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Fome cresceu 73% em dois anos no Brasil: desde 2020, os números de vulneráveis vêm aumentando

Paraíba apresentou menor índice de pessoas em situação de insegurança alimentar moderada ou grave do Norte e Nordeste

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Reprodução - Card: Reprodução

A Fome cresceu 73% em dois anos no Brasil. Desde 2020, o número de pessoas que não têm o que comer saltou de 19 milhões para 33 milhões.

A velocidade com que esse número cresce no país, um aumento de 73,3% em dois anos, tem chamado a atenção do mundo.

Um Inquérito da Vigisan (Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil), divulgado em setembro de 2020 mostrou que 37,8% dos domicílios brasileiros onde moram crianças enfrentam insegurança alimentar grave ou moderada

Neste ano de 2022, a pesquisa Olhe para a Fome contou 33,1 milhões, ou 15,5%, de toda a população, vivendo com a angústia de ter o prato vazio, dia após dia. Em 2020, eram 19,1 milhões nessa triste situação: a velocidade com que esse número cresce no país, um aumento de 73,3% em dois anos, tem chamado a atenção do mundo.

A Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan), responsável pelo levantamento, afirma ainda que “a continuidade do desmonte de políticas públicas, a piora na crise econômica, o aumento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia da Covid-19 mantiveram mais da metade (58,7%) da população brasileira em insegurança alimentar, nos mais variados níveis de gravidade”. Insegurança alimentar é a condição em que a pessoa não tem acesso pleno e permanente a alimentos, em que a fome é a forma mais grave.

Em 21,8% das casas de pequenos agricultores, que são exatamente produtores de comida, a fome está presente.

Faces mais cruéis

O exame detalhado do estudo revela dados ainda mais cruéis desse diagnóstico social. Enquanto no Brasil, como um todo, são 30,7% das pessoas em situação de insegurança alimentar moderada ou grave, esse índice salta nas regiões Norte (45,2%) e no Nordeste (38,4%), na população negra (65%) e nos lares comandados por mulheres (64,1%), bem como naqueles localizados em zonas rurais (60%). Num país com esse desequilíbrio, em 21,8% das casas de pequenos agricultores, que são exatamente produtores de comida, a fome está presente.

A insegurança alimentar também está relacionada diretamente ao tempo de educação formal: a fome existe em 22,3% das famílias cujos responsáveis puderam estudar no máximo por quatro anos. No sentido contrário, 54,6% dos domicílios em que não falta comida, os ou as chefes da família tiveram a chance de frequentar a escola por oito anos ou mais.

Salário mínimo

Em 91% dos lares com insegurança alimentar (43% dos quais com a presença da fome), a renda por pessoa não alcança 25% do salário mínimo. Por outro lado, em 67% das casas em que a renda atinge um salário mínimo, a família consegue pleno acesso a alimentos – ou seja, há situação de segurança alimentar.

A pesquisa Olhe para a Fome identificou que o reajuste do salário mínimo abaixo da inflação, como tem ocorrido várias vezes desde 2017, tem aprofundado a miséria no Brasil: se em 2020 não havia fome em domicílios com renda per capita de pelo menos um salário, nessa faixa de renda já são 3% os que convivem com a fome e outros 6% que tiveram que reduzir o acesso aos alimentos.

A Paraíba apresenta menor índice do Norte e Nordeste

A segunda etapa do Vigisan (Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil), divulgada hoje, mostra que a Paraíba é o estado com menos pessoas em situação grave de fome no Norte e Nordeste do país. 

De acordo com o levantamento, a Insegurança Alimentar na Paraíba é de 33,8% em casas com crianças. O Ceará, por exemplo, tem um percentual de 51,6%. 

O resultado do inquérito, com a Paraíba em situação menos grave, pode ser atribuído a programas sociais como o ‘Tá na Mesa’ e ‘Prato Cheio’, que oferecem refeições diária para pessoas em situação de vulnerabilidade social. A ação ocorre desde o início da pandemia de Covid-19.

O Inquérito mostrou que 37,8% dos domicílios brasileiros onde moram essas crianças enfrentam insegurança alimentar grave ou moderada, ou seja, passam fome ou têm uma dieta insuficiente. O percentual é 7 pontos maior do que a média nacional, de 30,7%, quando levados em conta todos os domicílios.

Com informações da CONTRAF - CUT


 

Edição: Maria Franco