu não estava provocando. Ele queria vir para cima de mim, pegou no meu braço querendo rasgar minha roupa, aí eu peguei no pescoço dele dizendo que ele não iria rasgar minha roupa porque eu tinha o direito de vestir a roupa que eu quisesse. Eu tenho liberdade de estar com a camisa do Lula, ou seja lá de quem for”, conta ela.
O 'cidadão de bem' estava vestido com camisa escrito 'Bolsonaro' e continuou falando que estava armado, com a mão dentro do bolso e dizendo que iria matá-la. Em seguida, o homem pegou uma pedra e ficou ameaçando jogá-la nas pessoas, repetindo que estava armado e que iria atirar.
Foi aí que os outros funcionários do restaurante vieram auxiliar, afastando-o do local, e ele continuou ameaçando matar as pessoas.
Em seguida, o homem se perdeu na multidão da passeata e não se teve mais mais notícia dele.
A vítima não pretende dar queixa do ocorrido.
Edição: Maria Franco