Um tumulto envolvendo reitor Valdiney Gouveia e estudantes do campus, aconteceu nesta sexta-feira (30), durante reunião do Consuni, no prédio da reitoria da UFPB.
Os ânimos começaram a se inflamar porque os estudantes pediram aos professores (e foram autorizados) a usarem o microfone.
As estudantes queriam denunciar o fato ocorrido no dia anterior (quinta-feira, 29), envolvendo quatro alunas do CCTA, que foram abordadas de forma truculenta por um assessor pessoal do reitor, dentro do campus, e cercadas por quatro seguranças que as intimidou e ameaçou.
As estudantes portavam material de campanha para uso pessoal e estavam atravessando o campus, até o Centro ao qual fazem parte. O servidor, conhecido por Oriel, abordou as alunas de forma grosseira, chamou quatro seguranças, forçando-as até mesmo a retirar os adesivos, bandeirinhas e bonés.
As alunas quiseram trazer o caso explícito de violência política sofrida por elas dentro da universidade para o debate no Conselho Superior, mas o reitor se negou a debater sobre o assunto e encerrou a sessão abruptamente.
Imediatamente ele tentou se retirar do espaço, ao passo que foi impedido pelos estudantes. Os seguranças da Universidade começaram a usar a força bruta contra os estudantes, e o reitor, escoltado, saiu correndo do local.
“Alguns professores cederam seu espaço de fala para os alunos, e eu fui uma das alunas que falei (no microfone) porque fui uma das vítimas que sofreu com Oriel, a abordagem dele, querendo retirar da gente os nossos adesivos, as bandeirinhas e os bonés, então os professores cederam suas falas para a gente”, explica a estudante L.F.
Outros alunos estavam mobilizados com cartazes e faixas em apoio a inserção do dossiê contra a intervenção de Valdiney na UFPB na pauta da reunião. O dossiê vem procurando fundamentar o Consuni para pautar a destituição do atual reitor. A mobilização era para pressionar o conselho a apreciar o relatório feito pela comissão contra a intervenção da UFPB. Somando a isso, veio à tona o caso das quatro estudantes.
Segundo o presidente da Adufpb, Cristiano Bonneau, as estudantes sofreram intimidações e ameaças no dia anterior: “Entendemos que esse tipo de situação, que pode levar a uma violência maior do que foi, é inconcebível e é o resultado desse processo intervencionista, de um reitor que não possui legitimidade política de sua comunidade universitária para governar. Valdiney não foi uma escolha da UFPB. E o direito de manifestação política é legítimo de toda a comunidade universitária, que respeita a legislação eleitoral mas que não coaduna com esse tipo de arbitrariedade. Toda solidariedade da ADUFPB às vítimas da violência desnecessária e gratuita ocorrida nessa abordagem e na reunião do Consuni hoje. Universidade é a antítese da violência”.
Sobre a abordagem às alunas, o reitor expressou, na reunião do Consuni, que tinha 72 horas para falar sobre o assunto, mas os estudantes insistiram para falar naquele momento, no que o reitor encerrou a sessão e se dirigiu para fora da sala.
“A gente está vivendo uma forma mesmo real de censura, é isso que a gente está vendo na faculdade, e esse medo que está cercando os alunos porque a gente não pode mais colar um adesivo no corpo. E ele (Oriel) simplesmente se sentiu no direito de sacar o celular, já desceu do carro com celular em mãos, tirando fotos da gente, dizendo que ia botar a imagem da gente no TRE porque o que a gente estava fazendo era errado. E aí, depois de um tempo, os seguranças falaram ou vocês guardam ou a gente toma”.
O material de campanha era para uso pessoal, e inclusive era para levar para o interior, para a casa de uma das estudantes.
“Eu peguei para levar para minha cidade, onde eu estarei daqui a um tempinho, para votar lá e aí lá não tem essa distribuição. Eu tentei dizer isso e ele simplesmente ignorou a gente de uma forma muito grossa, com o celular no rosto, dizendo que ia mandar para o TRE”, conta a estudante.
“Demos sorte de uma professora está passando no momento, e nos deu carona para o CCTA, o nosso prédio, e depois disso entramos em contato lá com a direção do nosso centro. Também abrimos um boletim na delegacia da Mulher, para prestar registro”.
Edição: Maria Franco